sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O não fazer...

     Muito se fala do ócio criativo. E o ócio destrutivo? Aquele que nos deixa incapazes de executar qualquer tarefa, nos incapacita inclusive de pensar? Bem, o que nos leva a este estado de inércia? Daquilo que nada agrada, nada satisfaz, nada dá alento? “Non, je ne regrette rien.”

    O que causa essa incapacidade mental que se estende aos músculos? Em época de doenças psicológicas dirão logo: “Isto é depressão.” Afinal a doença deste início de século é esta e suas companheiras, transtornos bipolares, síndromes de pânico e por aí teremos uma enorme gama de outros distúrbios catalogados nos códices e index Medicus.

    Há alguns anos trabalhei com alguém que reclamava o tempo todo da instituição. Naquele tempo, eu era uma pessoa mais ativa e dinâmica, e cheguei a oferecer vários tipos de novos trabalhos, que sempre eram recusados com a frase: “_Eu até gostaria muito de fazer isso, mas no momento não!" Tratava-se de uma pessoa que era versada em línguas, com texto conciso e interessante, mas limitava-se a um trabalho mecânico, que poderia ser executado por um aluno de quinta série. A ela apenas interessava a arte, o cinema, o teatro... E eu a admirava, até perceber que não passava de Blague. Uma máscara para ocultar a mediocridade e evitar todo e qualquer tipo de trabalho que lhe tirasse o mínimo da rotina, cultuada a extremos. Com certeza uma patologia...


    Outros tipos, esses clássicos, são os que nunca conseguem dar conta das coisas que tem a fazer, sempre a bradar: “_Ah, não consegui terminar tudo que eu tinha pra essa semana”, ou dia, ou mês... Mas... Observe atentamente; estão sempre ao telefone, MSN, ou qualquer outro afazer que não o de cuidar o trabalho que lhe foi entregue. Realmente este é um clássico!

    Bem, isso difere daquela preguiça que nos acomete, a todos, vez em quando, a vontade de ficar na cama e de preferência que alguém nos traga ali o café, com leite, com um bom pão de queijo e um belo bolo. O que me lembra uma amiga que disse sonhar em ter uma bandeja destas de pé, na qual se leva o café na cama... Perguntei-lhe porque não comprava e ela na lata responde: “Por que não vem com alguém junto para fazer e levar o café!!” Mas esta preguiça, é diferente, gostosa e benéfica, se ficamos na cama, logo estaremos com um livro à mão, um filme aos olhos ou elocubrando futuros que desejamos, e que a partir daí serão transformados em realidade. Ou não! Enfim, é uma higiene mental. Aliás, lembro no primário que tínhamos um momento após o recreio, que eram alguns minutos dedicados à higiene mental, cujo objetivo era nos acalmar, porque no recreio mesmo nossas energias afloravam, em correrias e gritos, um estado de excitação que não cooperaria em nada para o aprendizado de matemática da aula seguinte. Era um momento de silêncio onde esvaziávamos (pelo menos a intenção era esta) a mente.

    Sinto falta destas coisas, aliás, sinto falta de Educação Moral e Cívica e religião nos currículos escolares. Afinal, hoje pais não passam muitos esses valores aos filhos. E estudantes ocupam reitorias de universidades para protestar contra a imposição de leis seus campus, como se ali fosse um estado paralelo onde as leis nacionais não atuassem. Mas essa é outra discussão, o tema inicial já divagou tanto quanto as interrupções sofridas no decurso em que escrevia esses parágrafos; enfim aí estão algumas reflexões e o blog manteve sua periodicidade.

5 comentários:

  1. Ei, Djair...adorável teu blog...sigo explorando...


    Sobre teu texto de hoje...

    Muitas são as pessoas que têm medo de novas responsabilidades e, por isso, preferem a estagnação (talvez por isso você tenha percebido a Blague); outras possuem uma desorganização mental natural (rsrs) e não conseguem dar conta do que fazem. Convivi e convivo profissional e pessoalmente com pessoas assim e, confesso, me dão coceira..rs...(mas me esforço por entendê-las e respeitá-las. Seria tão bom se o oposto acontecesse...).

    Algumas vezes, me dou o direito àquela preguiça gostosa, aquele momento silencioso em que divago sobre coisas boas que possam vir a acontecer ou que já aconteceram; sobre conversas que tive; sobre viagens que fiz; sobre livros que li; sobre sonhos que tenho, etc. Isso me conforta.

    E assim, como você, me lembro deste silêncio tão precioso após o recreio quando era criança. E sinto falta de tantos, mas tantos valores deixados para trás, que acho melhor nem enumerar, caso contrário vou fechar meu note e começar a divagar sobre eles, “praticando o ócio destrutivo”...rsrs.

    Beijinhos.
    Com carinho,

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  2. Eu acho q a preguiça gostosa é fundamental...sem ela como parar p/ pensar um pouquinho na vida ou, como disse a Rô, sonhar? Mas preguiça a toda hora, má vontade, fazer tudo de qualquer jeito...como será a mente de quem vive assim? De qualquer jeito também? Existem pessoas que são naturalmente atrapalhadas...acho normal...anormal é abrir mão de querer melhorar...

    Sil

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  3. A preguiça não me permite dizer muito...
    Muitos são os que produzem a aparência de "cult", mas na verdade nem entendem direito a letra do Inimigos da HP, que dirá Chico Buarque, mas ficam com pose de intelectuais.
    Outros estão parados no tempo e espaço e nem se dão conta. Uns por achar que chegaram no topo e nem se dão conta que estão andando para trás.
    Outros não tem grandes expectativas.
    Agora, dá licença que tô com uma preguiça... escrevi muito....

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  4. OLá
    Menininho!!!
    Tem hora que fico com vontade de estar em casa devido ao "tedio" mas temos que sobreviver e ai unimos de forças e vamos trabalhar. E essas pessoas que não tem condiçoes de oucupar-se com outras atividades é aquela historia"quem procura acha a depressão sem nescessidade e para aquelas que consideram que já tem tudo meus "pesames" pela sua igonrancia!!!
    bjs
    Menininho

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  5. Um texto para se pensar.Lembrei da minha aula de sociologia, que o professor tentou explicar o ócio (risos) que confusão.Penso que em um momento de preguiça,ou na cama ou pós refeição, posso ouvir meu coração e uma bela canção, depois volta ao trabalho que faço com carinho.Só me disperço algumas vezes .......abraços Carminha

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