“Há maneiras
adequadas de discordar do governo e do governante. Defender ideias contrárias é
uma delas. Argumentar com sobriedade é importante para concordar e para
discordar. A vaia e as grosseiras palavras gritadas no estádio contra a
presidente da República, Dilma, envergonharam todos os brasileiros, até os que
não gostam dela.”
Luiz Otávio Pereira
"Um povo
que se julga culto, educado, uma gente de bem. E não respeitou a Chefe de
Estado num evento sob holofote mundial. Chefe esta que foi eleita democraticamente.
Juro. Pra mim
é tão claro quanto o sol a tentativa de furto do Estado Democrático de Direito”
Anna Mazzeo
Ambas as
sentenças, publicadas no facebook, pelos dois amigos, refletem a educação, digo
a absoluta falta dela, embora grande parte dos que o façam clame justamente por
melhoras na educação; afinal, para esses, a educação formal é aquela adquirida
em bancos escolares e cadeiras acadêmicas.
E por falar em
cadeiras acadêmicas, estou engasgado, há meses, mas especificamente desde
março, com a capa da revista Cult, na qual vinha estampada a professora da
UFRJ, Ivana Bentes, senhora com quem tive contato profissional há alguns anos.
Gentil, simpática, educada e cordial, tal contato valeu-me inclusive
agradecimento em seu livro: Glauber Rocha: Cartas ao mundo. Pois bem, na capa a
professora trazia o dedo médio em riste.
Não comprei a
revista, aliás, desde então deixei de comprar, achei desrespeitoso, no meu ver
esse gesto, que não cai bem nem a homens nem a mulheres (se aqueles, tendem a
remeter à ideia de seus pênis, elas desejariam demonstrar seus clitóris?). O
título da matéria era: “Respeitosamente Vândala”! Sério mesmo, que alguém pense
ser respeitoso empunhando uma ereção do artelho central de uma das mãos? Isto à
capa de uma revista que fica exposta nas bancas à vista de todo e qualquer
passante? Onde somos obrigados a ver ainda que não quiséssemos? E era o que
acontecia a cada hora de almoço onde, para chegar ao restaurante cotidiano,
passava em frente à banca... Realmente eu tinha raiva cada vez que via a tal
capa. Não tive desejos de ler o que ela tinha a dizer. Respeitosamente,
declino.
Dia destes, um
outro colega de rede social, posta também, assim, gratuitamente, o mesmo gesto:
será que acha engraçado? Moderno? Rebelde? Não sei... Apenas cliquei o não
quero ver isto. Afinal de contas, ainda valia manter-lhe ali apesar da
reprodução do gesto. E ali eu tinha essa opção, diferente da capa da revista
estendida à altura dos olhos, na banca.
E assim, vemos
e ouvimos, os “vai tomar em tal lugar”, e outros mais de naipes semelhantes, em
estádios, no metrô, na rua... Não que eu não fale palavrões, falo, embora evite
esses, e ainda mais assim, gratuitamente, pelo simples prazer de mostrar-se boçal ou indignada,
quando parece mesmo querer aparecer a qualquer custo.
Foto: A capa da revista citada no texto, com edição feita por mim, a fim de não propalar o tal gesto.
Foto: A capa da revista citada no texto, com edição feita por mim, a fim de não propalar o tal gesto.
Lembrando do ocorrido e pensando a partir de seu texto me ocorre dr considerar o quanto expressoes de estruturas arcaicas e primitivas sao exitosas em todos os personagens envolvidos. O governo, atraves de sua representante, usando, de forma perversa, um produto da cultura popular - o futebol- num objeto e instrumento para falcatruas, corrupçao e beneficios de poucos em detrimento de um povo que se encanta e se ilude como criança frente a essa pompa. De outro, bem formulado em seu texto, expressoes arcaicas produto do odio, da inveja e de todaa sorte sentimentos que denunciam o ser explorado e asujeitado ao dedejo do outro.
ResponderExcluirÉ,achei estranho...até porque que pagou um ingresso tão caro pra ver aquele circo dos horrores é que tá tomando lá e ainda não se deu conta.Eu,como brasileira,fiquei com vergonha.
ResponderExcluirExcelente reflexão,Dja!
Beijão!Dani.
Que bom que você fique indignado. Eu nem dei a mínima... Deve ser a desesperança total.
ResponderExcluirApoiado, Djair! Escreveu muito bem. Estou honrado por você transcrever meu texto através do qual também não aprovo as grosserias. Deve haver elegância para concordar e para discordar.
ResponderExcluirLuiz Otávio Pereira