quinta-feira, 19 de abril de 2012

Sobre amizades, rompimentos e distâncias.

Sempre digo que algumas pessoas passam por nossas vidas com a única e exclusiva função de nos apresentar a uma terceira, esta, com a qual a amizade realmente se estabelecerá. É fato constatado, já aconteceu uma série de vezes, aquela primeira simplesmente deixa de ter a importância que tinha, e a outra cuja afinidade é muito maior se estabelece como amiga. A pessoa que nos apresenta tem cumprida sua missão em nossa vida, pode partir, não devemos nada um ao outro. E assim seguimos em paz! Um cumprimento cordial em algum evento social e estamos conversados!

       É justo e perfeito, as pessoas se vão, nada é para sempre, inclusive as amizades. Valores compartilhados hoje, amanhã podem não ser mais. Dói quando um afeto sincero construído ao longo de tempo de dedicação se vai? Dói! Mas não há nada a fazer. Até porque em grande parte das vezes a dedicação e amizade foram dedicadas a um personagem, bem desempenhado pelo outro, enquanto a máscara social que aquele usava se adequava ao papel que representava àquele momento. O momento passou, a máscara foi substituída e agora interessa a ele novas amizades. Duro? É... E quem disse que o mundo é justo e que as pessoas são legais? Algumas amizades são apenas longas, mas superficiais. Aquele “Eu conheço desde...” é apenas questão de conhecer no sentido de que conheço nome, profissão, estudamos juntos... Agora, conhecer, conhecer mesmo... Nem vou discorrer, reflita você. 

          Por outro lado, muitas vezes o fato de querermos nos distanciar por um tempo de uma pessoa não significa que não gostemos dela, significa apenas que àquele momento estamos envoltos em nossos próprio afazeres e planos, sem vontade e/ou paciência para ouvi-los, sobretudo os que repetem seus dramas em looping infinito, com rosários tediosos sobre o quanto devem, mas não se desfazem de seus inúmeros cartões de crédito, com suas carências mas que não fazem nada para mudar a vibração que ali está. “Ah, mas você chamou a fulana, eu achei que era só pra mim...”. Ou o “Ah, mas você não me acha mais legal?” Putz... Não dá... Outros às vezes nos cansam pela repetição intermitente do pronome pessoal na primeira pessoa do singular. Ai de nós... Como cansa. E ai se você quer apenas um tempo. Afinal, quem fala mal dos outros o tempo todo só perde pra quem fala de si o tempo todo. Mas não significa que se tenha deixado de gostar da pessoa em sua essência, apenas não se quer participar dessa egotrip. O problema é que muitas vezes essa fase é longa, e você vai conhecer novas pessoas nesse ínterim, talvez com mais e maiores afinidades.

          E antes que o texto fique tão chato quanto, paro por aqui, assim, abruptamente mesmo, afinal as questões estão lançadas e mais seria correr em círculos sobre o tema, talvez até com casos interessantes, mas melhor não correr o risco, afinal o assunto é mesmo... Chato.

19 comentários:

  1. Muito bonito, direto e sincero seu texto. Parabéns pela maturidade! São poucos que conseguem isso. Beijos.

    Adriana Lima

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  2. Adorei! Para mim a amizade verdadeira é aquela que sobrevive ao silêncio, à distância, aos afazeres excessivos que todos temos, aos caminhos e desvios por onde a vida nos leva. Na amizade verdadeira, acredito eu, não há lugar para cobranças, exclusividade, mentiras, inveja, mas deve sobrar compreensão, afeto, braço pra abraço, ombro pro choro....acabo de perder uma amiga muito querida e a leitura do texto vem bem a calhar com o momento. A perda de pessoas queridas - com a morte ou com a vida, como você mostra no texto, fazem com que a gente reflita sobre quem queremos ao nosso lado nessa jornada para que ela realmente valha a pena...e saiba que é muito bom tê-lo entre os amigos que chegam de mansinho e vão ficando, vão ficando....beijo! Wânia

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  3. Dificil descrever, amizade... como vc o fez! interessante, discordo apenas em uma parte: conheci vc na lata, e somos amigos até hoje e olha, que faz muitos anos.. não temos muito contato, nos vimos raramente, mas vc é uma pessoa que não esquecerei jamais, nem vai passar.. acredito em reencontros.. isto é maior do que nós. te adoro .. beijosssssss.. em falar nisto, precisamos nos ver mais e conversar.. conversar.. conversar....

    Dirce Maria

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  4. É querido, o tema é muito punk porque o ser humano é muito complexo. Eu não sofro mais com esses rompimentos, sigo em frente, senão a gente enlouquece! Bjs

    Gina Guimaraes

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  5. Parabens pela reflexão! Coloca a nós frente às nossos próprios sentimentos quanto aos outros.

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  6. como sempre .....fazendo a reflexao.....se fazer presente...

    ALAN COSTA

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  7. Belo texto, eu gostei da primeira vez que o vi,fala direto, e não esqueço quandofomos na Adega, riamos e falavamos muito. Para mim o amigo é aquele que fica do meu lado muitas vezes em silencio...e não me cobra quando vem e vai...assim por diante. Te admiro muito, beijos

    Carminha

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  8. Djair, poucas vezes li textos tão bons quanto esse seu a respeito de "amizades, rompimentos e distâncias". Essas coisas acontecem em nossas vidas desde a infância e enquanto vivermos. Precisamos exercitar, sempre, nossa capacidade de agirmos com serenidade e grandeza em situações assim. Belíssimo texto, que nos passa uma utilíssima mensagem. Abraço do Luiz Otávio de Lima Pereira

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  9. Se por acaso a vida nos distanciar das pessoas pelas quais sentimos afinidade, tenho certeza que se algum dia nos reencontrarmos, o tempo em que ficamos separadas não fará a menor diferença para nossa amizade. O que é raro é este encontro especial.
    Beijos, Ra

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  10. Esse texto me relembrou as conversas que tínhamos à beira da janela do Hospital do Servidor, no meu período de internação, quando você ia me visitar diariamente na hora do seu almoço. Feliz de quem tem um amigo como você, longe ou perto, meu bem. Beijos.

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  11. É isso mesmo! O importante é estar bem consigo mesmo para poder conhecer novas pessoas e poder se despedir de algumas! Muito bom o artigo!

    Helder Lopes

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  12. "Nunca te vi, sempre te amei", mais que o título de um filme essas palavras resumem um pouco essa vida virtual a que estamos, quase todos, experimentando, e, parodiando Exupéry, para quem "o essencial é invisível aos olhos",penso que, no nosso caso, o essencial está nesse fio invisível da afinidade e da sensibilidade de SER humano, demasiadamente HUMANO.Beijos, corazón.

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  13. o maximo Dja vc é o cara que entende simplesmente com o sentimento lhe aflora a pele um bão demais a vc vc é o cara !!!!!!!!!!!!!!!

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  14. Quem nunca se afastou ou sentiu-se excluído de uma amizade? Interesses que mudam, endereços, distâncias, falta de tempo... mais um texto primoroso... beijos querido, bom domingo outonal...

    Marina Gugliotti Pestana

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  15. Sempre ótimo!!! Alini

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  16. Perfeito Dja!!! E tem tb aquela situação do encontro marcado ocm alguém que vc não vê a anos, mas que sempre adorou, e qdo chega a hora parece que não há mais fluidez no assunto....fica aquela coisa meio constrangedora....E vai saber pq né? Claro que isso não se refere a nós dois (matracas ambulantes...hahahahahahaha) mas que acontece.....acontece.....

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  17. Total verdade qdo vc diz que só perde para quem fala mal dos outros o tempo todo quem só fala de si mesmo o tempo todo... Bjs.

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  18. Oi meu querido...vc como sempre vai direto e poe o dedo na ferida...pra mim as verdadeiras amizades sao de coraçao e alma.Como se costuma dizer...família a gente aguenta mas amigos a gente escolhe...tenho poucos amig@s mas o que tenho sao verdadeiros e nos amam sem cobrar nada...simplesmente ficam ao nosso lado as vezes sem dizer nada e nem precisa a gente sente.
    Como sempre vc é brilhante na exposiçao daquilo que vc sente e isso é de se agradecer...sincero e verdadeiro...parabens!!
    Beijo com enorme carinho...Soni@

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  19. Djair, querido!

    Acho que as amizades, assim como qualquer outro relacionamento em sociedade, têm muito a ver com afinidades, sentidos lógicos dentro da necessidade recíproca.
    Se os dois gostam de falar de novelas, futebol, filmes, etc., no mesmo top, a chama da amizade se manterá; do contrário, alguém aí vai se cansar, e vai querer tomar novos rumos...
    Parte boa que você mencionou e eu aplaudo de pé, quando disse que "conheço desde" não é "currículo" e aferimento de garantia amistosa para ninguém! Ser amigo é não saber tudo sobre o outro, mas estar na mesma sintonia, e nem é necessário tanto tempo assim para que confiemos, gostemos e chamemos de amigo, alguém que esteja ao nosso lado seja como for, por que afim for...
    Acredito muito no tempo das coisas. Se uma amizade acabou, é porque era o tempo de ruir. E se um deles foi falso, com certeza a máscara vai se desfazer, como você citou no artigo! E "amigos" assim, é melhor que se vão e não os vejamos mais...

    Artigo fantástico! Você é um cronista de primeira! (Adorei, como sempre!!!!)

    Abração da Mary:)

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