segunda-feira, 8 de junho de 2020

Os frutos da Terra: Mamão



Hoje,  ganhei um mamão do vizinho do lado direito, outro dia foram outros três de uma só vez da vizinha do lado esquerdo. 

Simplesmente deliciosos, doces, avermelhados, com a casca lisa. Da casa de Vitória trouxe alguns que colhemos no nosso pé, os pés daqui ainda não frutificam, e assim, para o café ou sobremesa do almoço volta e meia temos mamões, essa fruta tropical tão suculenta, que com combinações de vitamina A e C fortalecem o sistema imunológico. Bendito seja, Deus salve a América tropical.

O Partido, do Vizinho, e o ainda a amadurecer, de casa.
Quando criança eu não gostava do fruto, não o comia, salvo em vitaminas onde meu pai colocava mamão, maçã, banana e um pedaço de beterraba para que ficasse também colorida. Já agora os adoro, e como começou esse gosto? Graças a Maria José Leandro Dupré e seu livro: “Na Ilha Perdida”. Foi o primeiro livro que li e que fez-me apaixonar-me pela leitura, sim, sei que já disse isso várias vezes em outros textos e até em uma entrevista, mas sempre é bom repetir. 

Bem, Henrique na ilha, perdido na ilha comeu os mamões vermelhos dados por Simão, e os adorou, creio que tenha uma descrição nele, são 42 anos desde que o li. Pois bem, comentei com minha mãe se ela os conhecia e comentei da leitura. Pois bem, tchan, tchan, tchan, tchan... Não tardou que os mamões vermelhos se materializassem na mesa de casa. Obrigado mãe, obrigado Madame Dupré. Eram os hoje conhecidos como mamão papaia.

Que cor, que sabor... E daí para o mamão formosa foi um pulo, e outros mamões, das variadas espécies, até o de corda, também chamado mamão macho já comi sem depreço algum. Na atual casa de minha mãe, havia vários pés, e uma produção farta, eram distribuídos a parentes e vizinhos, e quando levava ao Júnior ele comia junto com a comida, é muito bom mesmo, tomei-lhe o hábito emprestado.

Mas Madame Dupré escreveu também: “Cachorrinho samba na montanha” que li anos depois, hoje se não engano-me o título foi alterado para “A montanha encantada”, e cachorrinho samba é o nome da série. Pois bem, ali a turma de adolescentes presa numa gruta numa espécie de gruta aprecia junto aos anões que vivem sob a terra as iguarias: língua de frangos, e Cristas de galos... Pois bem, não é que passei incólume pela língua? Mas a crista fui de novo ter com minha mãe, e na primeira oportunidade, um frango gordo que tínhamos no quintal forneceu sua bela crista para mim ao almoço. Como diria Fernando: alimentei-me de um dos nossos irmãos animais... 

Pois bem, aí está a força da literatura na cabeça de um menino de 10 -13 anos, os livros lidos, naquela linda idade trouxeram-me sabores, experiências e memórias. Tenho pena de quem perde tanta experiência, tanta riqueza, e até o gosto dos mamões  por não gostar de ler.

8 comentários:

  1. Gostei muito de ler o teu texto, muito interessante! A tua narrativa e o modo como, a pretexto dos teus gostos pessoais, nos falas da família (mãe) e nos conduzes à literatura e o quão importante é a leitura nas nossas vidas, os ensinamentos que daí podemos retirar!
    Adoro mamão ou papaia esmagado e comer com gelado de limão. Experimenta!
    Forte abraço e tudo de bom. 😘😘

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    1. Obrigado pelo comentário querida, com gelado de limão nunca comi, mas vou experimentar. saudades grandes

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  2. Vou ter que procurar o livro aqui em casa.. não me lembro da passagem do mamão..rsrs.. mamão papaia aqui em casa não falta! Meu pai ama!!! E lendo seu texto lembrei quando comia o mamão formosa quando era criança: picadinho e com açúcar...doce lembrança...doce texto...������

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    1. Que bom que ainda o tens, será que procurou? conta-nos depois tua impressão Sil. bjs

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  3. A literatura foi "uma-mão" mesmo na sua vida. A abertura de mente é mágica. Mesmo um pequeno trecho faz você viajar e ter curiosidade pelas coisas. E isso é belíssimo. Djair, um abraço, Giz.

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  4. Olá Djair bom dia. Fiquei com água na boca ao ler o teu texto. Como tu, a primeira vez que provei papaia (era assim que chamávamos na Guiné ) não gostei , mas rapidamente passei a adorar aquele sabor e textura tão especiais . Pena, não ter sido pela mesma razão que tu, pois não conheço o livro, mas vou tentar encontrar. És realmente especial meu amigo! Foste levado pela literatura a gostar de um fruto, ainda tão jovem! E agora conseguiste, como sempre, com o teu texto, levar - me para terras , sabores e memórias tão doces e suculentas. E sempre tão bem escrito e sempre com o coração. Obrigada.
    Isabel

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  5. Hummm querida, prometas que no nosso próximo encontro há de contar-me mais sobre a Guiné, certo? Obrigado pelo comentário tão carinhoso. saudades gordas

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