quinta-feira, 31 de março de 2011

E quem fica com vergonha sou eu...

             Era um senhor que até então eu acreditava mais ou menos respeitável, até o dia em que, ao receber a consagração do cargo de diretor de uma instituição, disse de cara aos funcionários que era uma honra, mas como tinha que cuidar de suas empresas, a tal instituição ficaria a cargo de sua assessora...
Era uma manhã de inverno quando ele adentra a biblioteca, sem cumprimentar ninguém,  acompanhado da turma do beija-mão, e depois de olhar em redor, vê na sala de atendimento dois micros (os velhos 361) e fala em tom irônico: "_Éééé, eu não tenho um computador..." Lembro que pensei, e depois comentei, com uma colega: “Nem eu tenho uma ilha!”

***

            Era uma senhora distinta, com aura respeitável, conferida por suas posições e seus livros, um dos membros mais notáveis do conselho da instituição. Um dia, toca o telefone, e era ela. Pediu para falar comigo, responsável pelo atendimento na biblioteca. “_Ah, é que eu estou enviando um rapaz que é filho de um amigo, ele precisa fazer uma pesquisa, e eu queria que ele fosse muito bem tratado!”
            Aquilo feriu-me os brios, até porque ainda não era misantropo e adorava o que fazia. A resposta foi apenas: “_Bem, ele pode vir, que será muito bem recebido, muito bem atendido, assim como são TODOS os demais usuários que nos procuram, independente de recomendações.”
Na verdade, acho que sempre iria atender melhor quem não viesse com recomendações ou carteiradas...

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           Engraçado como algumas pessoas têm sempre que querer tirar vantagem de algum conhecimento, de algum contato. Em geral, pessoas miúdas sem expressão que fale por si, e que ao querer tirar vantagens mostram apenas sua pequenez. Dentre tantos exemplos rotineiros e que farfalham impunemente por aí afora, citarei dois destes exemplos para manter-me no tema.
Certa vez, uma “moça” queria emprestadas algumas obras das quais não se fazia empréstimo e que eram de uso restrito. Era apenas para mostrar na faculdade dela, além disso pretendia que o material de sua pesquisa fosse separado e depois fotocopiado e então enviado a ela, sem nenhum custo inclusive. Ao saber das impossibilidades, tanto dos empréstimos quanto da pesquisa segundo seus moldes, não teve dúvidas: “_Ah, mas eu sou amiga da ***, que era a diretora da instituição, e se eu falar com ela?” Respondi apenas: “_Bem, como você sabe ela é diretora e não bibliotecária, então não vai poder auxiliá-la em sua pesquisa.”
Isto, óbvio, por contar com o apoio e confiança da chefia imediata e da diretoria geral, a quem devo agradecimentos profundos.
Uma outra feita, já não contávamos com a mesma diretora, naquela mesma instituição, a mesma morrera há cerca de seis meses... Estava então em um dia normal de trabalho e toca o telefone; era um senhor querendo, ele também, material que não circulava,  a não ser para alguma exposição ou o que o valesse, já que tratava-se de material raro.
O mesmo queria que lhe fosse enviado por um motoboy, que ele mandaria apanhar, para selecionar em sua instituição, e depois então ele enviaria a solicitação. É claro que lhe foi explicada a impossibilidade, ao que ele rapidamente disse: “ Ah, mas sou muito amigo de Fulana de tal que é diretora, se eu falar com ela, tenho certeza que ela libera!” E eu compassivamente:Pois é, como grande amigo dela, o senhor sabe que ela não é mais nossa diretora, não é?” “Como assim? Eu não sabia, o que aconteceu?” “_Então, como o senhor é muito amigo dela, o senhor não soube que ela faleceu já há uns seis meses?”... Silêncio constrangedor e explicação de não saber por estar fora, etc... E não houve mais solicitação alguma...

3 comentários:

  1. Gente cara de pau e aproveitadora é o que mais tem, especialmente travestida de senhoras (es) distintas (os).
    O pior é que acham que ninguém percebe suas mentiras, seus interesses particulares sendo satisfeitos com o dinheiro público etc, etc...
    O que será do mundo? Por isso tantas Ristoffen e outros mais, sem respeito por nada, são as crias dessa gente.

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  2. Me fez lembrar uma diretora (você também a conhece)cujo lema é: aos amigos tudo, aos inimigos o rigor da lei.

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  3. odeio essas pessoas que alem de querer as coisas mastigads principalmente quando vao a bibliotecas , com aconteceu hoje quando uma usuaria da unifesp disse uqe nao sabia fazer pedidos de revista , tive que fazer!!!!
    ainda se dizem amigos de alguem "importante" e exigem atendimento "vip"
    gentalhas

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