segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Enchendo linguiça (adoro farofa!)

Nem sempre se tem algo interessante a dizer, Shakespeare dizia que: "para escrever existem apenas duas regras: ter algo a dizer, e fazê-lo."
Mas e quando o que você tem a dizer não pode ser expresso pela linguagem humana? Como verbalizar o que não tem explicação?
Criar textos macarrônicos que não chegam a lugar nenhum, nem a exprimir sentimentos ou traduzir o que nem pajelanças poderiam proporcionar?
Cantar em línguas estranhas como os Cristãos de priscas e novas eras?
Calar de vez engolindo palavras e salivas presas em soluços?
Ou simplesmente gritar, para que com o ar expulso a força dos pulmões saiam os germes de sentimentos ainda não nascidos?
Bem, nessa elucubração pode-se perder horas, dias, semanas sem chegar a nada.
Uma verdadeira prajalpa, como é este blog.
Mas falando-se sob o inexprimível não se está a exprimir por fórceps alguma coisa?
Não sei, não sei...
Mas se não há nada de peremptório nesse mundo concreto, que dizer do nosso submundo intrínseco?

Foto: Djair - monumento em Vitória - ES.

sábado, 29 de agosto de 2009

Brincadeira

Brincando raparigas preparam
Bonecas, panos de prato,
bordados, pinturas, brocados.

Brincando rapazes separam
bolas, peões,
ping-pong, bebidas, balões

Brincando poetas blasfemam
Garimpam palavras


Aliterando P e B.

Djair R. Souza

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Poheresia

Poesia

É
Heresia
Azia
Poesi
Pões
És
ia?

Djair R. Souza

Antes que troquem o carnaval pelo dia da Marmota *

A celebração nos Estados Unidos da América do Haloween ou "noite da bruxas" constitui-se numa transposição que foi feita do culto aos mortos, de tradição pagã, assimilado dos colonos europeus, e que agora os estadunidenses procuram nos enfiar goela abaixo, da mesma forma que nos impingem a coca-cola, sua música e comida de plástico - é a globalização de um acordo com o modo de vida norte americano e que rejeita as diferenças culturais entre os povos.

O que mais surpreende é que, possuindo o nosso povo riquíssimas e profundas tradições entre as quais as que se relacionam com o culto aos mortos, ainda exista quem com aparente formação cultural e acadêmica insista em transmitir nas escolas (além de a seus filhos) aos seus alunos costumes que na realidade não lhes pertencem. Trata-se de uma pedagogia de natureza duvidosa que contraria inclusive o princípio da ligação Escola com o meio que a envolve. São poucas as escolas infantis onde os alunos se caracterizam de índios em 19 de abril, ou que aprendem a cantar o hino pátrio, no entanto vemos cada vez mais brasileiros dedicando-se a comemorar o dia das bruxas, escolas que pedem aos pais que caracterizem seus filhos como bruxinhas ou duendes para o dia de halloween. É um absurdo esse entreguismo cultural brasileiro.


Por que adotar gratuitamente um costume americano quando se sabe que é destruindo a cultura de um povo que se consegue dominál-o? Ainda assim o analfabeto cultural vai assimilando tudo que a mídia passa, inclusive os anglicismos desnecessários.

Ora, se a desculpa é a alegria dada às crianças que hoje circulam por suas vizinhanças a pedir doces, porque não manter a tradição nacional da festa de Cosme e Damião (27/09), que teve sua origem na igreja católica, foi fagocitada pelos cultos Afro-Brasileiros, e que durante anos fez a festa da garotada pelo país a fora? Com o crescimento do protestantismo e das chamadas igrejas evangélicas e pentecostais foi iniciada uma campanha contra o culto a entidades como estes "santos", e tendo a igreja católica se voltado a banir a festividade por achá-la incorporada às religiões ligadas ao espiritismo e bruxaria, foi sendo dizimada e hoje poucos cultuam essa que foi uma das maiores representações religiosas e folclóricas de nossa gente.

É preciso resgatar nossas tradições e orgulho, de outra forma estamos sujeitos a ver nossa memória que já não é algo cultuado, ir minguando a cada dia e dando lugar cada vez maior aos estrangeirismos da moda vigente, trocaremos "Jeca Tatu" por "Esqualidus", assim como deixamos de cultuar "Mazarropi" para louvar "Os trê patetas", deixamos de ouvir "chorinho" para achar "street dance" o supra-sumo do momento, e vermos os filmes nacionais ficar apenas três dias em cartaz pois as salas precisam dar lugar a títulos estadunidenses.

Djair R. Souza

*Publicado originalmente em: Papiro Social. 2002 1(6):2-3

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Tenho sede...



Abra um vinho de boa cepa (que seja tinto) e me ofereça uma taça. Se não o tens, beberei de tua saliva e minha sede será aplacada, ou quem sabe vomitarei, e talvez em seguida deixe este corpo...
Os vermes saberão apreciá-lo.
Terei finalmente uma utilidade de fato.

Síndrome de Peter Pan
Síndrome de Greta Garbo
Síndrome de Estocolmo...

Todas as síndromes a borboletear suas asas em torno de mim, qual mariposas ofuscadas pelo brilho, mas que ao circundarem as lâmpadas encobrem sua capacidade de iluminar.