quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Alcunhas

Esta semana estava a pensar sobre Bullying, o mal da moda. Ao qual eu e milhões sobrevivemos, sem nomear com anglicismos os apelidos, chacotas e  tirações de sarro na escola... É certo que hoje há as agressões físicas e outros males maiores, mas em meu tempo de colégio, até onde sei, eram apenas gozações e alcunhas não tão apreciadas por quem era designado por elas.
Em casa, com os irmãos, eram comuns os apelidos, que nas brigas ganhavam a rua, uma vez proferidos em alto brado retumbante e ouvidos pelos filhos dos vizinhos. Em casa mesmo, nas rusgas, eu era chamado de baleia, que dispensa explicações endócrinas. Já meu irmão, o “apelido carinhoso” era “penico”, que teve diversas variantes por anos a fio: “penico azul”, “penico do Bonfá”, em referência a um senhor já idoso, dono do cartório no bairro, e antes que me perguntem, não faço idéia de porque o escolhemos por dono do “penico”. Isto era nos idos dos anos 1970, quando as pessoas realmente ainda usavam penico. E também teve a clássica: “E ai penico, já virou sifão”?
Na EEPSG Afonso Schmidt, entre a sexta série e primeiro colegial, as vitimas eram em geral de outras classes. Zuleide, uma garota loura e muitíssimo branca, era a que tinha mais espinhas em todo o colégio, daí a “cara de sol” ou sua variante “cara de fogo” foi um pulo. Tinha a Sueli 200 gramas, que no ano seguinte, após as férias,  conseguiu engordar e virou Sueli 201 gramas. Mauro, este sim, de nossa classe, era um garoto que sempre parecia meio sujinho, portanto, porquinho lhe coube bem a ponto de todo o colégio chamá-lo assim, e ele atendia de boa. As irmãs Etevalda e Etelvina logo viraram horrível Valda e horrível Vilda. Bartira, professora de geografia era Madame Min, em referência ao cabelo cortado com serrote ao estilo da bruxa de Disney. Tinha a “cara de ovo” que depois descobrimos serem “as cara de ovo” pois eram duas, gêmeas idênticas...
Saímos do ginásio sem grandes traumas, a faculdade... Bem, esta é mais recente e algumas pessoas da época lêem o blog. É melhor esperar mais tempo para falar sobre ela, que sim, deixou traumas e inimizades entre vários.

Mas, por falar nisso, qual era mesmo seu apelido de infância?

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Quintal



Sempre quis quintais
Pra plantar
Pra colher
Pra correr

Ligar a mangueira e regar
Banhar
Bagunçar

Brincar com o cão
Jogar bola
Cair no chão

Tomar banho de chuva
Colher laranja
Matar saúva

Brincar de balanço embaixo do abacateiro
Comer fruta no pé
Colher pimenta de cheiro

Tanquinho ao invés de aquário
Ouvir sabiá
Ou canário

Plantar horta de couve
Acender fogueira
Seja ou não
Tempo de João.

Jogar bola de gude
Colocar a mesa no quintal pra almoçar fora
E em noites bonitas
Ouvir, tocar viola

Varrer com vassoura de palha
Ou mesmo piaçava
Se vem vento, o cisco espalha

Uma hora o vento acaba
Assim como vai o tempo de goiaba
De laranja, caquí e mangaba

Mas ai vêm outras frutas
Ou é tempo de taioba
Ou é hora de podar

Pegar os ovos nos ninhos
Fazer festa jogando milho
Em quintal grande
Sem impecilho

Tanta coisa a fazer
Tanto jeito a dar
Mas se tudo é prazer
Melhor vida não há

Foto: Ana Carolina Bracht Moura de Souza - Galinha do Giba no quintal dos pais dele!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Espreguiçando!!!

Esses dias de agosto tem sido malemolentes, preguiçosos mesmo... Não o ócio criativo que tanto proclamam, mas aquele tipo de ócio que só quer descansar, e quando você pensa, que fazer? Vem logo a idéia “exercitar a arte da contemplação” e nada mais...

Tudo cansa... Pensar dói...

Acho que já citei em outro texto, mas cito de novo: Dirceu (Ari Fontoura), personagem de Mar de Rosas, de Ana Carolina, o dentista louco por sangue, está sentado, posto em sossego e Nióbi (Miriam Muniz), a esposa, diz a ele: “Você precisa agir Dirceu, AGIR!!!" Dirceu ergue os olhos para ela e simplesmente reponde num esguar, sem levantar-se: "Agir... Agir, detesto essa palavra: Agir!"

Estou assim.

Detesto essa palavra.

Não tanto quanto o preguiçoso de “ABC do preguiçoso” de Xangai, que tem preguiça de levantar-se até para transar com  a esposa. Não, mas aquela necessidade de ficar quieto, dedicar-me a leituras, a ver séries e filmes, a cuidar de plantas, arrumar casa. Mas pra isto tudo é necessária certa disposição, não? Siiiim... Então chego à conclusão que não é exatamente preguiça, mas necessidade de recolhimento, acolhimento, o cansaço que sinto de tudo não é físico, e essas coisas, as quais sinto vontade de fazer, como se dizia no tempo de primário são: Higiene mental!

Por outro lado, que higiene mental melhor que happy hours? Pois é, mas nem pra isso me mostro disposto, a despeito dos cafés e cervejas devidos aos amigos em encontros prometidos e não marcados... Vou empurrando com a barriga, que pela vontade que tenho tido de comer doces deve estar maior a cada dia.

Mas, compromisso é compromisso, e me comprometi, comigo mesmo, a escrever um texto novo para esta semana. Aqui está, sem grandes tiradas, sem novidades, sem histórias engraçadas, mas que escrevi com aquela malemolência gostosa, a mesma com que se toma café ralinho com quitanda feita em casa e se tira uma meia hora de prosa e que se deixa estender por horas, erguendo-se apenas para ir ao bule e re-encher o copo. Foi gostoso de escrever. De ler... Só você pode dizer.


Foto: Djair - Quarto de Laura Alvim - Casa de Laura Alvim - Ipanema - RJ

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Não é pau, é pedra! E não é o fim do caminho!

Em uma dessas novelas de realismo fantástico que fizeram sucesso nos anos 1990, com seus personagens de fazer inveja a Dalí e Buñuel, Cândido Alegria (Armando Bógus) acaba por transformar-se uma estátua de pedra. Aliás a novela tinha por título: Pedra sobre Pedra.
 Por mais surreal que possa parecer a cena a cada vez mais me parece verossímil...  “S” dia destes, depois de um período de dores lancinantes causadas por cálculos renais, expeliu uma enorme pedra, que pelo tamanho divulgado, rezo, pelo seu bem e de sua namorada, não tenha causado estragos maiores na uretra e no “pedúnculo” por onde este canal passa.
Tania e Carol, ambas tem tanta afinidade, apesar de verem-se pouco, que resolveram as duas a um só tempo criarem “Pedras” na vesícula... Ou será um novo tipo de passatempo e/ou modismo? Mas o fato... As pedras estão lá... 
Há pouco mudei de dentista, após mais de 6 anos com a mesma, a nova me tirou tártaro suficiente para o baldrame da “Igreja do Horto”**. Segundo Sílvia, o processo de formação do tártaro é o mesmo dos cálculos renais.
Ou seja, pra virarmos pedras, falta pouco... Será pelas pedras mentais que nos atiram constantemente? Ou porque não nos penitenciamos em longos jejuns, e procissões com pedras na cabeça, por nossa culpa, nossa tão grande culpa, nossa máxima culpa?
Afinal se pedras crescem dentro de humanos, santos de pedra vez por outra se dão a  chorar,  madonas que choram lágrimas nem tão amargas como as de Petra Von Kant, e as vezes outros santos, outras pedras com maior traquejo nos efeitos especiais sangram em suas chagas...  
Caso oposto causou uma menina da Malásia anos atrás ao chorar pedras, no caso, cristais... Parece que no fim se provou que era farsa, afinal o que causa sensação atraí repórteres, estudiosos, cientistas... E nesse caso, eles foram uma pedra no meio do caminho...
Mas enfim, em Rins, Dentes, Vesiculas... Elas aparecem... Crescem... E nem sempre são dissolvidas, ou extraídas...
Antes fossem as pedras do Ibraim Abi-Ackel**
Mas enfim... A falta do que escrever essa semana era uma pedra no sapato, e agora... Aí está! Preguiçoso? Ruinzinho? Nada a ver? Quem atirará a primeira pedra?
 
* Templo de Salomão citado na Bíblia, sinônimo de edificação de proporções incomensuráveis.
** Ministro da Justiça no governo Figueiredo, acusado de envolvimento com o tráfico internacional de pedras preciosas (Mais tarde, foi inocentado...).
Foto: Djair - Fonte de Pedra em Tiradentes MG.