Hoje, como volta e meia acontece no meio político, do esporte e qualquer outro, foi dia de gafe. Ao anunciar as atletas da seleção de de futebol feminino da Coreia do Norte, foi exibida no telão do estádio em Glasgow, na Escócia, a bandeira da Coreia do Sul. Provavelmente alguém perdeu o emprego, ou no mínimo levou uma “encarcada” daquelas. Ainda mais em se tratando que a gafe envolve países rivais politicamente e que se estranham amiúde. As jogadoras saíram de campo antes da partida contra a Colômbia e retornaram depois de mais de uma hora. Organizadores emitiram pedido de desculpas e, apesar do constrangimento, o que poderia abalar a equipe da Coreia do Norte, serviu para (ao que me parece) estimular, e ela venceu a Colômbia por 2 a 0.
Mas... Quem nunca cometeu uma gafe? E tantas, e quantas? E feias? Daquelas que fazem rir e viram causos àquelas que tiram noites de sono e causam remorsos. Eu as coleciono às dúzias, e me puno mentalmente por elas, por minha irreflexão e falta de tato, então deixemos elas lá bem quietinhas e falemos das dos outros, que a nossos olhos condescendentes são sempre menos graves e mais risíveis que as nossas, afinal a vergonha foi do outro.
Uma que nunca esqueço foi ainda em Cezídia; naquele dia, à noite íamos todos a uma boate, recém-inaugurada e bem afamada por ter bom som, bom DJ, etc, etc, etc. Estávamos todos na casa de Pedro, a quem eu tratava de padrinho, por ter apadrinhado um relacionamento fugaz mas que serviu para dar-lhe tal alcunha. Enfim, éramos umas 10 pessoas, fizemos as contas e já prontos vimos que precisaríamos de dois táxis, mais a entrada da boate, mais bebida, etc.; sairia uma grana a diversão noturna, mas a noite prometia. Descemos todos e vimos uma faixa na quadra do prédio, haveria uma festa com bingo em uma das casas vizinhas, não sei de quem partiu a ideia, mas... E se fôssemos à festa ao invés da boate, a diversão seria a mesma, dança, bebida, risada, etc, etc... Todos de acordo nos encaminhamos para lá... Ocupamos duas mesas no jardim e lembro que consumimos duas caixas de cerveja e uma de refrigerantes. Conhecemos a Marta e sua irmã, que moravam no mesmo prédio do padrinho, um andar acima e que juntou-se a nós. Ríamos, contávamos causos, um ou outro entrava e dançava por um tempo e depois voltava. O resto do pessoal? Bem... Pouquíssima gente, a festa fora um fiasco, e até por isso e por sermos um grupo que consumia, éramos tratados pelo rapaz que organizara o mico com o maior apreço, afinal prejuízo pouco é bobagem.
Uma das meninas foi embora, não lhe lembro mais o nome, apenas que era bonita.. E fanha... Fosse eu Machado de Assis, e fosse o blog Dom Casmurro teceria: “Se fanha porque bela, se bela... porque fanha?” Mas enfim o causo era que a essas horas estávamos todos na mesa a cantar e, à saída dela, que era uma das mais cantantes, começamos todos a cantar imitando-lhe a nasalação, e dá-lhe “Encosta sua cabecinha no meu ombro e chora, e chora, e choooora...” Pode não ter graça aqui, mas a maldade feita em grupo, e depois de várias garrafas de cerveja, era de despertar gargalhadas homéricas, altissonantes, intermináveis. E para quem está a esperar que ela voltasse e nos pegasse no ato e daí viesse a gafe da história em questão... Pois bem... Isto não aconteceu...
Bem, voltando à festa, Victória, que não bastasse o pré-nome de glória tinha que ser Régia, era das mais animadas com a dança lá dentro, e vinha à mesa volta e meia contar uma piada ou fazer um comentário jocoso... E lá vinha ela a adentrar de novo o “salão de baile”. Numa dessas ouvimos uma discussão... Quem era? Victória... A própria... Envolvida numa tonitruante discussão com outra menina...
O namorado da moça tinha se engraçado por Victória, e Victória tinha achado muita graça no rapaz, já a namorada daquele... ficou séria e daí veio a discussão, - aliás porque sempre as moças vão tirar satisfação com as outras e não com os mancebos? – Enfim, a moça queria que fossemos embora, etc, etc... O rapaz dono da festa tomou-nos as dores e mandou que ela sim se retirasse; nossa amiga volta passada à mesa, narrando sua versão do acontecido e pedindo mais cerveja. Para o rapaz dono da festa, ela começa a desabafar: onde já se viu... Ah, mas eu conheço essa menina, ela trabalha lá na *Censurado que eu não sou besta*, não é? E ele: É, é sim... Pois ela vai saber quem é Victória Régia não sei das Quantas, ela me aguarde que vai ter noticias minhas. Isso é uma histérica que tá precisando mesmo de macho, e sobe o morro, e desce barraco, e de tão fina vira uma lavadeira (que segundo reza a lenda tinham um linguajar chulo e vulgar). Desabafo feito, ela pergunta ao rapaz que pacientemente ouvia mas agora queria que a gente fosse embora... Ela é o que aqui? Organizadora? Dona da casa??? E o rapaz: Não... é só minha irmã...
E você, vai contar a sua?
Foto: Anjinhos barrocos, safadinhos - São João del Rey
Foto: Anjinhos barrocos, safadinhos - São João del Rey