sexta-feira, 13 de junho de 2014

Palavrinhas sobre palavrões



“Há maneiras adequadas de discordar do governo e do governante. Defender ideias contrárias é uma delas. Argumentar com sobriedade é importante para concordar e para discordar. A vaia e as grosseiras palavras gritadas no estádio contra a presidente da República, Dilma, envergonharam todos os brasileiros, até os que não gostam dela.”

Luiz Otávio Pereira



"Um povo que se julga culto, educado, uma gente de bem. E não respeitou a Chefe de Estado num evento sob holofote mundial. Chefe esta que foi eleita democraticamente.

Juro. Pra mim é tão claro quanto o sol a tentativa de furto do Estado Democrático de Direito”

Anna Mazzeo



Ambas as sentenças, publicadas no facebook, pelos dois amigos, refletem a educação, digo a absoluta falta dela, embora grande parte dos que o façam clame justamente por melhoras na educação; afinal, para esses, a educação formal é aquela adquirida em bancos escolares e cadeiras acadêmicas.

E por falar em cadeiras acadêmicas, estou engasgado, há meses, mas especificamente desde março, com a capa da revista Cult, na qual vinha estampada a professora da UFRJ, Ivana Bentes, senhora com quem tive contato profissional há alguns anos. Gentil, simpática, educada e cordial, tal contato valeu-me inclusive agradecimento em seu livro: Glauber Rocha: Cartas ao mundo. Pois bem, na capa a professora trazia o dedo médio em riste.

Não comprei a revista, aliás, desde então deixei de comprar, achei desrespeitoso, no meu ver esse gesto, que não cai bem nem a homens nem a mulheres (se aqueles, tendem a remeter à ideia de seus pênis, elas desejariam demonstrar seus clitóris?). O título da matéria era: “Respeitosamente Vândala”! Sério mesmo, que alguém pense ser respeitoso empunhando uma ereção do artelho central de uma das mãos? Isto à capa de uma revista que fica exposta nas bancas à vista de todo e qualquer passante? Onde somos obrigados a ver ainda que não quiséssemos? E era o que acontecia a cada hora de almoço onde, para chegar ao restaurante cotidiano, passava em frente à banca... Realmente eu tinha raiva cada vez que via a tal capa. Não tive desejos de ler o que ela tinha a dizer. Respeitosamente, declino.

Dia destes, um outro colega de rede social, posta também, assim, gratuitamente, o mesmo gesto: será que acha engraçado? Moderno? Rebelde? Não sei... Apenas cliquei o não quero ver isto. Afinal de contas, ainda valia manter-lhe ali apesar da reprodução do gesto. E ali eu tinha essa opção, diferente da capa da revista estendida à altura dos olhos, na banca.

E assim, vemos e ouvimos, os “vai tomar em tal lugar”, e outros mais de naipes semelhantes, em estádios, no metrô, na rua... Não que eu não fale palavrões, falo, embora evite esses, e ainda mais assim, gratuitamente, pelo simples prazer de mostrar-se boçal ou indignada, quando parece mesmo querer aparecer a qualquer custo. 

Foto:  A capa da revista citada no texto, com edição feita por mim, a fim de não propalar o tal gesto.

4 comentários:

  1. Lembrando do ocorrido e pensando a partir de seu texto me ocorre dr considerar o quanto expressoes de estruturas arcaicas e primitivas sao exitosas em todos os personagens envolvidos. O governo, atraves de sua representante, usando, de forma perversa, um produto da cultura popular - o futebol- num objeto e instrumento para falcatruas, corrupçao e beneficios de poucos em detrimento de um povo que se encanta e se ilude como criança frente a essa pompa. De outro, bem formulado em seu texto, expressoes arcaicas produto do odio, da inveja e de todaa sorte sentimentos que denunciam o ser explorado e asujeitado ao dedejo do outro.

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  2. É,achei estranho...até porque que pagou um ingresso tão caro pra ver aquele circo dos horrores é que tá tomando lá e ainda não se deu conta.Eu,como brasileira,fiquei com vergonha.

    Excelente reflexão,Dja!

    Beijão!Dani.

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  3. Que bom que você fique indignado. Eu nem dei a mínima... Deve ser a desesperança total.

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  4. Apoiado, Djair! Escreveu muito bem. Estou honrado por você transcrever meu texto através do qual também não aprovo as grosserias. Deve haver elegância para concordar e para discordar.
    Luiz Otávio Pereira

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