quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Djair Apaixonado

      Dia destes, com a simples intenção de provocar, sei o quê, sei lá quem, talvez a mim mesmo, talvez a tentar entender aquela sensação de melancolia que me possuía e fazia desejoso de abraços e carinhos, como se tivesse sono, como se tivesse fome, como se amasse... postei no twitter: “E se eu me apaixonasse por você?”
O questionamento foi automaticamente replicado para outra rede, onde apaguei a frase após o primeiro comentário idiota e depreciativo, que talvez eu nem achasse assim tão tosco não estivesse eu repleto do sentimento “paixão”.
O apaixonar-se no caso era o estado de espírito. Encontrava-me completamente inebriado com essa vibração. Apaixonado por doçuras, duas, que continham várias.  Duas músicas, duas vozes, que há dias eu ouvia em looping, alternando-as. A primeira paixão daquele instante era o Léo Fressato com sua sensibilidade tão à flor da pele que me entristecia; a outra, Tiê, a cantar “se enamora”, música tão lindinha do “balão mágico”, que em sua voz tão suave me encantava novamente. Eram dois vícios...
E assim me apaixono, por “músicas, letras e danças” como diz (no singular) a letra de Fullgás da Marina, por quem me apaixonei há tempos, antes dela ter sobrenome. Pela voz, pela música, pela segurança que mostrava ter em suas entrevistas, em seus textos... Até porque a coisa que mais me causa inveja é alguém que demonstre segurança. No que diz, no que é, não aquela certeza que alguns fingem ter a respeito de tudo, não aquela postura que mostra diante dos outros querendo mostrar que se tem opinião sobre tudo, sobre todos, que isso é outra coisa... E falo de segurança, não de convencimento, não de “exibimento”.
E minhas paixões foram e continuam a ser tantas... Vozes, gestos, olhares, trejeitos, letras, melodias... Apaixono-me... Assim como me apaixono pelo que vejo, Almodóvar pelo que me diz em ângulos mostrando com naturalidade o que se diz ser sujeira, pelo que me choca com o que escondemos e ele mostra. Cláudio Assis, porque seus filmes são crus como é a realidade... Penélope Cruz porque a simples visão desse mamífero bípede me encanta, porque nenhuma beleza a meus olhos me parece maior que a sua.
Apaixono-me por tudo, por livros, por poesias, por cidades, plantas, estátuas, por bares e pelas pessoas que os frequentam, pelas pessoas que estão à mesa comigo. Por petiscos inusitados, por pratos exóticos, pela temperatura da cerveja, pelo aroma do vinho, pelo prazer de apaixonar-me. Apaixono-me por ruazinhas charmosas, por estradas de terra, pela imagem dos neons refletidos no asfalto molhado pela chuva em Brasília no “Doces Poderes” da Lúcia Murat, em que para consagrar a paixão ela ainda coloca a embalar a cena a voz de Adriana Calcanhoto.
Apaixono-me por casas e jardins e quintais, e eles já se tornam mais amplos, libertadores, mais belos do que são na verdade, simplesmente porque o olhar apaixonado realinha cores, intensifica aromas e amplia espaços. Apaixono-me por cidades, por rios, praças, por cores, por dores, por nomes, apaixono-me por você! Desde que me despertes a paixão.


Foto: Djair - Parede de um café em Florianópolis

9 comentários:

  1. Ah! Como é bom se apaixonar pela vida, por você mesmo, pelos outros, pelas coisas. Gostei muito, Djair. Abração, Gizelton.

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  2. Acho mesmo que eh a paixao quem verdadeiramente nos move aas vezes para cima outras para baixo e vamos seguindo que sem paixao nao ha solucao. Bj Le

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  3. Paixão, tamo junto e misturado. haha

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  4. Lindo lindo¹. As vezes pensam que para estar apaixonados sempre tem que ser por homem ou vice-versa.Precisamos apaixonarmos por nos mesmos, pela vida, pelo o que julgamos belo e assim segue a vida. obrigada pelas palavras. Beijos Carminha

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  5. Djair Rodrigues de Souza, essa paixão é a única que nos traz benefícios ! A outra meu caro... nos coloca no 220w perigosamente. deliciosos momentos de coração acelerado e euforia podem se tornar semanas de inquietude e quissá desapontamento rsrsrrs

    Rosangêla Santos

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  6. A vida é apaixonante,Dja!mas temos que complicar tudo..
    Como o título do seu outro texto:apreciações..
    É um estado de paixonite aguda;de repente pegar-se assim:encantado com as coisas mais simplórias da vida,porém,tão substanciais a alma.
    Lindo texto!Poesia pura...

    Beijão,Dja!

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  7. Bela mensagem. Continue tendo muitas paixões. Os apaixonados são pessoas mais interessantes. Parabéns, Djair.
    Abraço. Luiz Otávio

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