Na
casa de minha mãe sou visita ilustre, capricha-se na faxina e se
estendem toalhas, lençóis,
fronhas e tapetes que em outras ocasiões permanecem com ramos de
alecrim ao fundo de um baú que foi de minha avó.
Talheres
escondidos
surgem à
mesa,
quitandas não são feitas, mas compradas aqui e ali, ao contrário
do cardápio de sal. Neste,
banquetes
revolvem tripas puritanas de gente nojentinha, mas que a mim fazem
salivar só de lembrá-los.
Três
dias antes de eu chegar, o
leite
já lá está, pra virar coalhada, grossa, de comer em pedaços, com
mel, açúcar,
raspas de rapadura, ou mesmo adoçante, só pra disfarçar. Não me
nego ao bocado branco, gelado, tenro.
Hummm,
salada de frutas, feita com os mamões do quintal, redondos, bem
amarelos, de um doce que só os de lá... E pensar que fui eu mesmo
que comecei a semeá-los por lá. E sempre, a cada ida, semeio mais,
que é pra fruta não acabar.
Já
por aqui ao descrever salivei como um cão do Pavlov. Nem vou falar
de cuscuz, beiju e pão, nem das atas, dos sucos de acerola, cajá e
limão. Melhor parar por aqui, antes de perder a mão.
Foto: Djair - Batatas doce e mandioca
Lindo texto, Djair! Parabéns!Tudo isso é muito gostoso. Dá água na boca. Se encontrar parecido em outro lugar, não terá o mesmo sabor, pois não terá o tempero carinhoso de sua mãe.
ResponderExcluirAbraço, Luiz Otávio de Lima Pereira
......
- Leia os dois últimos versos deste poema:
- BÊNÇÃOS (Tomás Ribeiro (1899-1965) -
.
Bem hajas, ó luz do sol,
Dos órfãos gasalho e manto,
Imenso, eterno farol
Deste mar largo de pranto!
.
Bem hajas, água da fonte,
Que não desprezas ninguém!
Bem haja a urze do monte,
Que é lenha de quem não tem!
.
Bem hajam rios e relvas,
Paraíso dos pastores!
Bem hajam aves das selvas,
Música dos lavradores!
.
Bem haja o reino dos céus,
Que aos pobres dá graça e luz!
Bem haja o templo de Deus,
Que tem sacramento e cruz!
.
Bem haja o cheiro da flor,
Que alegra o lidar campestre;
E o regalo do pastor,
A negra amora silvestre!
.
Bem haja o repouso à sesta
Do lavrador e da enxada;
E a madressilva modesta,
Que espreita à beira da estrada!
.
Triste de quem der um ai
Sem achar eco em ninguém!
Felizes os que têm pai,
Mimosos os que têm mãe!
Belo poema Luiz, muitíssimo grato, por ele, e pelo comentário
ExcluirRetificando os anos de nascimento e falecimento do Tomás Ribeiro: -1831, 1901 -
ResponderExcluir(Luiz Otávio Pereira)
Que texto gostoso de ler e salivar com cada palavra. Lembrei do Pequi minha mãe usava também. Coalhada é muito bom. enfim boas lembranças com gosto de saudades da minha mãe. beijos
ResponderExcluirCarminha
Como disse o Luiz ali em cima, o que dá ao tempero à comida de nossas mães é o carinho, né? Beijos
ExcluirAh,Dja!Você foi condicionando a comer coisas boas!rs
ResponderExcluirComidas,sabores,memórias,afetos...disso que é feito os bons momentos da vida.
Beijão,Dja!Dani
Isso, Dani, sabores, cores, texturas, tudo isso me alegra! :)
ExcluirBeijão!!!
Que sorte a sua Dja, de ter a presença de uma mãe que com amor e esmero prepara tantas gostosuras...Existe sentimento mais confortante que ser bem acolhido, de aconchegado em cada pequeno gesto carregado de amor? E nada melhor para traduzir este amor incondicional que o preparo de uma boa comida, onde vai se misturando os temperos e a bem querêncial... Morri de inveja boa!!!... rsrs... bjos meu amigo!!!
ResponderExcluirVerdade Laurinha, é das coisas mais gostosas da vida!!! :) brigado! beijos!
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