quinta-feira, 26 de julho de 2012

Deus salve a gafe nossa de cada dia

Hoje, como volta e meia acontece no meio político, do esporte e qualquer outro, foi dia de gafe. Ao anunciar as atletas da seleção de de futebol feminino da Coreia do Norte, foi exibida no telão do estádio em Glasgow, na Escócia, a bandeira da Coreia do Sul. Provavelmente alguém perdeu o emprego, ou no mínimo levou uma “encarcada” daquelas. Ainda mais em se tratando que a gafe envolve países rivais politicamente e que se estranham amiúde. As jogadoras saíram de campo antes da partida contra a Colômbia e retornaram depois de mais de uma hora. Organizadores emitiram pedido de desculpas e, apesar do constrangimento, o que poderia abalar a equipe da Coreia do Norte, serviu para (ao que me parece) estimular, e ela venceu a Colômbia por 2 a 0.
            Mas... Quem nunca cometeu uma gafe? E tantas, e quantas? E feias? Daquelas que fazem rir e viram causos àquelas que tiram noites de sono e causam remorsos. Eu as coleciono às dúzias, e me puno mentalmente por elas, por minha irreflexão e falta de tato, então deixemos elas lá bem quietinhas e falemos das dos outros, que a nossos olhos condescendentes são sempre menos graves e mais risíveis que as nossas, afinal a vergonha foi do outro.
            Uma que nunca esqueço foi ainda em Cezídia; naquele dia, à noite íamos todos a uma boate, recém-inaugurada e bem afamada por ter bom som, bom DJ, etc, etc, etc. Estávamos todos na casa de Pedro, a quem eu tratava de padrinho, por ter apadrinhado um relacionamento fugaz mas que serviu para dar-lhe tal alcunha.  Enfim, éramos umas 10 pessoas, fizemos as contas e já prontos vimos que precisaríamos de dois táxis, mais a entrada da boate, mais bebida, etc.; sairia uma grana a diversão noturna, mas a noite prometia. Descemos todos e vimos uma faixa na quadra do prédio, haveria uma festa com bingo em uma das casas vizinhas, não sei de quem partiu a ideia, mas... E se fôssemos à festa ao invés da boate, a diversão seria a mesma, dança, bebida, risada, etc, etc... Todos de acordo nos encaminhamos para lá... Ocupamos duas mesas no jardim e lembro que consumimos duas caixas de cerveja e uma de refrigerantes. Conhecemos a Marta e sua irmã, que moravam no mesmo prédio do padrinho, um andar acima e que juntou-se a nós. Ríamos, contávamos causos, um ou outro entrava e dançava por um tempo e depois voltava. O resto do pessoal? Bem... Pouquíssima gente, a festa fora um fiasco, e até por isso e por sermos um grupo que consumia, éramos tratados pelo rapaz que organizara o mico com o maior apreço, afinal prejuízo pouco é bobagem.
            Uma das meninas foi embora, não lhe lembro mais o nome, apenas que era bonita.. E fanha... Fosse eu Machado de Assis, e fosse o blog Dom Casmurro teceria: “Se fanha porque bela, se bela... porque fanha?” Mas enfim o causo era que a essas horas estávamos todos na mesa a cantar e, à saída dela, que era uma das mais cantantes, começamos todos a cantar imitando-lhe a nasalação, e dá-lhe “Encosta sua cabecinha no meu ombro e chora, e chora, e choooora...” Pode não ter graça aqui, mas a maldade feita em grupo, e depois de várias garrafas de cerveja, era de despertar gargalhadas homéricas, altissonantes, intermináveis. E para quem  está a esperar que ela voltasse e nos pegasse no ato e daí viesse a gafe da história em questão... Pois bem... Isto não aconteceu...
            Bem, voltando à festa, Victória, que não bastasse o pré-nome de glória tinha que ser Régia, era das mais animadas com a dança lá dentro, e vinha à mesa volta e meia contar uma piada ou fazer um comentário jocoso... E lá vinha ela a adentrar de novo o “salão de baile”. Numa dessas ouvimos uma discussão... Quem era? Victória... A própria... Envolvida numa tonitruante discussão com outra menina...
            O namorado da moça tinha se engraçado por Victória, e Victória tinha achado muita graça no rapaz, já a namorada daquele... ficou séria e daí veio a discussão, - aliás porque sempre as moças vão tirar satisfação com as outras e não com os mancebos? – Enfim, a moça queria que fossemos embora, etc, etc... O rapaz dono da festa tomou-nos as dores e mandou que ela sim se retirasse; nossa amiga volta passada à mesa, narrando sua versão do acontecido e pedindo mais cerveja. Para o rapaz dono da festa, ela começa a desabafar: onde já se viu... Ah, mas eu conheço essa menina, ela trabalha lá na *Censurado que eu não sou besta*, não é? E ele: É, é sim... Pois ela vai saber quem é Victória Régia não sei das Quantas, ela me aguarde que vai ter noticias minhas. Isso é uma histérica que tá precisando mesmo de macho, e sobe o morro, e desce barraco, e de tão fina vira uma lavadeira (que segundo reza a lenda tinham um linguajar chulo e vulgar). Desabafo feito, ela pergunta ao rapaz que pacientemente ouvia mas agora queria que a gente fosse embora... Ela é o que aqui? Organizadora? Dona da casa??? E o rapaz: Não... é só minha irmã...
                E você, vai contar a sua?

Foto: Anjinhos barrocos, safadinhos - São João del Rey

32 comentários:

  1. Delicioso como uma... gafe!
    Beijos, querido!

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  2. Pô seu Djair tem que contar as suas não pode omitir suas perolas...

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  3. E lá estávamos naquela churrascaria, onde uma vez por mês se fazia jantar de reunião do "tanomoshi"( tipo de consórcio financeiro entre amigos)num grupo de umas 30 pessoas. E vai lá, pega uma salada, retorna pega mais alguma coisa, e na terceira passada no buffet, aquele cara que tenho certeza de conhece-lo "não-sei-de-onde", sentado numa mesa, só encarando.... E prá não pousar de orgulhosa, passo do lado e pergunto: Te conheço de onde? E na maior cara de pau, o cara responde: Daqui mesmo, trabalho aqui!!! Ah, então tá, né?! Môh micão!!! ... kkkkk... O meu ex, e todos os meus amigos morreram de rir, e me chamaram de maluca; mas tb me diverti junto!!!... Mas hoje prefiro pousar de orgulhosa!!! kkkkk

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    1. Putz, naquela época eu ainda estava casada... acho que não saco certos lances! kkkkk

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  4. adoro .....sou o rei das gafes kkkkkkkkkkkkkkk.......tenho cada umaaaaaaaaaa

    ALAN COSTA =]

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  5. hahahahahaha, ai Dja, tenho tantas que nem sei por onde começar...Acho que podemos fazer um livro somente com as gafes de minha vida...hahahahahahha! Saudadessssssssssss! Beijossss
    Jujú Shimura

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    1. Jubs, precisamos marcar um boteco de novo para que me contes algumas. Ai rende postagem nova aqui. rsrs

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  6. Os 'sem noção'...
    Esses são os melhores.
    : )

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  7. Djair, eu nunca cometo gafes, então não posso contribuir com nenhuma postagem :), mas quero dizer que li a história como se pudesse ouví-lo contando. A entonação, as pausas, risadas...adora cada vez mais ler suas histórias...adorei! bjs. Wânia

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    1. Wânia, você é muito doce e educada para cometê-las. Nossa, fico envaidecido, sinal que os textos estão melhorando. rsrs
      Bjs

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    2. Djair, vc acredita que a Wânia nunca comete gafes?
      Ops, acabo de cometer a minha ao revelar isso :) beijos

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    3. Eu acredito lógico! A Wânia pensa antes de fazer, diferente de mim, que primeiro faço a caca e depois penso nela...

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  8. Puts, gafe é uma coisa louca né? Algumas são deliciosas de contar e ouvir as dos outros, já outras incomodam e provocam vergonha e lembranças nem tão boas... Sou mestre nessas últimas... Sabe situações como as dinâmicas de grupo? Qdo vc leva ao pé da letra o que manda a regra? E depois de vc soltar o verbo percebe que todos pegaram leve e rasgaram seda... Pois é, sou eu... Se os outros são autênticos nessas horas eu não sei, mas sempre sou alvo dos "olhares tortos" após ter soltado o verbo....

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    1. Ai Rô, eu também... Pra mim regras são regras... Sou bibliotecário. rsrs Ai de nós...

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  9. Adorei e me lembrei daquela do Portugal Telecom e quase morri de rir de novo!!

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  10. Vou contar uma da minhã irmã que etava toda estressada com filhos pequenos e trabalhando Caixa Econômica Federal. Um dia no trabalho ao chamar um cliente para irem a outro local, ela disse:" vem aqui com a mamãe"...
    Alguém supera esta?

    RAF

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    1. Ótima Raissa!!! Tem uma amiga que aprontou uma similar, qq dia conto no blog.

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  11. Muito bom! Certa vez, na piscina do clube, cheguei por trás de meu amigo e afundei a cabeça dele na água. Fiquei esperando que ele voltasse do fundo da piscina. Surgiu à minha frente alguém que eu nunca havia visto. Ele morreu de medo de mim e fugiu. Eu morri de vergonha dele e fugi para o outro lado.
    Luiz Otávio de Lima Pereira

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    1. Luiz, essa foi pra levar a taça!! Ótima!!! rsrs

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    2. Não sei de quem fiqueii com mais dó...rsrs

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  12. Sempre tem as classicas neh??? do tipo... pra quando é ???(afinal a vestimenta deixa o abdomem notorio), e eis que a dita responde... ah... to gorda mesmo.... kkkkkkkkkk

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  13. Seus causos são sempre ótimos. Ri aos bortotões...
    Vamos lavar a alma, aqui vai uma das minhas: chamar alguém de anta na Praça da Sé achando que é um amigo e quando a pessoa se vira e vc vê que se enganou nem sabe onde enfiar a cabeça...

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    1. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk... Rindo alto ao iaginar sua cara olhando o cara a te olhar...
      Abração

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  14. O meu bom senso me impede de contar minhas gafes,porque são tantas,mas tantas..ouso a dizer que não exista na face dessa Terra alguém que cometa mais gafe do que eu.Sou uma toupeira ambulante legítima.Mas,vou contar a última.Encontrei uma colega de infância e perguntei pela mãe dela,só esqueci um detalhe:a mãe dela já tinha falecido há três anos,e o mais absurdo foi que euestive presente no velório..Isso é caso de internação imediata,penso que meu caso não tenha mais conserto.
    Parabéns pelos textos,sempre leves e bem humorados.Ótimas leituras,sempre!!
    Beijão,Djair.Dani.

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  15. Amei o texto e vivo cometendo Gafes........Como chamar a pessoa e quando vira não é.....Na festa na saca dos meus tios sábado, estou conversando com um primo que fazia tempo que não via. Certo hora ele falou sua mãe coitada de cadeira de rodas...... paciencia né....eu comecei a rir alto. Ele olhando para minha cara disse: o que foi. Eu disse: minha mãe morreu tem cinco anos essa é nossa tia..... Caimos na gargalhada. Abraços Djair
    Carminha

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    1. Nossa, realmente esse post rende, cada um com uma melhor que a outra...

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