Meu
pai, Rafael, Zé Luís, Asael, Zuleica… A lista é enorme, não nos
damos conta até começar a lembrar de tantos e tão queridos amigos
que partiram e aí, temos ainda os que não lembramos de imediato, e
os que lembramos mais raramente, de acordo com a proximidade que
tínhamos, com a frequência com a qual nos encontrávamos ou de
acordo com o espaço que ocupavam em nossos corações.
E
é assim… de repente nos damos conta que talvez não tenhamos
demonstrado o quanto eram-nos importantes, o quanto gostávamos
deles, de quanto apreciávamos seu riso, seu humor, sua atenção.
Muitas das vezes porque nem nós sabíamos, ou porque tínhamos
vergonha, porque o outro nos parecia duro, escondendo-se atrás de
uma máscara para defender-se do mundo. Ou, quem sabe, porque nós
mesmos com medo de demonstrar nosso afeto - medo de ser machucado? -
também nos escondemos.
Foto: Djair - Florzinha - Caldas da Rainha |
E
aí, quando se vão se fica - quem fica - a pensar, será que ele(a)
sabia o quanto eu lhe tinha respeito, afeto, admiração? Mas nem por
isso mudamos de estratégia, é sempre o mesmo medo de se expor. Sim,
talvez porque a especialidade dos humanos seja machucar o outro, ou
porque nós é que nos magoemos por tudo. A fragilidade de um é
proporcionalmente inverso a capacidade do outro de ferir. Mas e a
empatia com essas pessoas que amamos? Porque não é capaz de romper
essa linha imaginária de limite afetivo?
E
aí se vão. Contrário Fernando pessoa quando diz que “Só serão
lembradas em duas datas aniversariantes / Aniversário de Nascimento
/ Aniversário de morte.” Reproduzo de cabeça e a frase pode não
ser exatamente essa. Mas sintetiza-se nisso. Apesar de ser um de meus
poemas favoritos, o “Porque não te matas?” por mim peca aí.
Lembro deles, sinto saudades, queria que tivessem sabido o quanto
lhes apreciava, o quanto fazem falta.
Quanto
mais velho ficamos, menos amigos temos. E por mim, pelo menos, também
diminui em muito a capacidade, talento, ou paciência para fazer
novos. Talvez por isso os fantasmas me rondem. Ou vai ver já é
preparação para com eles encontrar-me. Eu que tenho uma quedinha
pela morte…
E
os que aí estão e me fazem a mesma falta? Digo-lhes? Não!
Demonstro-lhes? Não sei. Quero-lhes bem a meu modo. Um modo torto
muitas vezes impaciente, ignóbil. Tosco feito um Shrek e sem
expressão feito uma Macabéa. Mas sim, fazem e farão falta. Fazem
saudades, muitas vezes, como digo, uma saudade aliviada, mas fazem.
Afinal já fazem parte de mim. Em alguma parte foram importantes,
cada um a seu modo, cada um dentro de uma especificidade. Sejam
aqueles que são amigos, sejam os que assim o foram considerados até
terem sido atirados no lodaçal e afundados como ídolos que já não
servem ao culto. Afinal, quantas pessoas achamos por vezes que seriam
aquele amigo que levaríamos pelo resto da vida e mais seis meses, e
que hoje não ousamos convidar para que adentrem nossa casa? Mas
seguirão sempre numa lembrança ou noutra, e não importa se vivos
ou mortos, e não apenas em datas aniversariantes, mas num gesto, num
carinho, num arrependimento, numa mágoa ou sorriso, numa flor que se
vê, numa falta que se fez ou num comentário que o lembra.
Linda reflexão sobre a nostalgia e o kalundu meu querido amigo. Gostei muito. O escrever é sempre o entender melhor os processos. Grande beijo
ResponderExcluirPois é Lê, é isso que busco, entender...
ExcluirPois é querido amigo! Chega uma hora que preferimos a qualidade de amigos ao invés da quantidade, pois são poucos com os quais temos incríveis memórias! Só alguns entenderão a mensagem por um olhar, ou aquela frase que remete a um encontro ou acontecimento.
ResponderExcluirLembranças e lembranças, mesmo nós (!), com poucos encontros mas com um jardim inteiro de Dálias para recordar, não é mesmo?
Grande beijo querido amigo!!!!
Exato minha linda, nossos encontros foram poucos, mas numa troca tão boa de energia que ainda estamos juntos, ainda que distantes.
ExcluirBeijão
Meus parabéns!!!
ResponderExcluirGostei ,a gente vive o dia dia e muitas vezes não paramos para pensar.....como é a vida.um forte abraço meu amigão!
Obrigado Edson. Forte abraço querido.
ExcluirEu até hoje choro a falta dos amigos que se foram, Antônio José, Nivaldo Júnior são alguns deles, sinto falta dos parentes que fizeram suas passagens, sinto a falta dos meus avós, do meu primo e prima que se foram tão cedo. Sinto uma dor no peito por não ter dito tempo de conviver com minha sobrinha que partiu tão cedo, das minhas tias do Mato grosso. Enfim, quando chega a hora de dizer Adeus eterno a uma pessoa querida eu sofro muito, uma dor que nunca passa. Lindo texto, me fez chorar numa manhã de domingo em que acordo tão sozinho, a casa vazia , o texto lido, a chuva fina que lá fora insiste em cair, a saudade dos amigos que estão vivos porém longe, tudo isso me fez chorar. Belo texto amigo Djair, nos faz refletir o quanto é curto e rápido nossa vida. Amar e sempre amar uns aos outros é o que nós festa nessa vida. Bjs!! Te AmO Hoje e sempre, tu sabes disso,mas, eu o digo mesmo assim, te amo.
ResponderExcluirErrata: * não ter TIDO tempo de conviver ......
Excluir*Amar uns aos outros é o que nos RESTA nessa vida.......
Obrigado querido. Tenho sentido muito sua falta, quando somos estrangeiros a falta dos amigos e ainda muito maior. Abraço forte. Emocionado com seu comentário.
ExcluirQue lindo Dja!!! E real!!! Por que será que agimos assim? Será realmente medo? Vc está aí...longe dos seus, talvez isso que a gente precisa: ficar longe dos que amamos pra poder perceber que os amamos enquanto ainda estão conosco nesse lado da vida. Obrigada pela reflexão!!! :) Bjss de coração!!!
ResponderExcluirObrigado, abraço grande. A distadist é as coisas que ela nos proporciona... Para o bem e para o mal... Reflexões..m
ExcluirLindo Djair, gostei muito! Bjs Rita Sáez
ResponderExcluirObrigado Rita, saber disso dá força para continuar a escrever. :)
ExcluirÀs vezes, não há palavras. Só sentimentos. Obrigado por expressar em palavras.
ResponderExcluirVivamos bem o que temos.
Abraço grande.
Obrigado anônimo.
ExcluirEu sim sinto muito sua falta é uma pessoa muito importante para mim. Morra no meu coração um dia eu voltarei a visitalo. Mais pesso para Deus que ti acompanha nas suas jornadas e ti der muita saude ti amo muito meu grande amigo
ResponderExcluirValeu Neyde, muito obrigado. Ficarei a aguarda-la-ei.
ExcluirSábia reflexão querido! Sou dessas de demonstrar pouco, ou de um jeito torto. Mas não me orgulho, gostaria de fazer diferente... mas aí acho que não seria eu, sei lá. Tem dias que nem tenho paciência para responder às msgs de celular, não gosto de carência excessiva mas depois fico com a consciência pesada. Seu texto me fez -ou está fazendo- refletir. O bom de ficarmos mais velhos é que o tempo pode nos fazer aprender, não? Mas enquanto isso não acontece, como alguém já disse aí em cima, obrigado por expressar em palavras aquilo que às vezes só sentimos e não deixamos transparecer. Bjs!
ResponderExcluirObrigado Rô. Somos meio duros mesmo. rsrs Coisa de nossa geração? Ops, tu és bem mais jovem. Portanto coisas que fomos adquirindo vida a fora... Ai de nós...
Excluirbeijão
Esse texto me fez ver quanto, devemos analisar e até mesmo nos lembrar quem já nós fez mau ou até bem e estando vivo ou morto.
ResponderExcluirPra isso existe uma seria seleção que deveria ser feita pra certas amizades que não influi e nem contribui para essa vida que queremos que seja perfeita.
Há vida tirana essa nossa!
Um dia com muitos amigos e outros dia apenas com os verdadeiros porque a vida nos permitiu ver aqueles que realmente nos amam.
Ronária Alencar
Djair, tive que reler mais uma vez este texto, e nele pude refletir várias coisas, como a vida é curta e como é bom estar com os amigos e pessoas que amamos. Sou um pouco como vc que muitas vezes não consigo me expressar e quando consigo acabo sendo mal interpretada e até julgada como falsa. Como chegar ao meio termo dos nossos sentimentos??? Não sei. O que sei é que são raras as pessoas que podemos dizer Eu Te Amo e como eu dizia, a partir da hora que esta escrito, vira um documento, então Djair, Eu Te Amo e assino em baixo.
ResponderExcluirObrigado querida... Temos histórias pra contar, não é verdade? Beijo grande
ExcluirTexto bem preciso.
ResponderExcluirZizi
:) Valeu Zi!
ExcluirTodos os dias sinto a importância das pessoas em minha vida...Aos que "partiram",as lembranças marcantes e o carinho eterno;aos presentes,o aprendizado constante no caminho do amor.
ResponderExcluirBelo texto, importante reflexão!
ResponderExcluirValeu Olavo. Tanta gente que nos cerca, que já nos cercou, e que fazem parte de nós...
ExcluirO mais importante é o amor e respeito, com erros e acertos, perto ou longe, os sentimentos prevalecem.
ResponderExcluirExato Ana, e a saudade só aumenta com esse sentimento que permanece. Beijos querida
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