A síndrome da folha branca...
Maluce sempre fala que sofre dessa síndrome quando vai postar algo em seu blog (Diário de Myrna). Às vezes me acomete também, como hoje, em que não sabia sobre o que escrever. Mas eu e Myrna Gioconda, temos processos criativos diversos. Ela escreve de punho, analisa, corrige, lê, re-lê...
Eu por minha vez, sento e a mais das vezes sequer releio, as correções são feitas pelo word, ou por amigos, Jair, Carol, Teresa... Se eu mesmo vou fazê-lo, o texto ganha outro aspecto, mudo tudo, enfoque, parágrafos de lugar, e sai outro texto. É uma grande falha não reler, pois em geral poderiam sair melhores, ou... Menos piores... Dificilmente me satisfaço, e como a pedir socorro mostro a pessoas próximas afirmando: "não sei como acabar isso", "esse final não me agrada". Mas sempre acaba indo ao ar do jeito que está.
Outro fato é a mudança de um tema pra outro, uma frase me remete a uma lembrança de um fato e isto vai ao texto, correndo de um canto a outro da mente sem preocupar-me se as orações são coordenadas (sindética ou assindeticamente). E por ai vou; depois, quando vejo publicado, é que me dou conta de ter fugido do assunto a que me propus no início, não que ache que isso empobreça o texto, pelo contrário, pode ser um estilo (risos, como costumo dizer: em geral somos muito condescendentes com nós próprios).
Hoje era um dia destes em que não sabia o que escrever, e já que a tela em branco na minha frente conclamava ser preenchida com caracteres que formassem um texto, porque não falar sobre isso? Afinal já era sexta-feira e os textos novos costumam ser publicados no blog às quintas... Eu pelo menos sei disso. E acredito que alguns seguidores (mais uma condescendência a mim) também recordem e vão até lá ver o que há de novo.
Na verdade, escrever algo novo a cada semana não deixa de ser um bom exercício para prevenir o Alzheimer, e eu que escrevi na juventude dezenas de cartas semanalmente, aproveito para não esquecer a forma das palavras num mundo virtual onde cada vez se escreve mais errado, e novas e bizarras abreviações são criadas a todo instante. É também uma espécie de terapia, onde eu, misantropo e irritado confesso, busco formas de expressar pensamentos e sentimentos íntimos e assim, com episódios odiosos e risíveis, contribuir para o fomento do riso ou da indignação dos que compartilham a leitura. O assunto é vasto, não sei se dentro de mim apenas, mas acredito que prolongar o texto seria torná-lo cansativo e redundante, acho que parar por aqui seria sensato, quem sabe em outro momento tenha mais a dizer. Por ora, paro por aqui.
Foto: Carol Bracht
Foto: Carol Bracht