sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Cinza



Não é neblina
Nem opacidade de catarata
É fumaça, fuligem e poeira diversa
Que tudo embaça

Monstros de metal
De formas variadas
Tantas e tais, mas não os consegue tornar belos
Vomitam monóxido de carbono pelas vias já escuras
De tanto cuspe e vômito, de gente, de máquina

Mesmo as árvores estão cinza
O rio é necrosado
Mas insiste em correr
Moroso, denso, escuro.
Não é mais vida, é veneno

Automóveis não param
Pra cá, pra lá...
Buzinas, freadas bruscas, estouro de escapamento
Espalham fumaça, mau gosto, pretensão
Prepotência e o orgulho de quem só tem pra se orgulhar
A posse

Os pássaros que persistem
Estão pestilentos
Pombos putrefatos
Garças enlameadas
Não encantam, afastam
São essas as aves que aqui gorjeiam

E acham normal
Até quando?
Até quanto?
Até que ponto?
Tudo tornou-se banal
Pronto

Mais carro
Mais gente
Mais caro
Mais concreto
Mais deserto
Mais detergente

Há vida?
É vida?
Se evita?


Foto: Fábio Mocci - Centro de São Paulo

8 comentários:

  1. Verdade, os pássaros e os animais em geral sofrem com o nosso egoismo.

    Wagner R. S. Sechi

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  2. Para se pensar e muito.
    Até quando? passam pela gente como se fossemos bichos.

    Bichos não os meus são bem tratados. Até quando Djair ......Até quando.
    abraços Carminha

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  3. Essa foto foi durante o primeiro ato do MPL, eu estava lá embaixo na hora que acenderam as foqueiras (catracas de papelão) e depois subi, nessa hora que bati a foto foi meu primeiro contato com o gás lacrimogêneo nesta vida... tenso.

    Fabio Mocci

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  4. O progresso realmente tem seus encantos, a gente só não consegue ver onde hahaha.

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  5. Estamos esquecendo que a vida é bonita e é bonita!!!
    Gina Guimaraes

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  6. Nosso olhar para as coisas é banal e inconsciente. Até quando? É vida?
    Gizelton.

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  7. Aqui em Santos, cada dia sobre um prédio novo, enquanto isso outros vão ficando mais tortos, fico pensando num possível efeito dominó... Já nem é preciso esperar temporadas de verão para que o caos se instale, congestionamentos, praias impróprias, e por aí vai...
    Só chorando.
    Belo poema

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  8. ♫Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
    Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas♫

    O que fizeram de ti,Mãe Natureza?
    O "Humanos"desde sempre estragando tudo.

    Amei!Só a poesia para tornar algo tão triste em lindeza sem fim,como esse poema.Parabéns!


    Beijão,Dja!Dani.

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