quinta-feira, 10 de outubro de 2013

De baixo os caracóis pelos canteiros...

Volta e meia aparecem lesmas e caracóis em meu pequenino jardim, nos vasos de samambaias e flores; pelo quintal também é comum seu surgimento, sobretudo nas estações chuvosas, afinal, quanto mais úmido for o jardim, mais as pequenas criaturas aparecerão. Infelizmente, os sabiás que ciscam vãos e canteiros não as comem, e aí... tenho de matá-los.
E lá vou eu, com enorme dor na consciência, pois os pequenos seres não têm culpa de ser o que são, assim como não a tenho de ser o quê e como sou. E também ajudam na compostagem de cascas de frutas, restos de verduras, folhas e tal... Mas, se os deixasse viver, em pouco tempo acabariam também com o verde cultivado.
E lá vem a dor maior: como exterminá-los...
Em geral, as pessoas jogam sal, e eles morrem desidratados. Não consigo imaginar uma morte mais terrível do que ter toda água do corpo puxada para fora em uma lenta e dolorosa agonia. Por um tempo os recolhia com um saco plástico e, amarrando-o, jogava-os direto no lixo, mas a ideia de uma morte também lenta por asfixia e fome me pareceu tão aterradora quanto, e o fato de não assisti-la não amenizava isso. Resta esmagá-los ou cortá-los com a pá de jardinagem, doloroso mas rápido...
Moscas, baratas, pernilongos, jamais me despertarão tal dúvida ou doloridas reflexões sobre suas mortes, talvez pela comprovada e divulgada ação nociva de transmissão de doenças, mas matar um pequeno ser, mais por ele ser feio, asqueroso que seja, do que pelo mal que fazem... esse sim me dói. As lagartas permito viverem o quanto possível, afinal, tornar-se-ão borboletas, e aí está a justificativa que não encontro para evitar a morte de gastrópodes. Sim, pensando melhor, chego a achá-los bonitos. Uma beleza diferente da convencionada e dirigida a lepidópteros e outros coloridos insetos.
As minhocas não as perco; coloco-as nos vasos de compostagem ou as deixo nos canteiros, cobrindo-as com um pouco de terra, seu edredom favorito, com a ordem de que cresçam e multipliquem-se. Algumas, e ao julgar pelo insistente ciscado, servem de alimento aos sábias, mas e as lesmas e caracóis? Bem, os jogo no lixo, e torço para que a morte não seja dolorosa. É o que posso fazer.

Foto: Djair - Detalhe da floreira de  Estrela do Egito

4 comentários:

  1. Muito bom, mostra que seu coração é enorme e não importa o porque . . . tbn não consigo matar nda e tenho um vaso perto da parede com uma pequena arvore aonde eu coloco todos eles hehe que a Helen nunca descubra rs
    Wagner R. S. Sechi

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  2. Tenho os mesmos problemas em meus vasos, mas não tenho a mesma piedade...

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  3. Não consigo ter todo esse dó, uma visão quase budista das lesmas e caracóis.
    Alguns se proliferam como pragas, tudo bem, também não é culpa deles, afinal foram trazidos para cá com um fim, mas não deu certo.
    Lembro que, quando criança os caçava para o pai usar como iscas. Ainda assim me parecem muito nojentos e asquerosos.

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  4. Parabéns por ter essa consciência ecológica!Pois o Homem,por pensar que está topo,na maioria das vezes,se acham no direito de podar outras vidas.Não é qualquer pessoa que tem que pensa assim,só os de espírito evoluído.
    Parabéns por cultivar canteiros!dão um charme todo especial à casa...pedacinhos de natureza...repeito à natureza.

    Beijão,Dja!Dani.

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