Mariinha, era uma loura (natural) estilosa, de personalidade forte e que causava impacto onde quer que chegasse; competente profissionalmente, trabalhava em um dos melhores escritórios da cidade, amava o pai acima de tudo, a quem ajudava na criação dos muitos irmãos, desde que a mãe falecera, deixando-o só com quase uma dezena de filhos. Na verdade, era Mariinhao pulso firme da casa, em questões de compras, trato com empregadas, e no trabalho do pai em revisões de processos, etc.
Uma noite, à hora do jantar avisou que queria todos à mesa e assim, todos reunidos, abriu um vinho, serviu a todos, e ao final da refeição, onde fez questão de comida especial e louça de visitas, em tom sóbrio anunciou: "Aqui em casa, tem três porta, então o negócio é o seguinte: Eu gosto de mulheres, se você aceitam, ótimo! Se não, é só escolherem por qual das portas vocês querem que eu saia."
Não só permaneceu, como sempre contou com o apoio de todos familiares.
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Maria era a única neta de uma senhora católica, apostólica romana. A mãe casou grávida, o que deu grande desgosto à avó, que não quis saber de festas ou comemorações; a tia, nunca casou, e assim a avó pôs toda esperança do branco e da flor de laranjeira na neta.
Maria cresceu, embelezou, estudou e foi fazer faculdade. Lá conheceu um rapaz, se olharam se gostaram, namoraram. Ela descendente de italianos da Mooca; ele de fazendeiros do Mato Grosso.
O moço conheceu sua família e ela foi conhecer a dele. Férias maravilhosas com futuros sogros, comida e vida na fazenda de sonhos; o namoro prosperou, a faculdade acabou e resolveram casar.
A avó não fez por menos, o que não tinha feito pelas filhas pela neta, Festa pra mais de metro, Igreja Nossa Senhora do Brasil, vestido de costureiro famoso, logo: caro, muito caro, carissímo. "Trocentos" convidados, bolo de vários andares, bem-casados, bufê nos Jardins... Enfim, a velhinha gastou a economia de uma vida.
Depois da festa, viagem de núpcias, como se dizia outrora, e foram morar na fazenda. Dias maravilhosos se seguiram, até que aos 18 dias de casada, ele teve uma crise de ciúmes do próprio irmão; gritos, correria, uma confusão. Queria bater-lhe para ela aprender a respeitá-lo.
A mãe do rapaz, após acalmar um pouco a situação, com voz compungida fala para a moça: “_Sabe o que é? A gente esqueceu de contar, mas de vez em quando ele tem esses surtos, mas é coisa rápida, logo passa.”
E Maria lhe responde no mesmo tom de voz: “_Sabe o que é? Eu esqueci de contar, mas não sou o tipo de mulher que se submete a isso. Tô indo embora!”
Fez as malas e 19 dias depois de casada voltou pra casa: “_Gente, voltei!”
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Maria Rita o conheceu um tempo antes do primeiro casamento, se olharam, conversaram, se gostaram mas tinham outro destino naquele momento: ela casou com outro, foi morar na França, ele foi embora para Barcelona.
Como o planeta ainda dá voltas e as pessoas dão volta em torno dele, voltaram ao Brasil, ambos livres agora, se encontraram, se olharam, conversaram, se casaram.
Anos de felicidade, certamente com alguns dias nublados, como é comum em todo relacionamento.
Um dia, ele que tinha um barco, resolve participar de uma regata que sairia de Lisboa chegando à Bahia. O barco estava em Miami, e ele seguiu para lá, de lá desatracou e rumou a Portugal, para então voltar na tal regata. No meio da travessia, eis que o barco quebra, nada tão grave, mas teve que voltar a Miami para consertos. Resumo da ópera: três meses no mar.
Ele volta, ela ansiosa por vê-lo, fazem amor, matam saudades e, em poucos dias, ele a chama e diz: “_Acho que estou precisando de um tempo... Para pensar.”
Ela apenas arremata: “_Você passa 3 meses no mar e volta precisando de um tempo??? Bem, como a casa é minha, eu te dou duas opções: ou você arruma suas coisas, ou eu arrumo suas coisas. Qual você escolhe?'
Em relação as 3 Marias tristes, estas ainda não são totalmente felizes, mas são humanas, fortes e normais! Muito normais! Gostei!!! Só fiquei curiosa com o q aconteceu com a 2ª Maria quando voltou pra casa rsrsrsrs
ResponderExcluirQuerido Djair
ResponderExcluirSeus micro-contos me dão muito prazer. São histórias tão humanas, tão possíveis, com um poder de comunicar tão grande... Tenho certeza que isso só é assim porque elas possuem uma qualidade rara: saem de seu coração e vão direto ao nosso, seus leitores! Grande beijo!
Acho que terá de mudar o nome do blog. Prajalpa não tem nada a ver com o conteúdo do seu blog. Quanto as Marias, resumiu as "Marias" que vivem dentro dessas mulheres maravilhosas e decididas que nos rodeiam.
ResponderExcluirAdorei o que li. Texto simples e direto.
ResponderExcluirMe senti no sofá de minha sala ouvindo um amigo contar um caso de família rsrs...
Independente da história, o que mais tem no mundo são "Marias", todas guerreiras. A única diferença esta na coragem. E a coragem por sua vez , esta intimamente ligada a força interior. Algumas " Marias" , infelizmente não se descobriram corajosas e,inconscientemente, usam toda a sua força interior suportando suas dores e perdas, enquanto que outras, transformam essa força em ação , vão a luta e vencem obstáculos.
Coragem! Para suportar ou para revidar. Eis aí uma força que impulsiona ou detém dependendo da forma como é usada.
Parabéns por descrever com tanta delicadeza o universo dessas mulheres que passaram pela sua vida.
ResponderExcluirÉ muito fácil identificar um pedacinho de cada uma delas em nós mesmas!
E estas então... São ótimos exemplos de mulheres que se valorizam e que consideram os homens apenas um complemento, não a razão das suas vidas.
Mulheres! É preciso atingir este grau de maturidade se quiserem se considerar “Marias de Verdade”!
Mulheres de atitude, fato. Lição tanto para mulheres quanto para muitos homens por aí.
ResponderExcluirE como sempre, você Djair, ótimo escritor!
Parabéns!
Meu querido adorei esses micro-contos.
ResponderExcluirPrecisava de algo do tipo para me animar hoje e me deliciou novamente com suas brilhantes palavras.
Um grande abraço do amigo aqui.
Essas Marias são o retrato da mulher atual: inteligente, decidida, independente. Gostei muito dos contos. Parabéns !!!
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