quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Francinette, a hipocondríaca insone


Ainda nestas mesmas da postagem anterior férias, visitamos (Francinette, Mário, que nos hospedava e eu) Clara, uma conhecida em comum que esteve a morar em Fortaleza. Clara era fã de butiques e usava sempre as melhores grifes, por isso mesmo, era comum a chamassem de Clara Dancing Days, ou devido a beleza facial desfavorecida, de Clara Crocodilo, já que apesar do corpo jeitoso, como diziam alguns, o diabo tinha peidado em sua cara. Ginecologista, tinha amizade com Francinette desde tempos imemoriais, estudaram juntas no colegial e passaram na mesma faculdade em Fortaleza, onde os pais, de recursos avantajados, as bancaram. Isto serviu para aproximá-las mais, divisão de apartamento, e até um ou outro namorado. Clara nos serviu iorgutes e biscoitinhos, foi uma tarde agradável, depois pizza lá pros lados da Volta da Jurema, e nos recolhemos na casa de Márcia que nos hospedava.


 
Fomos todos dormir. Anette antes de recolher sente cólicas e constata diarréia. Daquelas fortíssimas, constantes e mal-cheirosas. Começa aí seu dilema, era inicio dos anos 1990 e a doença da vez era cólera. E Anette, sem querer acordar ninguém, fica a remoer-se, é cólera, eu vou desidratar, vou morrer aqui longe de casa, e agora? E toma água para reidratar-se, e se lastima pela morte próxima, tão jovem, nem tinha feito nada na vida ainda, e morrer de cólera, logo ela que era médica, quando de repente lembra: Ah, mas não tá como água de arroz não... Então não deve ser cólera, mas é o quê? AIDS? Ah, meu Deus, como foi que eu peguei isso? Eu sempre me cuido, não é possível, e agora?, e a vergonha quando minha família souber?, quanto tempo eu ainda vou ter de vida? Mas... Se fosse AIDS meu cabelo já tinha começado a cair... É cólera mesmo... E esse dia que não amanhece, e eu aqui desidratando... E ninguém acorda... E faz soro caseiro, e impacienta-se cada vez mais, pois já não consegue beber mais água do que já bebeu, e... Peraí, mas se fosse cólera eu estaria vomitando também... É AIDS mesmo...

E assim foi grande parte da noite...
 
Quatro horas da manhã, depois de suores sem fim, mas com a diarréia já um tanto controlada, "não tinha mais nada pra sair mesmo", Anette lembra: “Foi o iogurte envenenado que aquela bruxa me deu!.  Amanhã eu a mato!!!"
 
E vai dormir. Só na manhã seguinte é que soubemos do drama da noite insone, entre gargalhadas nossas e xingamentos de Francinette.

Foto: Djair - Mesa posta para café da tarde (sem iorgute!). 

6 comentários:

  1. Só hoje li as duas histórias de Francinette. Com dois "t"s, é claro. Por algum motivo me lembrei das dores no peito. Sabe-se lá!
    Sou hipocondríaco eventual. Vez ou outra piro em sintomas. Na maioria das vezes, falsos sintomas.
    Continue a série.
    Alex

    ResponderExcluir
  2. Ah, eu acho que no fundo, no fundo, todos somos um pouquinho hipocondríacos, mesmo que eventuais. Já me peguei várias vezes recorrendo ao "Dr. Google" buscando sintomas e arregalando os olhos com as inúmeras possibilidades de doenças. Ainda bem que não existia Google no tempo de Francinette. Pois a coitada, além de hipocondríaca e insone, ficaria conectada a madrugada toda em busca de um diagnóstico, rs
    bjs

    ResponderExcluir
  3. Ah, isso porque vos contei da vez que Jair e eu pegamos um trabalho de revisão de bibliografia de um dicionário médico(DORLAND) depatologias. A cada termo revisado sentiamos os sintomas. rsrsrs

    ResponderExcluir
  4. Teclando aqui dessas terras onde os 14 graus de hoje foram uma festa,
    pois ainda por cima tinha sol, digo que adorei a Francinette, a
    hipocondríaca insone. Ótimo!
    Abraço grande,
    Tania

    ResponderExcluir
  5. Nossa Dja, e vcs conseguiram terminar a revisão? kkkk Sou viciada em bulas de remédio, não tomo uma aspirina sem lê-las, mas me atenho às reações adversas. Sempre acho que estou tendo ou terei uma delas. Uma vez foi uma coceira que jurei ser efeito colateral de um remédio pro estômago. Resultado: a alergia aparece às vezes, ainda, mas não tomo mais o tal remédio faz tempo! Qualquer semelhança com Francinette...

    ResponderExcluir
  6. A Francinette me lembra um filme de Jerry Lewis em q ele era enfermeiro pois não podia ser médico pq "adoecia" cda vez q ouvia os sintomas de uma doença...rsrsrsrs

    ResponderExcluir

Será muito bom saber que você leu, e o que achou.
Deixe aqui seu comentário