Semana passada o texto do blog sobre bullying ficou na cabeça pelo resto da semana, outros “causos” me vieram à mente... Alguns que na verdade mostravam o preconceito dos pré-conceitos sem nos darmos conta, como no caso da Dulcinéia, esta no primário, onde eu e um colega cujo nome se perdeu no tempo (não havia jingle com o nome dele para guardar na memória) atormentávamos Dulcinéia, morena lustrosa que já tomava formas de menina moça, e prometia ser uma mulata belíssima. Andávamos aos grudes os três, mas para atormentá-la, devido aos grossos lábios a chamávamos Mané-bicudo. E não satisfeitos, colocávamos as mãos no ombro contrário, formando com os cotovelos um “bico” que abríamos e fechávamos a cantarolar a “musiquinha” que me fez gravar seu nome para a posteridade: “Eu não gosto da Dulcinéia, ela é Mané Bicudo.” Como vêem, a letra é de um primor absoluto, fundamental, primordial. Estávamos aí no terceiro ano primário do Grupo Escolar Padre Deolindo Coelho” em Coronel Fabriciano – MG.
Lembrei-me também de Conceição, antiga vizinha, a quem devido o corpo de miss Etiópia (Sim eu sei, mais pré-conceito e piadinha de mau-gosto – como diria um personagem de humorístico televisivo : Ai como eu tô bandido!), mas voltando à magreza da Ceiça, a chamávamos de... “Esqueleto da maçonaria”, ao que a cada vez que seu Anthenor, vizinho nosso, que era maçon, ouvia, respondia: “Na maçonaria não tem esqueleto!”
Daí fui as rememorações de colégio, e voltei ao velho Afonso Schmidt em Cubatão, e ao Jorge, inspetor de alunos que carregava um molho de chaves todo o tempo, na verdade acho que nasceu com ele, mas enfim... Ele o carregava chacoalhando o tempo todo, daí a alcunha de “Jorge Cascavel” foi um processo natural. E quando o colégio foi reformado, com entulho e escombros que sobravam por todo lado, fizemos dois “túmulos” juntando terra, restos de tijolos, etc... e colocamos uma cruz em cada um, com os nomes de outras duas inspetoras, Bia e Isabel... Jaime que era ótimo arrumou sabe Deus onde, um rato (enorme) morto que depositou sobre a cova simbólica de uma delas.
Terminada a reforma, alunos convocados para ajudar a lavar o prédio “novo” num sábado. A farra de água foi bárbara, meninos contra meninas, lembro que corremos ao banheiro e elas não se intimidaram, Ana Angélica caindo na risada, apontando o mictório e perguntando pra que servia aquilo...
Jogavamos “Malha” nos intervalos, que consistia em jogar bolas improvisadas, onde cada um só podia dar um toque na bola, e se, após o chute, ela batesse em alguém (ou se desse dois toques), essa pessoa era esmurrada até chegar em um “pique”. Os murros mais fortes sempre eram das meninas.
Era um tempo bom, inocente, em que a classe inteira ia correndo para o refeitório, só para que a classe ocupasse todos os lugares, todo mundo junto. Na época circulava um comercial da Maggi, com o jingle (de novo essa palavra, sim, estou ficando repetitivo): “maggi, maggi, maggi, maggi para a mamãe eu sempre peço, caldo maggi é o segredo do sucesso! Maggiiii!!!” Pois bem, D. Lourdes, ou “tia” como todos a chamávamos, nos servia sempre de bom humor e era um doce; a Classe inteira nas quatro enormes mesas que compunham o refeitório e fizemos nossa homenagem com a versão adaptada da mensagem publicitária musicada (agora ficou bonito): “Vaggi, vaggi, vaggi, vaggi, vaggi para a titia eu sempre peço: A Lavagem é o segredo do sucesso! Vaggi!” Foi hilário ver a cara dela, que saiu correndo atrás de nós com uma colher de pau na mão!!!
Bem, é isso, lembranças, acabou-se o que era doce... Mas ainda me rende gargalhadas só de lembrar... Vaggi!!
Foto: Internet Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus Afonso Schmidt
Autor: Marcelo Donizete Morelatto