Uma coisa há
de se falar a favor das redes sociais, além do muito que é dito, discutido,
explicado por especialistas (ainda mais nesta época em que há especialista pra
tudo): elas servem para que muitas pessoas, que engolem em seco seus sentimentos,
reflexões e tormentos, os coloquem pra fora.
Funcionam em
muitos casos que vejo como uma terapia. É um saco ver muita bobagem que muitos
postam? É! Sobretudo meiguicesinhas e rezinhas, simpatiazinhas e preconceitos
servidos à mão cheia, alegadamente como pretensões humorísticas. Enchem-me mais
o saco que aquele que vai ao banheiro e ali coloca: “fui ao banheiro” ou que
almoça todo dia no mesmo lugar e à mesma hora e todos os dias faz o tal “Check
in”, colocando no outdoor virtual o vazio de suas vidas.
Mas... E como
digo, sempre existe um “Mas...” servem-lhe também de terapia, como já disse;
afinal o que tem para falar, além disto? Muitos não têm opinião sobre nada, e
talvez seja melhor do que ter opinião sobre tudo, como muitos querem mostrar, e
nessa ânsia mostram que tem opinião sobre tudo, mas que ela é superficial,
fragmentada e não resiste a uma arguição mais elaborada. Ou seja, opinião sobre
tudo, mas sem densidade alguma. Mais ou menos como aqueles que se colocam à
disposição para tudo e sempre que precisar, só que nunca têm tempo.
Por outro
lado, há as grandes sacadas, tiradas memoráveis, risíveis mas profundas, e os
conhecidos, que de meros conhecidos passam a amigos, graças às discussões que
ali se geram, os embates que se aprofundam, as “não concordâncias”.
E assim como
trato muitas indagações que trago dentro de mim no blog, muita gente exorciza
seus monstros em postagens curtas sobre seus sentimentos daquele instante,
deixando o fígado com menos bílis.
E o Verbo se
faz palavra, pois muitas vezes, é mais fácil o verbo se fazer carne que ser
expresso oralmente, afinal os nós na garganta servem para isso: prender as
palavras e sentimentos lá dentro, fazendo mal às vísceras, já que não os
colocamos pra fora. E tome somatizações e mal estares físicos e mentais. Aliás,
na rede também eles se formam, de outro naipe certamente, por má interpretação
do que é dito, por melindres e dedos em feridas, colocados mais ou menos
conscientemente, pequenas estocadas com palavras digitadas, que jamais serão “expressadas”
de outra forma.
Eu, que sou
mestre em criar os mais mirabolantes e sangrentos planos de vingança, sem nunca
ter coragem de realizá-los, esperando sim que a lei do retorno haja, acredito
que falar e escrever é melhor do que concretizá-los; afinal quem é experto em
puxar tapetes nunca o diz. E como o texto tem vida própria e já vai tomando
outro rumo, conclui-se que está na hora de terminar. Exorcize também um pequeno
monstro ai no link dos comentários. – Risos.