quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O olho da velha

“Na rua do meu amor
 Não se pode namorar:
 De dia, velhas à porta,
 De noite, cães a ladrar.”

      A quadrinha, que inspirou-me a escrever esta postagem, foi publicada hoje, no facebook de Maria Gonçalves, amiga de Oeiras, Piauí. Oeiras, antiga capital desse estado, ainda guarda joias como praças amplas e belas e igrejas jesuíticas e outras tão singelas, tão belas e tão caiadas quanto, além de um mercado peculiar, e se toma cajuína tão cristalina e fresca que se esquece o sol que torna a paisagem árida... Mas o texto não é sobre a cidade desta vez, nem sobre suas igrejas, praças ou a enorme estátua da santa que, coroada no alto do morro, finge abençoar a cidade. Mas é sobre as velhas que vigiam os namorados.

     D. Carmela, a senhora que fazia nosso café aos tempos que eu trabalhava na Cinemateca, era o contrário, uma fã dos namorados. Naquele tempo, a Cinemateca ficava dentro do Parque público da Conceição,hoje chamado Lina e Paulo Raia, e da ampla sala da biblioteca eu tinha através da sala toda envidraçada a visão da bela flora do parque, palmeiras, eucaliptos e tantas outras árvores. O vigia das casas que acolhiam o acervo, mais do que preocupado com seus afazeres de portaria ou vigilância, preocupava-se com os namorados no Parque, o que não era de sua atribuição, e vivia sempre em rusga com D. Carmela que os defendia, pois era tão bonito ver os casais de namorados a namorar pelo parque, e eles não estavam fazendo nada demais, e ele não tinha nada que prestar atenção no que faziam lá fora... E assim passavam o dia, ele a sair pelo parque passando descompostura nos casais que interagiam mais, ela a defender o amor dos jovens. Mas nem todas são assim de cabeça tão aberta e romântica.

     Uma certa vizinha que tive em Cezídia, invariavelmente à noite, ao ouvir passos na rua, corria e ia abrir uma brecha na portinhola da porta da frente, uma porta cinza em paredes rosas, que anos depois ganhou reforma e mudou de local, e agora me pergunto como será que ela faria então para ter atualizados os fatos sobre quem chegava e quem saía, com quem e a que horas...? Mas então àquele tempo saía eu sempre com uma grande amiga, que hoje já não é sequer conhecida, visto que a desconheço, tipo a música de Chico, o Buarque, não o de Assis, não confundam. “Quem jamais esquece não pode reconhecer.” Bom, mas deixemo-la de lado que nem lhe cabe aqui ou em quaisquer recordações, mas o fato era que a velha, dona da rua, e quem nem era velha apenas uma curiosa, sempre estava lá a olhar quando eu saía com esta ou com qualquer outra pessoa, ou quando minha namorada à época vinha em casa, enfim, a qualquer passo, meu ou de outrem, em direção às noites, até o dia em que não me aguentei e falei: Aqui é Djair, Fulana e Sicrana, vamos à beira-rio, comer picanha, quer mais alguma informação? A fresta deixou de ser aberta a partir de então, ou pelo menos a luz da sala se mantinha apagada...

     Ao comprar uma casa em um bairro bem mais residencial, sabia da fama da senhora que a habitava, Dona Ana, uma portuguesa já bastante entrada em anos, que vivia solitária com o marido e para quem a casa tornou-se grande; durante anos ela alugava quartos a comissárias de bordo, mas intrometia-se de tal modo em suas vidas, que o negócio acabou por ir água abaixo. Na rua, sua fama era de que não dormia, dando contas da vida de um, outro e ainda mais alguns... Mas maledicência dessa gente pois que ela não teria tempo para isso, coitada! Pois bem, fechamos o negócio, e só depois de mudar percebemos o defeito na persiana do quarto. A enorme janela de madeira podia ser deixada aberta apenas com as abas ripadas, o que permitia o ar circular livremente, refrescando a casa no verão ou, no inverno, fechando-se apenas os vidros. Era o quarto da frente, o que a tal senhora ocupava, afinal era o maior da casa, suíte, como chamam hoje os quartos com banheiro, que logo devem inventar um novo termo em inglês para combinar com os espaços gourmets que se tornaram as cozinhas e os livings que deram lugar às salas. Mas enfim, o que havia de errado com a tal persiana de madeira da janela? Ela tinha uma enorme abertura entre duas das ripas, exatamente à altura dos olhos de uma pessoa em pé à janela, que ficava assim invisível a quem está de fora. Pequenas marcas de mão (grude mesmo) comprovavam a abertura do espaço para a visão, dando assim completa visão da rua e lembrando o Muxarabiê que vi em Diamantina – uma sacada em treliça trabalhada onde as pessoas de dentro (em geral senhoras, bem guardadas da vista do povo) podiam apreciar todo o movimento da rua sem serem vistas.

     Mas D. Lucia, que naquele tempo era conhecida em Cezídia como a “não se pode” e aí deixo que o leitor pesquise o folclore nacional para saber a história do “não se pode” a fim de não alongar ainda mais a prosa que já pode se tornar cansativa e morosa a quem chegou aqui, e volto a D. Lucia que pobre como Jó sustentava a casa lavando roupa pra fora e, reza a lenda, passava o tempo passando a roupa à noite... uma bala de mel pra você que já adivinhou... a tomar conta da rua... Aquela noite fazia um pouco de frio, inventamos de ir namorar na praça, e levei em uma sacola grande uma manta, que inclusive fora presente de uma tia, a Balola, e fomos lá... Na volta, a Não se Pode da rua lá estava em sua calçada, e eu vinha por um beco de atalho, passando ao lado do cemitério que logo ia dar em nossa rua. A vi na calçada, sentada num tamborete, fumando... a conversar com alguém de quem não mais me lembro... voltei sorrateiro atrás do passo dado, tirei a manta, envolvi-me nela, a cabeça, o dorso, parte das pernas, como hoje fazem os mendigos e craqueiros do centro de São Paulo, estiquei-me todo e saí meio fazendo um gingado, e a balançar ombros e sei lá que outras presepadas atravessei a rua em passo firme. Vi que ela se esticava toda para observar e tão logo atravessei o logradouro corri até a esquina, enfiei a manta no saco plástico e vim fazendo cara de assustado. D. Lucia de olhos arregalados me pergunta que marmota era aquela na rua escura e se eu tinha visto... E eu pondo as mãos ao peito, respondi: nossa, não sei não, mas quase morri de susto. E ela: você viu... os dentões deste tamanho, medindo com as mãos. E eu a confirmar isto, e mais as pernas cabeludonas que ela vira e os cabelos compridos que estes sim podiam ser as franjas da manta que, longas, pareciam cabelos com um grande esforço de imaginação... O resto só mesmo naquela fértil mente... Não faltou assunto no dia seguinte sobre o trem esquisito que por ali passara.

     O que me enseja uns versinhos, para encerrar como se iniciou:

Naquelas ruas de Cezídia,
não se pode namorar, 
pois o que as velhas não veem, 
põem-se logo a inventar. 


Fotos: Djair - A  fresta de Don'Ana.
                    - Catedral de Nossa Senhora da Vitória de Oeiras

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Réquiem a meu pai

12 de fevereiro de 2013, àquele dia, uma terça-feira de carnaval, meu irmão encontrara meu pai morto, em seu quarto, caído ao chão, posição fetal, as duas mãos sobre o rosto, como gostava de dormir. Talvez a queda tenha sido causada pela dor sentida ao aproximar-se o momento de sua partida, sabe-se lá o porquê, um ataque cardíaco, ou qualquer outra desculpa dessas que a vida usa quando a morte vem ceifar-nos a presença física daqueles que amamos. Mas ali, ao lado da cama, o corpo não teve ânimo, e menos ainda, forças de voltar à cama.

A fome que passou nos últimos dias, sem conseguir ingerir qualquer alimento, e sequer água, devido à obstrução do tumor no esôfago, lhe minavam força, vontade, ou qualquer sentimento que necessitasse para uma reação maior. Negava-se a soro ou internações e à mera menção destes surgiam fortes irritações, como são as minhas, que ora, já se sabe de onde vêm.

Morreu em casa, como queria; de mim, não se despediu, embora o abraço que lhe dei no momento antes de minha partida, na última vez em que fisicamente estivemos juntos, lhe falasse de amor, de admiração, de carinho por aquele homem que era então uma caricatura suja e amassada do que tinha sido, seus orgulhos vencidos de há muito pela perda de tudo que tivera, posses e família, família que depois viera a resgatar, numa profunda descida rumo ao fundo de um poço que ele cavara com a ajuda do álcool, da teimosia, da intolerância.

Resgatamo-lo de uma condição triste, mas ai então já não era mais o mesmo homem, anos de bebida e outros desregramentos o tornaram irreconhecível a quem o via de terno, a debater política, religião, direito.

Ali no chão, sob o quadro do Sagrado Coração de Jesus e Imaculado Coração de Maria, que fora de minha avó, ele já não era mais coroinha, advogado, pai, filho, nem estava ali o espírito que, se não santo, mortificou-se ao fim de uma vida digna de enredo fílmico, pela fome, dor e sede. Nunca dormia sem rezar, nem jamais se levantava sem benzer-se, e acredito essa fé tenha sido o que lhe valeu no martírio de seus últimos dias. Até à véspera da morte, quando ao despedir-se de meu irmão, recomendou como sempre: “Vai com Deus, tá tudo bem!” O quadro, temo tenha o mesmo fim de uma imagem de santa Luzia que minha mãe sempre teve, de quem meu avô era devoto, que os “evangélicos” deram fim, aproveitando-se de sua ausência quando veio visitar-me. Está morto; uma boa morte é prometida pela Igreja Católica a quem tem em lugar de honra em sua casa os sagrados corações. Está na quinta e na décima segunda promessa do sagrado coração de Jesus: “Serei o seu refúgio durante a vida e em especial na hora da morte.” “(...) não morrerão no Meu desagrado(...) o Meu Divino Coração será o seu refúgio de salvação nesse derradeiro momento.” Será que lhe valeram? Não sei. Mas vejo o sofrimento de seus últimos dias como uma mortificação da carne como sugerem os espiritualistas.

Está morto; em mim abateu-se uma grande tristeza, por não tê-lo visto nos últimos dias, embora o medo de ver o estado em que sabia se encontrar fosse grande e apenas quinze dias nos separassem do encontro que eu já havia programado; as passagens compradas servirão apenas para lhe visitar a cova.

A morte de entes queridos muitas vezes causa nas pessoas uma ruptura pessoal com Deus, noutras nos aproxima d'Ele. Em mim, não sei dizer, sei apenas da imensa falta de energia psicológica que me abate e que talvez com este texto tento exorcizar, rompendo o silêncio cauteloso e gradual que se instalou em mim, cauteloso porque sentimentos de intolerância e raiva com coisas menores me diziam que devia evitar a verbalidade para não descontar em ninguém a frustração comigo mesmo, por não ter de alguma forma ter estado mais presente junto ao pai que partiu, gradual porque cada vez menos sentia vontade de falar ou interagir, muito embora palavras de apoio e pesares recebidos de amigos, por visita, telefone e redes sociais me confortassem de verdade, diminuindo o sentimento de orfandade, de abandono. Da mesma forma que a ausência de uma palavra, que fosse um simples: “força” ou “abraço”, vindo de pessoas que se dizem tão próximas e tão amigas, foi como um: “você está sozinho, sim!”

No imenso quintal de sua casa um enorme ajuntamento de madeira, galhos, ali ficou; era madeira que ele juntava para que eu fizesse fogueira quando lá fosse, já que eu sempre gostei de fogueiras desde criança, e bastava que eu desse as costas ele já as começava a juntar para a próxima vez que eu fosse. Em um móvel, está uma caixa de castanhas, para quando eu fosse...

Olho fotos dele e vejo o corpo franzino, debilitado, o orgulho vencido em parte, pois seu gênio, esse, nunca foi domado. As lembranças presentes, de sua chegada com gibis que trazia na infância, do carpir de quintais, dos cachorros que tivemos, de construir chiqueiros e galinheiros no grande quintal que tínhamos e onde aos fins de semana ele reinava, e nós, meu irmão e eu, o ajudávamos nos divertindo com o “serviço”. Minha mãe chegava com as “baciinhas” de plástico, com farofinha, onde um comia o fígado, o outro a moela e o terceiro o coração do frango que seria servido com macarrão no almoço, junto a elas vinham a caipirinha para ele, e a meu irmão e a mim, nos nossos copos com canudinho, a limonada com casca de limão e gelo dentro – era a nossa caipirinha também, para ali junto com o pai, estarmos na mesma toada, já que a vibração e sintonia era completa. As mesada recebidas dentro de envelopes de holerites, com nossos nomes datilografados, da subida na serra para buscar coquinhos, dos jogos de damas onde ele nos deixava ganhar, o jardim que montávamos com as mudas que ele mesmo trazia, as enormes hortênsias que causavam admiração da vizinhança e que ele se orgulhava. Tão diferente do final, onde já sem compreender que as próprias folhas viram adubo, não deixava cair uma folha no quintal sem que a catasse, como se estivesse limpando um salão; as plantas, ele regava todos os dias, necessitassem ou não, e se lhe era tirada a enxada e escondida para evitar que ele, agora fraco e debilitado, se expusesse ao sol inclemente, abatia-lhe uma tal depressão que ela lhe era logo devolvida diante de tanta tristeza.

Lembranças de tempos distantes e outros de instantes atrás se misturam, como se os varresse e misturasse, juntando-os em um canto como se fossem cisco, que o vento vem e espalha novamente. O pedido para pintar portas e janelas de seu quarto, onde ele mancharia em instantes a camisa do São Paulo, seu time de coração, que acabara de lhe dar, vem junto com as do balanço que ele fizera no abacateiro de uma das casas onde moramos, para que ali brincássemos, ou do seu desejo de comer uma gemada de 12 ovos de pata, com a qual ele atormentou minha mãe por dias, até que ela resolveu fazer, não com a dúzia, mas com três, e ele não deu conta de comer, por ser tão forte que encheu-se antes de devorada a metade. E aí retorna o momento antes da internação recente onde não conseguia tomar o suco de acerola, que ele mesmo colhia no quintal, e seu lamento em dizer que era uma pena estar com sede, ter um suco tão gostoso e não poder tomar por não conseguir engolir. Vêm as lembranças de diagnósticos que não caberão aqui por não ser um escrito de relato de caso para revistas médicas, ou para de certa forma lhe poupar seja lá do que for.

Que ele esteja em paz.

Foto: Djair - Olavo de Souza - meu pai, em uma das últimas visitas que lhe fiz.
Vídeo - Youtube -Gabriel Fauré - Requiem

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Coxinha, de rabada, de bucho ou galinha.

Existem e fazem moda confrarias de apreciadores de charutos, comidas e bebidas, do nhoque à pizza de domingo, da cachaça à cerveja, passando por todos os maltados e destilados...

Se eu fosse criar uma, possivelmente seria a confraria da coxinha. Desde a infância adoro. Íamos viajar com minha mãe, e ela sempre comia uma coxinha com café, aliás, come até hoje. Uma das lembranças de sua última vinda a visitar-me é indo à 25 de março e pararmos para tomar um café... Com coxinha. Toda vez que passo em frente àquela lanchonete, próxima à estação S. Bento, lembro-me dela, a xícara de café numa mão e a coxinha na outra, num dia feliz. Lembro um caso sem muita importância que tive com o misto quente, mas que durou pouco, e a coxinha permanece.

Claudia, amiga que também a aprecia, vive me cobrando um texto sobre isso, uma ‘ode à coxinha’. E de tanto falarmos, há algum tempo, no shopping no lançamento do livro do Marcus, livro pago, autografado, abraço dado, saímos de lá, com certa pressa (que eu e Carol ainda tínhamos um evento na Cinemateca e Claudia e Rodrigo nos dariam carona). E... andando pelo corredor do shopping, em direção à saída, vem em sentido contrário uma senhora em cadeira de rodas, dessas senhoras finas de Moema, acintosamente conduzida por um serviçal às suas ordens. Maquiada, composta com joias, echarpe de seda, uma senhora elegante, nas mãos uma caixa que não sabíamos o que era. Todos a olhávamos quando de repente ela deixa a caixa cair e esparramam-se pelo corredor quatro coxinhas, enormes, com uma cara ótima... Não adiantava chorar pelas coxinhas esparramadas. Um primeiro instante de dó, elucubrando que as coxinhas poderiam ser o jantar dela, depois lembramos que alguém aparentando tantas riquezas e com empregados, logo mandaria o subalterno buscar outras e pronto, mas as coxinhas esparramadas no chão não foram esquecidas e agora as eternizo nesta prosa pobre.

Enfim, ficamos, Claúdia e eu, com fama de ter olho grande que fez cair das mãos da senhora as apetitosas coxinhas, as quais me fazem salivar enquanto escrevo. Aliás, quando nos dá aquela fome à tarde, por vezes damos uma fugida pra tomar um café com coxinha ‘nos meninos da boca bonita’. Não sei o nome da tal lanchonete, apenas que pertence a dois rapazes, irmãos, bem próxima ao trabalho, e que por aqui sempre dizemos ‘vamos lá nos meninos da boca bonita?’ E se for o Luciano a coisa piora pois ele diz: “Os meninos da boca linda”. Mas antes que alguém se anime... Nenhum deles tem boca bonita, ou tem, só que ao contrário.

As do grupo Noel são enormes e macias, provavelmente levam leite na massa. Outro dia comi com Adriana e Wânia coxinha de rabada num bistrô da Vila Madalena, bom também, uma vez que aprecio até mais a massa que o recheio. Outra amiga, também Adriana, certa vez foi em casa e fez coxinhas inesquecíveis. Meu irmão também é esperto nelas e sempre que vou a Floriano me presenteia com elas. Já eu, sou especialista apenas em devorá-las.

Uma lembrança antiga é da oitava série, quando ao recreio íamos à cantina comprar merenda e refrigerante de máquina, que era mais gostoso porque podíamos estourar os copos de papel com um pisão, fazendo um estouro quase idêntico ao de uma bombinha. Mas onde entra a coxinha? Bem, Ana Angélica tirava sarro da coxinha da cantina do Alfonso Schmidt, dizendo que o recheio era de bucho. E ríamos, aliás, eu rio até hoje, e ela caso se lembre deve rir também. 

E pode quem quiser comer seus petit fours e torraditas com ervas finas e caviar, e deixe as coxinhas conosco que estaremos bem servidos.


Foto: Mima Badan - do Recanto das receita - http://wwwrecantodasreceitas.blogspot.com.br/, onde aliás, tem uma receita maravilhosa de coxinhas de frango com catupiry.