E não adianta: tem dia
que não sai nada, você pensa em vários temas, procura daqui, fuça
de lá, mas a musa não aparece.
Onde é que foram parar todas aquelas estórias que há pouco se
faziam apresentar como ótimas ideias para um texto novo? Não sei,
fugiram estropiadas, esconderam-se entre escombros, abismos.
Nenhuma
palavra de ordem, seja de movimento libertário ou carcerário, nada
se impõe, nada fixa ou atravessa dando luz, ou sequer fazendo
sombra. Almas não deixam rastros, por mais que se digam que algumas
delas arrastam correntes. E talvez aí esteja um mote, já que me
ocorre que a mais das vezes quem carrega correntes são os vivos,
gente que se agarra a elas e se escraviza, prendendo-se, fixando-se
em realidades que dizem não gostar: o emprego tosco, os carguinhos
de merda das pequenas chefias, os que se ufanam de ser chefe de nada;
os pequenos poderes que podam vidas alheias, os martírios de
casamentos infelizes nos quais a coragem de se separar e de se jogar
na pista pra negócio não vem, pois o acomodamento a uma relação
fracassada em que não se suportam as mútuas presenças é mais
interessante a certos olhares padrões que arriscar, que perder tudo
(o quê? malas e sacos de infelicidade compartilhada?), e começar do
zero, com a possibilidade de ser feliz...
E
o texto que começa sem um rumo vai tomando o seu próprio, tomando
emprestadas as correntes desses vivos (?) que as arrastam, mas
usando-as para acorrentar uma narrativa fugidia, que sem um élan
arrebatador toma emprestados sentimentos em tom talvez de crítica
ou de alerta, e não tem exatamente um fogacho narrativo, mas que
cresce aqui e ali, quando vemos que as correntes podem ter utilidades
outras, como as que se prendem às realidades passadas ou a futuros
fantasiosos, como forma de suportar realidades das quais ainda não
se consegue fugir.
Correntes
são feitas de elos, e um ou outro sempre é um elo fraco que se pode
arrebentar. Guimarães Rosa disse: “Qualquer amor já é um
pouquinho de saúde, um descanso na loucura.” E esse amor não
surge necessariamente por uma outra pessoa, nem por si próprio, mas
por um objeto, um animal, um prato; é um recreio, que sana, que faz
com que a vida pulse, ainda que a chama sofra pelos ventos que uivam
e ameaçam apagá-la. Mas se até o amor for causa de uma situação
insuportável, as correntes se tornam grilhões, essas correntes são
escravizantes e não porto seguro. Liberte-se então, anarquize-se,
seja!
Muitas pessoas associam o emprego, o casamento, o namoro, preso a uma bola de ferro. Sempre pensei nisso depois que ouvi Ball in Chain da Janis Joplin. Acomodação, como você disse caro Djair. Quando vejo que outras pessoas são assim também me conforto, pois muitas vezes bate um sentimento como se somente eu fosse acomodado, rs.
ResponderExcluirVoltando um pouco na primeira linha do texto... "E não adianta: tem dia que não sai nada"...
Bem eu
Abraço Baratta
Isso mesmo menininho vamos nos libertar das amarras do mundo
ResponderExcluirbjs
Ritinha
Olá Djair! Muito boa noite!
ResponderExcluirFiquei embevecida com suas palavras e todo o conteúdo do seu texto!
Escreve bem demais! Nossa!
Sem contar o conteúdo riquíssimo que dá direito a várias interpretações!
Eu venho tentando me libertar há tempos e aos pouquinhos, estou conseguindo! :D
Adorei estar aqui com você!
Beijos e um ótimo restinho de semana!
Olá meu amor...como sempre vc é brilhante...amei o texto.
ResponderExcluirJá me devencilhei de algumas amarras...deixei os prejuizos pra trás...agora vivo a vida da melhor maneira que posso.
Bjao querido com muito carinho...amo vc.
Soni@
Amei o texto em toda sua configuração,mas a última estrofe é linda demais.Eu costumo dizer que nosso espírito precisa voar,se libertar de um corpo que por muitas vezes,se encontra desanimado,quase cadavérico.Não há algo melhor do que a anarquia da alma.Até quando você não consegue pensar em uma boa estória para pôr no ar,já é uma forma de libertação,que se torna em perfeição,como esse texto libertador.
ResponderExcluirLindíssimo texto,Dja!
Beijão,Dani!
Bem onde está escrito estrofe,leia-se parágrafo;apesar de seu texto não deixar de ser uma poesia.
Excluir