Quando deleta-se uma conta,
numa rede social, é como que se fizesse um suicídio diante do grupo de pessoas
que o seguem, que acompanham (ou muitas vezes não, apenas ocupam ali um espaço
com uma pequena fotografia a fim de lembrar aos outros sua existência), o seu
dia-a-dia, suas fotos, sua pretensa vida social e ativa, seus pensamentos,
gostos, critérios, martírios e enfados cotidianos.
A exclusão dessa página é
como se dissesse a eles: não aguento mais, nem a mim, e nem a vocês, e é por
isso que vou-me embora. Não seria talvez para Pasárgada, pois lá até o rei já
deve ter sido destronado e nem sequer se dava a conhecer, quanto mais a ter
grandes amizades.
Ao sair, sempre se lembra de quem antes
abandonou a rede, como no “corvo” de Allan Poe “outros amigos voaram antes e
não voltaram jamais”.
Muitas vezes, a maioria das
saídas é só por um tempo. Muitas vezes excluem-se apenas as páginas falsas, que
fazemos para diversão ou para o que não temos coragem de dizer sem máscaras, ou
que conforme vamos dizendo sem as tais, essas já não fazem sentido, e então mata-se
o heterônimo. Aí então seria o assassinato de uma persona latente dentro de
nós? Não, não chegamos às faces de Eva nem à genialidade de Pessoa, mas sim, a
cada ambiente, a cada espaço, somos um, temos um id e um superego sempre em
guerra, e a cada vez um marcha à frente, por isso vários somos, nem sempre
gostamos desses que nos formam e por eles também somos tomados, a poesia bela
que escrevemos ou a rispidez que enrijece os músculos da face. E ultimamente o “livro
de faces” é grande fomentador dessas nuances, por isso o suicídio (ainda que aí
possa ser temporário) das nossas personalidades sociais. Na “rede”, muitas
vezes sente-se enredado.
"Não aguento mais, nem a mim, nem a vocês, e é por isso que vou me embora". É como me sinto as vezes, os "vocês " no caso, seria as redes sociais . Quero ir para o sertão longe de tudo que é urbano...
ResponderExcluirTipo Elis: "Eu quero uma casa no campo..."
ExcluirSei bem como é.
Fico feliz que tenha voltado a escrever!
ResponderExcluirObrigado querida.
ResponderExcluirMuito bom! Conciso e objetivo! Adorei! Seja bem-vindo de volta.
ResponderExcluirValeu Lê.
ExcluirDjair, vc me conhece bem e no caso nem facebook tenho, não tenho saco nem tempo kkkkk. Adorei o texto. bjs
ResponderExcluirPois... Não tem Facebook, tempo se faz. rs
ExcluirOi meu malvado favorito sabes que eu ❤️ seus textos. Só não estou gostando da nuances de tristeza que pairam em seus pensamentos. �������� Frávia
ResponderExcluirMas quem disse que a tristeza é má Frávia? rsrs
Excluirexcelente texto, Djair...
ResponderExcluirainda não "cometi suicídio" mas, estou "gravemente enfermo" quanto as pretensas "redes sociais"...
não sei ainda como será o final...
forte abraço a ti a mais uma vez, parabéns pelo texto...
O meu primeiro facebookcídio foi em 23 de maio de 2017 (lembro por causa do nome da famosa avenida aqui em SP) e fiquei quase um ano até fevereiro do ano passado, quanto reativei a conta. Nesse quase um ano voltei para os meus blogs que estavam meio parados. Mas reativei e fiquei até outubro quando as postagens sobre política me encheram os pacová de novo e desativei de novo. Realmente estou farto daquilo de novo. https://blogdobaratta.blogspot.com/2017/11/cinco-meses-sem-rede-social.html
ResponderExcluirUm abraço do Baratta