Como
diz minha mãe, “se o espiríto não me mente e a verdade não me
falha”, seu nome era Daisy, miss Daisy. A professora de inglês da
oitava série. Lá mesmo na velha “Escola Estadual de Primeiro e
Segundo Grau...” Àquele ano, sabe-se lá por que cargas d'àgua, a
porta da classe tinha sido cortada ao meio, tornando-se uma cancela,
para onde corriamos às horas de toque da campainha que anunciava a
troca de matérias, consequentemente dos professores. E por isso
éramos apelidados de meninos da porteira.
Miss
Daisy foi nossa professora de inglês naquele ano, depois de anos da
professora Isamar, a velhinha jocosa, alegre e querida, agora
tínhamos ali uma jovem bonita, agradável e de grandes atributos
como se verá. Já era quase final do primeiro semestre e, ao
contrário do que se pudesse pensar, vivíamos àquela semana, pelo
menos, dias quentes.
À
“cancela” esperamos a jovem que já povoava imaginários pueris
em seus primeiros mênstruos. Morena, magra, estatura mediana,
cabelos lisos, olhos grandes e de cintura acentuada, o que na moda da
magreza cada vez maior já não se encontra. A voz era gostosa de se
ouvir e a simpatia fazia meninos pensar que eram homens e suspirar em
seus delírios púberes. Mais eis que ela não tarda, vem pelo
corredor sorrindo, com andar sinuoso, e adentra com seu delicioso
“good morning darlings!”
O
brinde àquele dia à rapaziada boquiaberta; aliás, as bocas além
de abertas estavam também a salivar, ou... completamente secas.
Miss
Daisy se nos apresentava com uma blusinha de alcinhas, de tecido
leve, vaporoso, fresco e completamente transparente. Sem sutiã; em
meio a uma horda de barbáros, digo, de alunos adolescentes e em
ebulição hormonal. Mas o presente à classe não era apenas a
blusa, mas ao fato de ela não usar sutiã naquela ocasião, pelo
menos.
Quis
o destino que para tomar o ponto ela viesse se sentar em uma carteira
à frente, na fileira à minha direita, de onde volta e meia fazia
algum pequeno comentário comigo, o mais próximo dela. O exercício
no quadro a que colegas iam responder não chamava atenção, mas as
duas tenras peras envoltas em seda negra prendia o olhar atento da
população masculina. A aula durou pouco, aqueles cinquenta minutos
se passaram em não mais que dez.
Nova
correria à porteira, mesmo antes dela sair, todos a querer
vislumbrar a arte esculpida em carne. E a responder o bye bye
com a alegria eufórica de quem tirou um bilhete premiado. Após sua
saída, os comentários, em que até as meninas comentavam,
atiçando-nos a exacerbarmos o laudo da vistoria.
A
alegria estava instalada, ah, a juventude... D. Lenir, a professora de
português na aula seguinte, sacou do seu famoso bordão: “Meus filhinhos,
ô meus filhinhos, vão se acalmando, vão bebendo água.” Sem
entender o que se passava e sem deixar o gerúndio de lado.
Na
semana seguinte, na quarta, quinta, ou sexta-feira que o valha, que
minha memória não é tão precisa, mas enfim, no dia da nova aula
de inglês, todos a postos, olhares atentos, sentidos mais que
aguçados, com a disputa pelo lugar à porta já ocorrendo no
corredor mesmo, e eis que ela surge. Linda, cabelos soltos, sorrindo
abundantes dentes, os lindos olhos famosos pelo tamanho a brilhar
e... uma gola cacharel que ia até o pescoço. Não se divisava
sequer o formato de seus ombros ou a cor amadeirada de seus braços,
as mangas compridas. Havia esfriado. O clima, os ânimos, a paixão.
Logo
depois entramos de férias; na volta Miss Daisy havia sido
substituída por D. Marisa. Bahiana classuda, morena, cabelos negros,
rosto bonito, elegante, cintura finissíma como se desafiasse os
glúteos de proporções épicas e formato afrontador, como uma musa
de Goya. Sempre de vestido, tailleur, saia comprida...
Tínhamos agora, depois da Maga desnuda, a Maga vestida!
Voltei mais de trinta anos no tempo graças a vc meu amigo. Lembro-me desses "causos". rsrsrs
ResponderExcluirComo eu poderia esquecer da professora Lenir? De vez em qdo me deparo com ela. Mas outro dia, parece que deu um branco nela, ou melhor dizendo amnésia . Rsrsrsrs. Ela parou em minha frente me olhou meio esquisita e me perguntou: Vc já foi minha aluna? Respondi que sim meio atônita. Achei estranho ela não ter me reconhecido, porque não havia mto tempo ela parou para falar comigo e junto dela estava a mãe das gêmeas Elenita e Elenivalda e ela ficou me elogiando, que eu era a melhor aluna de Literatura. eu ainda disse para ela que nem tanto assim, porque vc quem se tornou escritor, mas tbm pudera. O mérito é seu..
ResponderExcluirBeijos
Dalva Vieira Souza
Djair, obrigado pelo texto. Fez-me viajar para um outro tempo também. Outra escola, outro lugar. Mas algo assim nos chamava a atenção. Olhares fixos e "babantes".
ResponderExcluirLembrei de uma professora de português do ginásio, D. Elma. Devia ter uns quarenta e tals e sempre usava camisas com mangas bem largas. Vez ou outra ia para as aulas sem o sutiã e podíamos "contemplar" os seus cabisbaixos seios. Ainda que não fossem como os das Misses Daisy e Mazzeo, geravam uma aula inteira de buxixos.
ResponderExcluirProfessoras...dos mais variados estilos...Umas com 'tantão',outras com 'tantinho',mas o que importa é ensinar bonitinho.rs
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