Clarice Lispector quando ia escrever um livro, exilava-se em um hotel, ainda que no bairro das laranjeiras, o mesmo em que residia. E ali, deitava a pena a folha sem preocupar-se com nada a não ser a dar cor, em forma de letras, às suas idéias.
Tarsila, já habituada ao cotidiano de Paris, ao retornar ao Brasil trouxe seus experimentos pelo cubismo na bagagem. Aliás, cubismo que o próprio Picasso só foi experimentar ou pelo menos trazer à luz, depois da famosa “fase azul”. Afamado, afortunado...
O processo criativo que nos chega como notícia de massa, beira o excentrismo de facto, porque parece dado livremente àqueles já abastados ou beijados pela fama.
Pelas narrativas de cantores, compositores, atores e outros “ores” donos de outras dores, temos registros de brigas para fazer da sua arte, o que se quer, o que se acredita. Uma vez perguntada porque tinha aceitado um papel desprestigioso em um filme a atriz estadunidense Daryl Hannah, teria respondido que aceitava papéis de que não gostava por ser uma atriz que precisava trabalhar para comer...
Nas artes em geral, no dia a dia...
A fotografia do feio choca o gosto fácil pelo belo. O afago meigo que disfarça a mão – a mesma que apedreja – rude.
A resposta que traz consigo novas perguntas e questionamentos, que faz mexerem-se neurônios, ao contrário das “short answers” que com suas respostas objetivas não fazem ninguém pensar nas possibilidades atrás de cada interrogação, mas trazem sim pontos finais, sem possibilidades de novos questionamentos.
E assim se emburrece na leitura fácil do semanário que dita modas e comportamentos. Nas novelinhas que mostram que o “ficar” é mais importante que o gostar. Que o que importa não é o gasta, o quê se pode pagar e sim o comprar para mostrar aos outros que se tem.
Afinal, se o “tem olhos para ver, que vejam” se resume a pré-estréia da fita com mais efeitos “especiais”, quem é que vai ouvir?
É meu amigo, lembrei-me de Renato Russo cantando: "Estou com medo, tive um pesadelo, só vou voltar depois das seis"... Neurônios, coisa que está em desuso ultimamente. No filme Laranja Mecânica tem uma cena inesquecível para mim; quando, a personagem principal está amarrada à uma cadeira e seus olhos estão arregalados e seguros por um objeto que não os deixam fechar. Seguidamente é pingado um líquido no globo ocular registrando ao telespectador a mais cruel forma de tortura. Fazendo um paralelo à essa cena noto que hoje, os BBB de plantão, te chamam "prá dar uma espiadinha". Não me interpretem mal, sem discriminação, mas vejo pessoas de todas as classes sociais sem a mínima noção do bom senso e da educação assistindo a isto! "Vamos levar aquilo que não me agrada para o "paredão"! Vamos eliminar esse e aquele, porque não me simpatizo com ele". Querem me fazer ver o que não quero ver! Em suma, está muito difícil encontrar personalidades com conteúdo, que me façam refletir sobre o que estão falando e acima de tudo que me façam sentir entusiasmo em ouví-las. Por isso, me sinto honrada em ter amigos iguais a você. Amigos plenos, recheados de sensibilidade ao que é belo, ao que é eterno ao que é de boa índole. Enfim, gente da nossa gente! Beijos Djair. Obrigada por fazer parte do meu mundo. Ana Angélica.
ResponderExcluirGostei do novo layout.... Leve... Bjo
ResponderExcluirComo não encontrei inspiração para o trabalho resolvi passar por aqui e ler o post recente e recomendado. Como sempre gostei. Concordo em gênero, número e grau com o que você escreveu. E se você me perdoa, achei apenas que faltou você mencionar algo que tem me incomodado muito: os textos de auto-ajuda! Estes não colocam apenas um ponto final ou dão respostas rápidas, mas fazem com que a auto-estima de quem lê e busca este tipo de conhecimento, continue em baixa, pensando 'é isso!' 'eu posso ser assim'...é triste não? mas seu texto, como sempre é delicioso! Bjs e parabéns por ter o 'dom' da escrita! Wânia
ResponderExcluirLendo seu seu texto(um dos melhores que já li),veio-me Foucault à mente.Esse modelo arcaico de que temos de aceitar verdades como sendo algo absoluto.Foucault em sua obra"A História da Loucura",nos fala que verdades não são hegemônicas,pois já que essas são produzidas pelos Homens.E são essas verdades que nos tornam portadores de uma visão tão restrita e tão mesquinha,limitando nosso processo criativo.Ficamos totalmente alienados e reféns de sistema perverso.Uma vez que,irmos contra a essa corrente maliciosa,somos chamados de loucos,fora de nossa razão,excluídos.Aceitamos tudo fácil demais..
ResponderExcluirParabéns pelo excelente texto.
Beijos,Dani.
Bem li varias vezes seutexto, belo como sempre. Pensei assim: Precisavamos ler bem no começo de Janeiro e continuar refletindo.A Dani lembrou de Focault, boa lembraça ou dizemos amém para todos ou mais uma vez somos louco.......Acredito que aos poucos ou etre nós podemos os unir, para uma poesia , ou café. Lembrado em poesia Comprei o Cd da Clarice Lispector .......Declamado pela Aracy Balabaniam. Acredito que iria gostar, Obrigada pelas palavras Carmem
ResponderExcluirOlá
ResponderExcluirMenininho
Fiquei pensando as pessoas usam os neuronios para exibir os bens materias que tem , para pregar suas verdades, dar ordens, julgar os outros, so
para citar algumas coisas.Deveriam sim preencher tempo com a leitura, cinema ,com coisas ligadas a cultura.
BJS
menininho
Feliz Ano Novo!!!!
ResponderExcluirNada como um texto assim para começarmos um novo ano...Hoje usamos,vemos e lemos o que está na moda, o que é "aceitável" pelas massas...mas e amanhã? Como seremos, ou melhor, o que seremos? Alguém já pensou nisso? Gastamos tempo e dinheiro alimentando o fútil e esquecemos de alimentar a alma...
Pude, durante as férias,ver o que se passa na TV...triste destino de quem não consegue passar sua semana sem uma novela ou programa de TV...
Mas como cada um escolhe sua estrada, temos que respeitar o gosto alheio e continuar tentando alimentar nossa alma com o belo, o sensível, o imaginável...
Ainda bem que temos seus textos...
bjss
Sil
Olá, Djair, tudo bem?
ResponderExcluirAcredito que tudo na vida é feito de escolhas e o como reagimos em consequência delas...
Não aceito a monopolização que fizeram com a arte, submetendo-a a "explicações práticas", de que se necessita viver...
A citada Clarice Lispector, maravilhosa, da qual sou uma admiradora incontestável, dizia que escrevia para ela, era "egoísta" o suficiente para pensar em si mesma quando escrevia.
Queria dizer com isso que tinha uma fidelidade com sua inspiração, e isso é arte, o "compromisso" com a verdade de quem a cria!
Discordo com a atriz Daryl Hannah, que aceita filmes "qualquer nota" , porque precisa comer.
A classe artística não encerrra um trabalho como outro, cujo objetivo seja o financeiro em primeiro lugar.
Todo artista tem que ser inteligente o bastante para unir o útil ao agradável: captar a inspiração, vertendo-a em transpiração...
é possível, sim, sermos competentes e ganhando o pão de cada dia!
O principal é saber: sou talentoso(a)?
Depois, é lutar com ardor e fazer da arte a proposta que nunca deveria sair do ponto: continuar sendo ARTE!
Belíssimo artigo o seu, o qual li e reli com satisfação!
Um forte abraço,
Mary:)
Oia mudou o visual!
ResponderExcluir:D Muito legal, e gostei do texto... ri muito da sua visao da importancia da leitura kkkk
O seu sarcasmo e o modo como disse as coisas, me fez lembrar outras coisas irl, e eu só ri
Elena Cahill
Queria ir para Fernando de Noronha para quem sabe conseguir pensar kkkkk, ja que Tarsila ia para Paris né.
ResponderExcluirBjs
Luciana Meira