Diferente de cidades que não amam suas águas, o rio Tejo corre azul, vivo, piscoso, cheio de vida, contrastando com o azul claro do céu que faz da paisagem naturalmente fotogênica uma obra de arte. Você está andando por uma rua qualquer e de repente olha para ocidente... E lá está ele, impávido a correr ao mar...
Um lugar onde se chama trens de comboios, estações de paragens, e vagões de carruagens, é um lugar pleno de poesia; afinal a última flor do Lácio ali brotou, e continua a florescer lá, e em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. A língua está viva, firme, forte... Fora isto, se ouvem pelas ruas de Lisboa todas as línguas do mundo - gente de toda a Europa vem aproveitar o sol Lusitano, e dourar-se em suas praias, e então o melhor horário para visitar os museus de impressionantes acervos, e os monumentos e palácios, castelos e suas mil maravilhas, é logo pela manhã, quando todos estão às praias.
Uma das coisas a que se tem que tomar cuidado em Portugal são os doces, tantos e bons que cada região tem a sua especialidade. E os pastéis de Belém... Bem, quem os comeu por cá naquela esfiharria que os proclama, nunca comeu um pastel de Belém, mesmo porque os de Belém são vendidos em uma casa próxima do mosteiro dos Jerônimos, a mesma que o José Domingos Costa, português de nascença e autor entre outros livros de "O senhor major" e que sabe fazer pastéis de nata, recusa encarar como autênticos pois segundo ele os melhores são os de Marianita; no entanto, dos que comi, não comi nenhum outro igual ao de Belém. Até porque ali, e apenas ali, pude tê-los comidos quentes. Fora eles, há os Fofos de Belas, os travesseiros de Sintra, as queijadinhas de Évora, as bolas de Berlim, e por aí a fora. Não surpreenda-se dos quilos a mais na volta...
Os castelos e palácios abundam por Portugal, e algo me deixou pasmado... Seus museus... Não sei porque não são tão divulgados, se o acervo de cada um deles é fantástico. No Museu Calouste Gulbenkian, peças do Antigo Egito, marfins medievais, estupenda coleção de cerâmica e tapeçaria do Oriente Médio, móveis franceses, coleção de pinturas com Van Dyck e Monets entre elas, jóias, esculturas e por aí vai... Os imensos jardins do museu (na verdade dois museus, abrangidos pela fundação homônima - um de arte moderna que não visitei por não ser do meu agrado, como digo: parei nos impressionistas., e outro com a coleção do próprio sr. Gulbenkian), seus jardins, seus regatos, fontes e farta arborização, me levam a crer que ali nasceu a idéia de Inhotim, museu fazenda em Minas Gerais. No Museu Nacional de Arte Antiga, coleções de ourivesaria e joalheria portuguesa, vidros portugueses, artes orientais com suas porcelanas e... uma coleção fabulosa de Pintura européia, entre elas, As tentações de Santo Antão, de Bosch... Não precisaria dizer mais nada, mas tenho que citar ainda uma tela de Murillo, meu sevilhano preferido, o pintor barroco está ali também representado, e gosto meu, um dos melhores.
Poderia ficar horas a descrever os palácios, a gente, a comida, a música, seus azulejos, as ruas com suas calçadas de pedra (portuguesa), que espalharam a cultura lusa por cantos do mundo - quem não as reconhece no calçadão de Copacabana, por exemplo? Mas o espaço é pequeno, o leitor pode já estar entediado, então uma última coisa sobre Lisboa: Vá!
Fotos: Djair - Lisboa vista a partir de Cacilhas.
Monumento a Fernando Pessoa em frente a casa onde este nasceu.
Jardim das Pichas Murchas.
Detalhe de um dos muitos desenhos das calçadas
Tirando um certo ar de pedantismo (mas que não faz mal na altura do deslumbramento), gostei bastante.
ResponderExcluirJ
Menininho fico aqui viajando com seus texto e pensando que um dia poderia conhecer esse pais e imaginando as delicias da cozinha portuguesa
ResponderExcluirque maldade
que fome!!!
BJs
Menininha
Não há porque se entediar com o texto, ora pois! rs. Quem sabe, um dia, também irei pra lá. bjs
ResponderExcluirDeu ate vontade de conhecer ...hummmm as comidas engordei sode pensar kkkk lindo texto Bjus
ResponderExcluirJá que vivo nesse lindo país descrito no texto, apenas necessito de sair e empanturrar-me com esses belíssimos doces, ao mesmo tempo que vou visitando todos esses Monumentos. Parabéns pela descrição que está autêntica. Uma maravilha de texto.
ResponderExcluirVitor e Zuleide
Lindos lugares..mais lindo ainda é a forma poética com que descreve-os.Melhor cartão de visita,não há.
ResponderExcluirNão há nada de entedioso,mas sim,belo!
Obrigada por compartilhar conosco esses memoráveis momentos na terrinha.
Beijão,Djair!Um lindo sábado para ti.Dani.
Viajei nas tuas palavras, nos teus textos e até nos teus sentimentos.... Me deslumbrei com os lugares, pude sentir as cores e os sabores e quase, ouvir os fados da senhorinha....
ResponderExcluirMaravilha, Djair!
Bom domingo!
bjsss
Djair, eu li, mas não consegui postar o comentário....fui "apagada" quando mandei postar :( De qualquer forma, fica aqui o registro de que gostei muito do texto e com uma enorme vontade de voltar a Lisboa e conhecer mais sobre o lugar, suas cores, sons e sabores...
ResponderExcluirBy Wânia Pasinato
ADOREI O TEXTO. fICO LENDO E RELENDO E IMAGINO O LUGAR A CASA ONDE VIVEU FERNANDO PESSOA. oBRIGADA POR COMPARTILHAR. CARMINHA
ResponderExcluirNão me admira nada ter gostado, assim. Sou Portuguesa, morei vários anos em Lisboa, namorei nos sitios lindos de Lisboa, conheço todinho que é praça, jardim, rua, beco, bairro. Percorri pé (penantes) ou de electrico, o longe e perto. Agora não moro lá, mas vou com frequencia e sempre, mas sempre e cada vez mais eu fico deslumbrada e vejo de novo,com outro olhar, como quando se lê e relê o nosso livro preferido.
ResponderExcluirAdorei o teu texto sobre Lisboa. BONITO!!!!!!!
ResponderExcluirAté fiquei com vontade de saborear um pastel de Belém, apesar de gostar mais dos da pastelaria Marianita. rs:) Hummmmmmm, são uma delícia. Quando voltares cá levamos-te a Queluz, fica combinado.
Verónica Castro
É sempre uma satisfação ler seus textos. São palavras carregadas de sensibilidade e paixão. Aprecio cada detalhe, cada respiração sua ao descrever o que seus olhos percebem, aliás como captam, até as cores mais distintas, os objetos mais obscuros... enfim, amigo, admiro-te mais e mais em cada parada em que viajo contigo, através das ricas letras que se transformam em sua mente e repousam depois placidamente no papel como alma vivente. Beijos. Ana Angélica.
ResponderExcluirE eu fui e me encantou muito encontrar lá as ladeiras do pelourinho, um certo ar de Salvador... estranho mas foi essa a sensação. Cada vez que vou ao Pelourinho para comer no Maria Mata-Mouros tenho a mesma sensação e é muito muito egradavel. Uma outra sensalção notável aos ouvidos é a total ausência de gerundios... ahh que maravilha! Quanto a sua crônica? Ahh um primor claro.
ResponderExcluirEntendi sua paixão por Lisboa! Eu quero ir, eu vou.
ResponderExcluirAdriana Cruz
Logo menos serei eu a vislumbrar essa maravilha!! Ansiosa!!!
ResponderExcluirBoa descrição.
ResponderExcluirFrancisco Santos
Tamanha a maestria com que descreveu Lisboa e seus encantos que já não mais precisaria visitá-la...mas irei, com certeza!Lá está parte da história do meu pai, da minha história enfim.
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