quinta-feira, 24 de junho de 2010

Três Marias Gloriosas


Mariinha, era uma loura (natural) estilosa, de personalidade forte e que causava impacto onde quer que chegasse; competente profissionalmente, trabalhava em um dos melhores escritórios da cidade, amava o pai acima de tudo, a quem ajudava na criação dos muitos irmãos, desde que a mãe falecera, deixando-o só com quase uma dezena de filhos. Na verdade, era Mariinhao pulso firme da casa, em questões de compras, trato com empregadas, e no trabalho do pai em revisões de processos, etc.

Uma noite, à hora do jantar avisou que queria todos à mesa e assim, todos reunidos, abriu um vinho, serviu a todos, e ao final da refeição, onde fez questão de comida especial e louça de visitas, em tom sóbrio anunciou: "Aqui em casa, tem três porta, então o negócio é o seguinte: Eu gosto de mulheres, se você aceitam, ótimo! Se não, é só escolherem por qual das portas vocês querem que eu saia."

Não só permaneceu, como sempre contou com o apoio de todos familiares.

***

Maria era a única neta de uma senhora católica, apostólica romana. A mãe casou grávida, o que deu grande desgosto à avó, que não quis saber de festas ou comemorações; a tia, nunca casou, e assim a avó pôs toda esperança do branco e da flor de laranjeira na neta.

Maria cresceu, embelezou, estudou e foi fazer faculdade. Lá conheceu um rapaz, se olharam se gostaram, namoraram. Ela descendente de italianos da Mooca; ele de fazendeiros do Mato Grosso.

O moço conheceu sua família e ela foi conhecer a dele. Férias maravilhosas com futuros sogros, comida e vida na fazenda de sonhos; o namoro prosperou, a faculdade acabou e resolveram casar.

A avó não fez por menos, o que não tinha feito pelas filhas pela neta, Festa pra mais de metro, Igreja Nossa Senhora do Brasil, vestido de costureiro famoso, logo: caro, muito caro, carissímo. "Trocentos" convidados, bolo de vários andares, bem-casados, bufê nos Jardins... Enfim, a velhinha gastou a economia de uma vida.

Depois da festa, viagem de núpcias, como se dizia outrora, e foram morar na fazenda. Dias maravilhosos se seguiram, até que aos 18 dias de casada, ele teve uma crise de ciúmes do próprio irmão; gritos, correria, uma confusão. Queria bater-lhe para ela aprender a respeitá-lo.

A mãe do rapaz, após acalmar um pouco a situação, com voz compungida fala para a moça: “_Sabe o que é? A gente esqueceu de contar, mas de vez em quando ele tem esses surtos, mas é coisa rápida, logo passa.”

E Maria lhe responde no mesmo tom de voz: “_Sabe o que é? Eu esqueci de contar, mas não sou o tipo de mulher que se submete a isso. Tô indo embora!”

Fez as malas e 19 dias depois de casada voltou pra casa: “_Gente, voltei!”


***

Maria Rita o conheceu um tempo antes do primeiro casamento, se olharam, conversaram, se gostaram mas tinham outro destino naquele momento: ela casou com outro, foi morar na França, ele foi embora para Barcelona.

Como o planeta ainda dá voltas e as pessoas dão volta em torno dele, voltaram ao Brasil, ambos livres agora, se encontraram, se olharam, conversaram, se casaram.

Anos de felicidade, certamente com alguns dias nublados, como é comum em todo relacionamento.

Um dia, ele que tinha um barco, resolve participar de uma regata que sairia de Lisboa chegando à Bahia. O barco estava em Miami, e ele seguiu para lá, de lá desatracou e rumou a Portugal, para então voltar na tal regata. No meio da travessia, eis que o barco quebra, nada tão grave, mas teve que voltar a Miami para consertos. Resumo da ópera: três meses no mar.

Ele volta, ela ansiosa por vê-lo, fazem amor, matam saudades e, em poucos dias, ele a chama e diz: “_Acho que estou precisando de um tempo... Para pensar.”

Ela apenas arremata: “_Você passa 3 meses no mar e volta precisando de um tempo??? Bem, como a casa é minha, eu te dou duas opções: ou você arruma suas coisas, ou eu arrumo suas coisas. Qual você escolhe?'

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Vuvuzelas e outros barrulhos



A bola da vez das reclamações nessa Copa, mais que contra a arrogância de seleções, técnicos e mesmo dos argentinos, tem sido a tal da vuvuzela.
 Até o jogador português Cristiano Ronaldo referiu à polémica corneta: "Mas há algum jogador que goste? " Acho que todos ficam irritados.

Blogs, colunas de jornais, comunidades em redes de relacionamentos, todos a criticam...

É óbvia a irritação que causa, mas realmente o problema é só ela? O problema é a má-educação que se alastra como um câncer por todos os lados... Afinal, já não existiam por aqui as terríveis cornetas há mais de década? Só mudou de denominação, agora, pela necessidade de dar um nome ao modismo esparramado pelas redes de TV. É praticamente como o ritmo baiano de música, que permanece praticamente o mesmo e a cada dois verões é noticiado como algo fantástico e ganha novo nome. 

No primeiro jogo do Brasil, eis que a neta da vizinha em frente, que por ser criança até se compreende, estava lá com a sua, a infernizar os ouvidos da rua mas, se Deus quiser, há de estar com cãibras nas bochechas (que já não são pequenas), até agora.

Mas já não andamos suficientemente irritados com as buzinas que alguns insistem em tocar como se fosse a Nona Sinfonia de Beethoven? Seja o trânsito ou em frente à própria casa ou a dos outros a fim de que lhe venham abrir as portas? Com efeito, as campainhas parecem ter caído em desuso, porque ninguém mais pode descer do carro e dar dois passos até elas.

O som de CDs  dos carros, então, nem se fala. Não importa a hora, se é dia ou noite, seja o negrinho do funk, o pittboy da academia ou a caboclesse dorée abastada que desfila em seus 4x4. Ou ainda os mauricinhos e pats com seus bate-estacas. A necessidade de mostrar a potência do som (será porque falta potência em outro lugar?) é generalizada.

Mas não para por aí o barulho nosso de cada dia...

Em shoppings, metrôs e ruas veem-se jovens e nem tanto, a berrar como se sua vida dependesse dos outros verem o quanto estão felizes, o quanto são espontâneos e alegres... Aliás, por falar em shopping, me é estranho como as pessoas gostam de se acotovelar para comer nas tais praças de alimentação, onde se tem que gritar para ser ouvido pela pessoa que está do outro lado da mesa, pois o alarido estafante é tamanho que quando se percebe se está também a gritar. E assim a elegância vai pelo ralo, como um líquido se arrastando moroso até o esgoto.

Moro próximo ao aeroporto de Congonhas e últimamente por volta das 06:00 tenho ouvido barulhos cada vez maiores e mais estranhos, às vezes até comento que devem estar utilizando carroças aladas, Não é à toa que volta e meia alguma dá problema, mas afinal não fossem elas e a chuva nada cairia mesmo do céu.

E os celulares? Outro dia quase teve briga em uma biblioteca. Um rapaz a tentar trabalhar no laptop o texto de sua tese e uma moçoila a deixar o celular tocar várias vezes em alto e bom Pop (acho que é assim que se chama a atual leva de música estadunidense). Afinal, não se pode atender na primeira chamada, todos tem que compartilhar seu magnânimo gosto musical e ver que vem do celular "dela". Após isto, da-lhe a conversar as asneiras sobre o fulano, mas aí a sicrana disse... E tome-lhe assunto, em agudo altissonante. O rapaz levanta e pede-lhe que fale mais baixo, e ela, por pirraça, jogando o cabelo alisado e louro-cinza-médio-claro, ou outra nuance próxima, capricha ainda mais no agudo e tom. Ele dirige-se à senhora do balcão de atendimento para que interceda, o que só então ela resolve fazer; observando isso, a tal moça rapidamente recolhe caderno e canetas e sai da biblioteca em desabalada carreira, a fim de não ter a atenção chamada por quem deveria inclusive ter podado desde o início dos toques.

Por tudo isso me pergunto... São as vuvuzelas as culpadas ou a falta de educação , tranvestida em necessidades como exibir toques, apertar buzinas e bradar a alegria que apenas ganhou um novo brinquedo? 

Ilustração: Imagem da internet: 

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Perguntas que não querem calar.

Hoje pela manhã, ao tomar o metrô, lotado como sempre, e com maior tempo de paradas nas estações pra variar, me deparei com um poster da propaganda deste serviço: o cartaz do expansão metrô. E me retornaram as questões...

  • O governo do Estado de São Paulo divulga a largo que tirou do papel 15 estações de metrô e trens... Mas se o mesmo partido está há mais de 15 anos no governo do Estado, então... Quem as colocou no papel?

  • Por que na cidade de São Paulo estações de metrô são inauguradas apenas nos anos de eleições, ou no final do ano que as antecede?