quarta-feira, 30 de julho de 2014

O feio e o fake.

Você vê nas redes sociais fotos de algumas pessoas em poses estudadas, lê as legendas trabalhadas e compara com seu comportamento, com sua linha de pensamento expressada no modus operandi... Bate uma tristeza... Uma preguiça, e até uma irritação, ao olhar sorrisos coniventes com ideologias expressadas ali e que nada tem a ver com a prática. 

Foto: Jair Leal Piantino
Conteúdos forçados a fim de mostrar uma inteligência, uma opinião formada sobre tudo, e que muitas vezes, para não dizer a maioria delas, não corresponde àquilo que o discurso prega, o discurso pelas minorias, contra o preconceito, e no gestual, no dia a dia, você vê que suas opções não condizem com aquilo que a foto ou o texto tentam mostrar. Se Caetano já dizia há tempos que “de perto ninguém é normal”, em tempos de redes sociais, onde todos pretensamente geram conteúdo, emitem opiniões sólidas e profundas que quando contestadas ou contextualizadas têm a espessura de uma membrana, que termo definiria essa anormalidade?

Sempre houve e sempre haverá gostos e gestos conflitantes em cada um de nós, contradições, certezas afirmadas que no fundo estão repletas de dúvidas, mas a virtualização e a facilidade de publicação, disseminação e obsessiva afirmação e defesa dessas afirmações, ainda que não se tenha aprofundado uma análise sobre o tema ao qual se defende, não cria uma nova patologia psicológica? Exagero, talvez? Pode ser, afinal, quem está livre deles, mas se Eva tinha três faces, sem ter um livro delas, o que se diz quando se percebe que virtualmente aquela face apresentada na rede social não corresponde à face real?

Os pensamentos ali disseminados buscam o quê? Mostrar quem se é e o que se sente verdadeiramente?, ou apenas mostrar ao mundo que se é culto, inteligente, sagaz? Cheio de sentimentos nobres e de convicções políticas profundamente embasados?

Hoje para ser “fake”, usando o termo popular para perfis falsos, não é preciso fotos forjadas com imagens que não a do dono do perfil, nem a criação elaborada de uma personagem, muita gente que hoje olhasse a própria página na rede não se reconheceria tão forjada e moldada em formas diferentes de suas realidades, convicções e modo de vida.


6 comentários:

  1. Ah as máscaras sempre elas seja no teatro grego seja no livro-de-caras !!! Gostei do texto VC esta CD vez mais afiado! Bj

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    1. Máscaras, pinturas, todos usamos, mas tem gente que exagera né? rs Beijão!

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  2. Excelente texto....disse tudo. eu nunca consegui comentar no blog, nunca tem uma crianca d 5 anos por perto p me ajudar c questões tecnológicas ....escreve sobre as jovens senhoras q pagam d antenadas no face, mas na verdade se sair do b a ba tecnológico ficam perdidas.

    Regiane Rossi

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    1. Ah Regiane, pronto, tá ai em cima, transferi o comentário. rsrsrs Pode deixar quaqlquer hora escrevo, e confesso também meu alfabetismo funcional em tecnologia. rsrs

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  3. Belo texto... um verdadeiro soco no estômago, muita gente pararia de ler no primeiro parágrafo, afinal, é tão difícil encarar o que somos e o que não somos... melhor mesmo é continuar "fake"... :( Abs e bom dia :)
    Corina Camizão

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    1. Valeu Cora, o texto foi escrito logo após a leitura de sua postagem com título: "Só a cabecinha" no face, obrigado!

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