E aí, deu-se a
mudança, não apenas de casa, não só da cidade ou de estado, o
estado geográfico pelo qual se nomeia uma região composta de terra
e água, conglomerados de construções a que chamam urbes e campos…
Mas de estado de espírito, mudança de emprego, que se ainda
continua público, muda na forma de prestar serviço, na forma de
tratamento dispensado e recebido, do chefe para o público, ambos
mais humanos e estimuladores.
Novos
conhecimentos, novos círculos que se interseccionam e formam outros,
alguns mais ou menos duradouros e firmes, outros como bolhas de sabão
lançadas ao ar, vazios e por isso mesmo de pouca duração.
Introdução em círculos literários onde egos, mais densos que seus
escritos, brigam por brilhar, enquanto suas frases, nem sempre
coordenadas, não sofrem desbastes, ajustes, burilamento. O ego que
empunha a caneta, o teclado, o giz, não o permite. Tudo aquilo que
lhes brotou, não se lapida, não há poda. O ego afirma: É bom, fui
eu que o escrevi, o outro que se esforce por me entender e se curve a
meu gênio. Se é meu, é bom – parecem gritar.
E aí, eu que tenho
severidade com meu ridículo original, me retraio e não consigo
produzir mais nada.
Me afasto, me
castro, travo!
Eis que vem a nova
viagem, férias obrigatórias que não tenho como adiar, e então vou
às origens, ao que sou, ao que sempre serei, independente da
camiseta surrada e manchada ou do terninho de grife.
Vem salvar-me
minhas próprias pegadas, a gente simples, o papo livre, sem se
precisar cuidar do que me sai à boca. Sem precisar parecer
inteligente.
É o pedaço de
madeira que vem salvar o náufrago. A ele me agarro, boiamos, e ao
chegar ao que penso ser terra firme esse mesmo tronco se faz
fogueira, que seca, que aquece, que ilumina.
Prajalpa... estou
de volta.
Foto: Djair - Estrela do Mar - Praia de Camburi
Jardim Camburi - Vitória - ES
Na verdade o retorno ocorreu três textos atrás, e esse foi refletindo sobre como vieram tão fácil depois de dias do mais completo jejum.
ResponderExcluirLembro do aconchego de quando estou com meus parentes no interior, gente simples que não se esforça para parecer o que não é
ResponderExcluirGostei. Parabéns.
Pois é Ivone, é nas origens que somos nós mesmos! :)
ExcluirUm homem se faz de suas origens.Um homem se faz de letras.
ResponderExcluirSimplesmente,emocionante!!!
Beijão,Dja!
Dani.