Pois bem, tia Daça tinha várias
outras amigas além de Socorrinha, a do olhar lânguido a qual me referi no
último texto - se você segue o blog vai lembrar... -, embora aquela fosse sua melhor amiga à época, a ponto de quando
ela se casou ter sido convidada por minha tia a batizar seu primeiro filho,
convite feito, minha tia morando em S. Luis do Maranhão, Socorrinha em Barro
Duro, interior do Piauí... Ambas já casadas... O batismo não saiu e Danilson
teve outra madrinha e padrinho que desconheço, por esse tempo eu já tinha
retornado a São Paulo, terra de meu pai.
Mas eis que naqueles dias em
Teresina - onde passamos pouco mais de um ano, já que a obra que meu progenitor
havia ido chefiar teve sua conclusão - nossa casa era frequentada por várias
flores amigas de minha tia, sempre que vinham a Teresina. Socorrinha era a
única que morava lá mesmo, fora para estudar e fazia o curso de pedagogia, o que lhe valeu mais
tarde a direção de uma escola em Barro Duro.
Ely era uma das mais bonitas, e me
lembrava Gislaine, uma prima por parte de pai, que morava em Santos – SP, a
quem na infância eu dizia que seria com quem iria me casar. Ely, de cabelos
castanhos, compridos, seios fartos sem descambar ao exagero, tinha até mesmo os
dentes bem pronunciados de Gislaine. Lembro que em uma das visitas insistiu ela
mesma de passar o café que tomávamos à tardinha. Cheia de autos elogios sobre
sua infusão do pó de grãos, meteu-se à cozinha e nos veio com seu líquido
marrom. Tomamos... Daí a pouco Ely se foi, já que voltava a sua cidade dali a
pouco. Vejo logo em seguida minha mãe levantar-se e dizer: _Bom, agora vamos
tomar um café de verdade, que esse mijo de vaca da Ely não está com nada. E a
gargalhada foi geral.
Se Ely na sua fartura e Socorrinha
em sua languidez sensual eram belas, Mirta era uma desgraça, coitadinha!, feinha
coitada, feinha que doía, lembrava a finada Aracy de Almeida com seus óculos
escuros enormes que mais a enfeiavam, e
observem que: a época, não existiam esses modelos medonhos de hoje que deixam as pessoas com
cara de alienígena de filme da sessão da tarde, mas enfim, era feia a Mirta. Pra
ajudar não era simpática, ou eu teria ao menos essa desculpa e talvez entrasse
num dilema machadiano, se feia porque tão simpática? Se tão simpática porque
feia? Mas não, ela não era...
Flor do baile - Foto: Djair |
Quiseram o destino e o tesão que Mirta
sucumbisse ao charme de um rapaz lá de sua cidade, e assim caída em tentação,
deixou-se deflorar. Pois bem, no mal-me-quer, bem-me-quer, a pétala se foi... Os irmãos
nem quiseram saber se foi ela quem deu em cima, ou se deu embaixo, vá lá se
saber... O fato é que chegaram juntos, tomando dores e preservando a honra e
cercando o deflorador, disseram apenas: "_Ou casa, ou os ovos!"
Nunca soube de ninguém, que nesses casos,
escolhesse a castração... Pois muito bem, Mirta casou! Não importa o quanto
durou, nem que o marido tenha fugido com outra, tempos depois. Casou!
Casou! Fez certo. Melhor que tivesse tentado ser feliz para não carregar a frustração de não ter realizado o sonho de casar. Ótima história!
ResponderExcluirLuiz Otávio Pereira
Patricia Carla Santos "Quiseram o destino e o tesão..." - ótimo!
ResponderExcluirSimone B. Chaves: "Ou casa ou os ovos!!
ResponderExcluirEu fugia.
Laura Nagamachi: "No mal-me-quer e bem-me-quer, a pétala se foi..... rsrsrs
ResponderExcluirNão perdoaram nem a feinha... rsrs
ResponderExcluirNo 'bem-me-quer' ou 'mal-me quer' da vida,as castrações são inevitáveis...Perdas são inevitáveis(também)...E como disse a colega acima 'a pétala se foi'...Pétalas se vão,mas novas pétalas surgem.
ResponderExcluirBeijão,Dja!Dani.