sexta-feira, 5 de março de 2010

De mal a pior.

É estranho como as maneiras, boas e más mudam com o decorrer do tempo. No século XIX foi preciso uma lei para banir escarradeiras das casas e locais públicos. Em algumas culturas é falta de educação não arrotar após comer, significa que não gostou. Esquimós oferecem as esposas aos visitantes...

Mas o que se dizer de inúmeros hábitos atuais da sociedade ocidental, sobretudo da classe média? No Brasil atual é comum se estacionar nas calçadas, afinal, é para isso que elas foram feitas, não? E o pedestre que se dane. Não estaciono sobre calçadas, nem  da minha casa, mas constantemente vejo meus vizinhos e a comunidade em geral fazer isso, como se fosse a coisa mais correta a ser feita, não importando se tem uma rua larga e ampla à frente da garagem/casa. Quanto a estacionar em frente à vaga alheia então nem comentarei, já que, a mim, soa tão surreal quanto abrir sem permissão a geladeira na casa de alguém que não se conhece. Mas mesmo isto hoje parece normal.

E os que chegam buzinando para que maridos/esposas/filho/o diabo venham abrir as portas de suas garagens? Afinal custa tanto descer do carro e fazê-lo, ou apertar a campainha! Graças a Deus meus amigos sabem o quando deprecio esse “modus vivendi” e apenas uma vez, um agiu de tal modo, jamais repetindo após o pito que tive que dar. Afinal, é uma falta de educação para comigo e para com meus vizinhos, que àquela hora estavam a dormir. Ou não...

Mas dá trabalho descer e tocar campainhas. O mesmo trabalho que dá manobrar o carro e já estacioná-lo ja´no sentido que se vai tomar, ficando em paralelo à calçada, e então após fechar o portão, voltar ao carro. Mas não, se para em cima da calçada, e  tomando meia rua, atravancando o trânsito de carros e pedestres.

O que dizer das bolsas imensas que se tornaram moda após a última novela de Gilberto Braga? Podem ser vistas em reproduções baratas, e nada elegantes, usados por modelos semelhantes. E basta ir a um congresso, reunião, missa, culto ou quaisquer tipo de evento social, e lá estarão elas, ocupando uma cadeira, enquanto várias pessoas estão de pé por falta de assento. E em metrôs ou ônibus lotados, então? Companheiras das mochilas às costas, impedindo a circulação. E fico a me perguntar: existe a real necessidade de acessórios assim tão enormes, que em alguns casos chegam a esconder quem as leva? Não será mais elegante usar algo de acordo com seu tamanho e que não atravancasse caminhos e pessoas?

Será que seria prudente falar sobre a má-educação infantil, ou chocaria pais e mestres que por acharem suas crianças lindinhas não lhes cobram boas maneiras e os pequenos monstros já crescem arrogantes, sem achar que têm obrigação alguma de cumprir regras de boa convivência? Conheço algumas que, de tão mimadas, sequer cumprimentam pessoas (não tem desejo ou necessidade de agradarem ninguém, apenas serem agradadas): umas por terem barba, outras por terem cabelo branco e se dizem com medo (aos 6 anos), mas recebem todos os presentes que lhes são dados e são assunto de familiares pelas costas dos pais, os reais culpados de tanto egoísmo e maus bofes.

Outro dia, em um almoço de aniversário, fiquei passado ao ver os mais jovens correndo para pegar um lugar à mesa, deixando tios e tias a comerem de prato na mão, e os filhos do aniversariante em outro cômodo... Acho que nem é preciso comentar...

Não posso esquecer de comentar sobre os inesquecíveis "personagens"  que falam no cinema durante o o  filme. Nunca me esqueço de uma bendita, no antigo Cine Vitrine, que ao assistirmos “Minha Secretária” (Nélly et Monsier Arnaud) – Claude Sautet – França/Itália/Alemanha – 1995, soltou, a uma fileira atrás de nós, num tom como se estivesse em sua sala: “-Nossa, bem, como ele é bruto, né?”

Pois é, ela não sabe o que é brutalidade, e antes que tivesse que apresentá-la à brutalidade do não ficção, mudei de lugar, para continuar a ouví-la, mas pelo menos de forma mais abafada. Confesso que gostaria de ter os ímpetos de escândalo e mandá-la calar a boca. Mas como diz a frase, da qual, já não lembro a autoria (seria Millôr Fernandes?) “O mais inteligente cede. É nisso que se baseia a dominação do mundo pelos imbecis.”

Outra (des)feita, em uma peça (K2 - de Patrick Meyers, direção: Celso Nunes) no teatro Anchieta, enquanto no palco Gabriel Braga Nunes e Petrônio Gontijo escalavam a segunda maior montanha do mundo, uma beldade na primeira fila, abre seu celular (sem atendê-lo of course), e corta o escuro do teatro com um feixe de luz azul, tal qual empunhasse um sabre de luz Jedi. 
Mas agora no cinema também é isto, o fulano não atende, mas toda hora acende pra ver quem ligou... Put´s... Precisa comentar? Ou já basta?

Talvez porque os filhos da classe média possam fazer tudo, (afinal, tem-se que se compensar a ausência dos pais), então, “tudo que seu mestre mandar, faremos todos...”
É a má educação que vem via Televisão, os gritos constantes dos pseudo-famosos que tem que berrar o tempo todo, e que se reproduzem "nas escolas, nas ruas, campos, construções..."

Foto: Djair - Carro tomanto toda a calçada, em frente a imensa garagem (mas dá trabalho abrir o portão).

5 comentários:

  1. Também fico espantada de ver tamanha falta de boas maneiras de certas pessoas. Estacionar na frente de garagens; crianças sentadas e os mais velhos em pé; atender, abrir e fechar o celular em cinema ou teatro; pessoas jogando lixo na rua, etc. A boa educação vem de casa, onde aprendemos o que é respeito, limites e valores.

    ResponderExcluir
  2. Putz... há algum tempo penso se eu que estou ficando mais chata, ou se as pessoas estão ficando mais folgadas, mal educadas e "sem noção"... Ás vezes é bom saber que ainda existem pessoas que pensam e agem como vc no mundo. Ainda há esperança!!! rs.. bjoka!

    ResponderExcluir
  3. É..ser educado hoje em dia é "coisa de gente esquisita"...Prefiro ser esquisita a ser um constrangimento geral. Só discordo de uma coisa:o tamanho das bolsas. Vc não sabe a benção que é p/ mulher ter uma bolsa grande qdo ela passa o dia fora, trabalhando. Nós temos bolsas pequenas, mas as vezes não são praticas. Só isso...

    ResponderExcluir
  4. Quanto ao carro, me faz lembrar (e como) de uma rua aqui perto (Rua Bahia Grande - Vila Bela - SP/SP) aonde os moradores, prá lá de mal educados, tomam as calçadas da rua. São AS calçadas sim! Dos dois lados da rua. Prá piorar a rua é muito movimentada. Uma das ligações entre São Paulo e São Caetano do Sul. Nem precisa falar dos problemas aos demais veículos e aos pedestres. Já das mochilas, achava que eram escoteiros indo acampar!

    ResponderExcluir
  5. Precisa passear pelas ruas de Brasília,amigo...Calçada para carros,ruas para a gente passar...E são carros oficiais,uma piada,não queira reclamar,se não,te multam ali mesmo,o que seria melhor que dar-te ordem de prisão,srsrs,foi algo assim que sucedeu com um amigo meu que ousou reclamar...Ai.

    ResponderExcluir

Será muito bom saber que você leu, e o que achou.
Deixe aqui seu comentário