Seu  Jaca era o prefeito naquele tempo. A alcunha lhe tinha grudado às faces  poucos antes da eleição, quando, sem instrução formal, para concorrer  fêz um curso às pressas, e segundo as línguas, boas e más, tinha  respondido na prova que Jacaré era mamífero. Daí espalhou-se rapidamente  por todos os cantos da cidade, independente de quantos cantos tinha, de  que classe social habita-se cada canto, o apelido de Jacaré. Sabendo  ele sobre o tal apelido, ao sair o resultado da eleição, mandou desfilar  em um carro por toda a cidade, preso em um aramado (que fazia às vezes  de jaula), um enorme jacaré, e preso às grades, uma faixa com os  dizeres: “Jacaré mama sim!” Já que de fato ele tinha “mamado a eleição”! 
De  jacaré a Jaca, foi um pulo, afinal abrevia-se tudo, porque desde  Macunaíma a preguiça e o desejo de esforço menor vive por aqui, seja na  preguiça de ler, de levantar para entregar um documento na mesa ou sala  ao lado, seja no digitar ou abrir da boca para pronunciar uma palavra  mais comprida. 
Já  eleito, empossado, titulado, diplomado, vez por outra soltava pérolas,  que verdadeiras ou não, quem poderá saber...? Afinal já se disse há  muito que o folclórico é o que fica. 
Fazíamos  parte de um movimento cultural. Certa feita, organizando um  evento, fomos à prefeitura solicitar cópias xerox para divulgação.  Atendidos pelo prefeito (é, já houve tempo em que eles atendiam cidadãos  comuns), ele apenas respondeu: "A máquina está quebrada!" 
Ao  sairmos, agradecendo polidamente, Chico dirigiu-se à secretária: “O  prefeito mandou tirar 200 cópias.” Daí a pouco, saíamos com as cópias do  convite para o evento. 
Reza  a lenda que, quando recebeu uma comitiva do IBAMA, que veio oferecer  mudas de palmeiras para arborizar a cidade que é quente como Teresina, o  prefeito após ouvir em silêncio a oferta responde: “Vocês já subiram no  prédio da Cezíso que é o mais alto de Cezídia?” Ao que estupefatos  responderam: “Não!” com a cara de quem viu visagem. 
E  veio a fatídica sentença: “Pois então subam, e vocês vão ver o tanto de  mato que já tem nessa cidade pra me dar trabalho!” Reunião encerrada. 
Era assim, curto e grosso, à vezes mais curto que grosso, outras mais grosso que curto... 
No  cemitério de Cezídia, a grande maioria das covas ficava no no chão onde  se faziam canteiros de flores, onde mulheres pobres das proximidades  tiravam seu sustento, regando as covas de famílias mais remediadas duas  ou mais vezes por semana, conforme o contrato. Regavam, arrancavam as  daninhas ervas que cismavam em brotar com canteiro de terra fértil, já  que adubo não faltava ao campo santo. Entretanto, o caminho às covas era  inundado delas, formando verdadeiro matagal, em alguns trechos difíceis  de transpor. 
Seu  Jaca, em visita ao cemitério durante um enterro de um defunto rico,  abordado pelas aguadeiras, que corajosas foram ter com ele, ouve  impassível a solicitação: “_Seu prefeito, por favor, tenha dó de nóis  (sic), mande carpir o cemitério... Olha como tá de mato, olha como tá  meu vestido, tá até bordado cheio de carrapicho.” 
Seu  Jaca insensibilizado, sem mover sequer um único músculo do rosto, apenas olha, e então sorrindo com sarcasmo responde: “_Tá cheio de carrapicho, num  tá? Pois  então pegue... Leve pra casa... Faça um chá, e beba!”
Seu Jaca é parente do Amazonino? Que disse à uma moradora: "minha filha, então morra", por esta justificar morar em local de risco por falta de melhores condições de moradia... Resta saber: será que ela votou no prefeito? E nós, votamos? Votando ou não o problema sempre será nosso...
ResponderExcluirSeu Jaca,ou melhor,Seus Jacas,são tão comuns nos dias atuais,né?Ou melhor,sempre estiveram presentes no cenário brasileiro.Exímios fanfarrões e mamíferos no sentido mais literal da palavra que sugam os cofres públicos por aí..
ResponderExcluirBeijão,Djair!Fique com Deus!Dani.
Hoje vou deixar de lado o discurso moral sobre a politicalha e reservo-me apenas o direito de rir ! rsrsrsrsrsrsrs....
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