quarta-feira, 4 de abril de 2018

Sobre eles, sobre vocês...

Meu pai, Rafael, Zé Luís, Asael, Zuleica… A lista é enorme, não nos damos conta até começar a lembrar de tantos e tão queridos amigos que partiram e aí, temos ainda os que não lembramos de imediato, e os que lembramos mais raramente, de acordo com a proximidade que tínhamos, com a frequência com a qual nos encontrávamos ou de acordo com o espaço que ocupavam em nossos corações.

E é assim… de repente nos damos conta que talvez não tenhamos demonstrado o quanto eram-nos importantes, o quanto gostávamos deles, de quanto apreciávamos seu riso, seu humor, sua atenção. Muitas das vezes porque nem nós sabíamos, ou porque tínhamos vergonha, porque o outro nos parecia duro, escondendo-se atrás de uma máscara para defender-se do mundo. Ou, quem sabe, porque nós mesmos com medo de demonstrar nosso afeto - medo de ser machucado? - também nos escondemos.
Foto: Djair - Florzinha - Caldas da Rainha

E aí, quando se vão se fica - quem fica - a pensar, será que ele(a) sabia o quanto eu lhe tinha respeito, afeto, admiração? Mas nem por isso mudamos de estratégia, é sempre o mesmo medo de se expor. Sim, talvez porque a especialidade dos humanos seja machucar o outro, ou porque nós é que nos magoemos por tudo. A fragilidade de um é proporcionalmente inverso a capacidade do outro de ferir. Mas e a empatia com essas pessoas que amamos? Porque não é capaz de romper essa linha imaginária de limite afetivo?

E aí se vão. Contrário Fernando pessoa quando diz que “Só serão lembradas em duas datas aniversariantes / Aniversário de Nascimento / Aniversário de morte.” Reproduzo de cabeça e a frase pode não ser exatamente essa. Mas sintetiza-se nisso. Apesar de ser um de meus poemas favoritos, o “Porque não te matas?” por mim peca aí. Lembro deles, sinto saudades, queria que tivessem sabido o quanto lhes apreciava, o quanto fazem falta.

Quanto mais velho ficamos, menos amigos temos. E por mim, pelo menos, também diminui em muito a capacidade, talento, ou paciência para fazer novos. Talvez por isso os fantasmas me rondem. Ou vai ver já é preparação para com eles encontrar-me. Eu que tenho uma quedinha pela morte…

E os que aí estão e me fazem a mesma falta? Digo-lhes? Não! Demonstro-lhes? Não sei. Quero-lhes bem a meu modo. Um modo torto muitas vezes impaciente, ignóbil. Tosco feito um Shrek e sem expressão feito uma Macabéa. Mas sim, fazem e farão falta. Fazem saudades, muitas vezes, como digo, uma saudade aliviada, mas fazem. Afinal já fazem parte de mim. Em alguma parte foram importantes, cada um a seu modo, cada um dentro de uma especificidade. Sejam aqueles que são amigos, sejam os que assim o foram considerados até terem sido atirados no lodaçal e afundados como ídolos que já não servem ao culto. Afinal, quantas pessoas achamos por vezes que seriam aquele amigo que levaríamos pelo resto da vida e mais seis meses, e que hoje não ousamos convidar para que adentrem nossa casa? Mas seguirão sempre numa lembrança ou noutra, e não importa se vivos ou mortos, e não apenas em datas aniversariantes, mas num gesto, num carinho, num arrependimento, numa mágoa ou sorriso, numa flor que se vê, numa falta que se fez ou num comentário que o lembra.

29 comentários:

  1. Linda reflexão sobre a nostalgia e o kalundu meu querido amigo. Gostei muito. O escrever é sempre o entender melhor os processos. Grande beijo

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  2. Pois é querido amigo! Chega uma hora que preferimos a qualidade de amigos ao invés da quantidade, pois são poucos com os quais temos incríveis memórias! Só alguns entenderão a mensagem por um olhar, ou aquela frase que remete a um encontro ou acontecimento.
    Lembranças e lembranças, mesmo nós (!), com poucos encontros mas com um jardim inteiro de Dálias para recordar, não é mesmo?
    Grande beijo querido amigo!!!!

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    1. Exato minha linda, nossos encontros foram poucos, mas numa troca tão boa de energia que ainda estamos juntos, ainda que distantes.
      Beijão

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  3. Meus parabéns!!!
    Gostei ,a gente vive o dia dia e muitas vezes não paramos para pensar.....como é a vida.um forte abraço meu amigão!

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  4. Eu até hoje choro a falta dos amigos que se foram, Antônio José, Nivaldo Júnior são alguns deles, sinto falta dos parentes que fizeram suas passagens, sinto a falta dos meus avós, do meu primo e prima que se foram tão cedo. Sinto uma dor no peito por não ter dito tempo de conviver com minha sobrinha que partiu tão cedo, das minhas tias do Mato grosso. Enfim, quando chega a hora de dizer Adeus eterno a uma pessoa querida eu sofro muito, uma dor que nunca passa. Lindo texto, me fez chorar numa manhã de domingo em que acordo tão sozinho, a casa vazia , o texto lido, a chuva fina que lá fora insiste em cair, a saudade dos amigos que estão vivos porém longe, tudo isso me fez chorar. Belo texto amigo Djair, nos faz refletir o quanto é curto e rápido nossa vida. Amar e sempre amar uns aos outros é o que nós festa nessa vida. Bjs!! Te AmO Hoje e sempre, tu sabes disso,mas, eu o digo mesmo assim, te amo.

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    1. Errata: * não ter TIDO tempo de conviver ......

      *Amar uns aos outros é o que nos RESTA nessa vida.......

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    2. Obrigado querido. Tenho sentido muito sua falta, quando somos estrangeiros a falta dos amigos e ainda muito maior. Abraço forte. Emocionado com seu comentário.

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  5. Que lindo Dja!!! E real!!! Por que será que agimos assim? Será realmente medo? Vc está aí...longe dos seus, talvez isso que a gente precisa: ficar longe dos que amamos pra poder perceber que os amamos enquanto ainda estão conosco nesse lado da vida. Obrigada pela reflexão!!! :) Bjss de coração!!!

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    1. Obrigado, abraço grande. A distadist é as coisas que ela nos proporciona... Para o bem e para o mal... Reflexões..m

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  6. Lindo Djair, gostei muito! Bjs Rita Sáez

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    1. Obrigado Rita, saber disso dá força para continuar a escrever. :)

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  7. Às vezes, não há palavras. Só sentimentos. Obrigado por expressar em palavras.
    Vivamos bem o que temos.
    Abraço grande.

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  8. Eu sim sinto muito sua falta é uma pessoa muito importante para mim. Morra no meu coração um dia eu voltarei a visitalo. Mais pesso para Deus que ti acompanha nas suas jornadas e ti der muita saude ti amo muito meu grande amigo

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  9. Sábia reflexão querido! Sou dessas de demonstrar pouco, ou de um jeito torto. Mas não me orgulho, gostaria de fazer diferente... mas aí acho que não seria eu, sei lá. Tem dias que nem tenho paciência para responder às msgs de celular, não gosto de carência excessiva mas depois fico com a consciência pesada. Seu texto me fez -ou está fazendo- refletir. O bom de ficarmos mais velhos é que o tempo pode nos fazer aprender, não? Mas enquanto isso não acontece, como alguém já disse aí em cima, obrigado por expressar em palavras aquilo que às vezes só sentimos e não deixamos transparecer. Bjs!

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    1. Obrigado Rô. Somos meio duros mesmo. rsrs Coisa de nossa geração? Ops, tu és bem mais jovem. Portanto coisas que fomos adquirindo vida a fora... Ai de nós...
      beijão

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  10. Esse texto me fez ver quanto, devemos analisar e até mesmo nos lembrar quem já nós fez mau ou até bem e estando vivo ou morto.
    Pra isso existe uma seria seleção que deveria ser feita pra certas amizades que não influi e nem contribui para essa vida que queremos que seja perfeita.
    Há vida tirana essa nossa!
    Um dia com muitos amigos e outros dia apenas com os verdadeiros porque a vida nos permitiu ver aqueles que realmente nos amam.
    Ronária Alencar

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  11. Djair, tive que reler mais uma vez este texto, e nele pude refletir várias coisas, como a vida é curta e como é bom estar com os amigos e pessoas que amamos. Sou um pouco como vc que muitas vezes não consigo me expressar e quando consigo acabo sendo mal interpretada e até julgada como falsa. Como chegar ao meio termo dos nossos sentimentos??? Não sei. O que sei é que são raras as pessoas que podemos dizer Eu Te Amo e como eu dizia, a partir da hora que esta escrito, vira um documento, então Djair, Eu Te Amo e assino em baixo.

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    1. Obrigado querida... Temos histórias pra contar, não é verdade? Beijo grande

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  12. Texto bem preciso.
    Zizi

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  13. Todos os dias sinto a importância das pessoas em minha vida...Aos que "partiram",as lembranças marcantes e o carinho eterno;aos presentes,o aprendizado constante no caminho do amor.

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  14. Belo texto, importante reflexão!

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    1. Valeu Olavo. Tanta gente que nos cerca, que já nos cercou, e que fazem parte de nós...

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  15. O mais importante é o amor e respeito, com erros e acertos, perto ou longe, os sentimentos prevalecem.

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    1. Exato Ana, e a saudade só aumenta com esse sentimento que permanece. Beijos querida

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