Se
está tudo na cabeça, porque não consegue migrar para o papel?
Todas
as justificações, todo o plano de trabalho, tudo, tudo está ali...
Mas tem aversão à tela, aos caracteres, significantes,
significados, palavras, frases, metáforas, mesmo oximoros...
Permanecem nas sombras do cérebro, não querem abandonar a caixa
craniana, e permanecem a espreita. Verbalizar sim, oralmente, como a
cultura africana, a nordestina do cordel, a mineira dos casos... Fora
o alfabeto! Ai de mim que permaneço insone mesmo quando o corpo só
deseja a cama. Depressão pré-texto? Porque não? Não há de ser
menor que a pós-parto. Sim, antes das pedras atiradas guardem as
proporções, e lembrem-se do eu lírico. Que à merda vão as
explicações que me são cobradas.
Sem
palavras. Não as quero, só abraços.
Verbalizem
sentimentos com atos, não com renhenhéns, prajalpas e três
beijinhos, que nem são dados à face, mas ao vento.
Quero
minhas palavras de volta, não as metáforas e poesia que vem mais
facilmente,
mas a do texto técnico. Sou da produção… O
administrativo me entedia e mata. Já não aguento mais tomar café.
E o tomo por pura desculpa para protelar. Ah a procrastinação, essa
minha amante tão sedutora…
Tão
o é a ponto de ter fugido do texto que deveria estar a escrever e
vim embrenhar-me neste. Pobre coitado que escreve textos fúteis e
listas de compras que sempre esquece de levar. Que escreve cartas sem
respostas pois hoje todos preferem e-mails. Que manda cartões
postais que as pessoas não recebem pois os correios hoje são uma
piada de mau gosto.
Ah
quanto lamento… Mas para isso também servem as palavras.
E
se só a elas tenho, que vão ela ocupar a tela, fazer-me companhia e
distrair-me ainda mais.
As
ciladas que me meto… As coisas que aceito sem ter certeza de dar
conta. Que a bem da verdade muitas vezes saem bem, mas que só eu sei
o sofrimento por trás do cenário erguido.
Ai
de mim. Que se digo não sou compreendido, se não digo muito pior, e
que se tenho muito a dizer prefiro calar-me. Que vejo demais, que
presto atenção demais em coisas que não mereceriam uma olhadela de
escárnio.
E
que se essas aqui saíram fáceis, voltemos ao trabalho e encerremos
aqui essa éguagem. Que se fé eu tivesse rezava agora com fervor sem
sentir pena de mim e deus existindo, e sendo mulher, dava-me carinho
de mãe e inspiração de técnico. Vamos ao trabalho, que esse
desabafo já deu.
Que delícia olha o Prajalpa de volta com toda sua força. Agora vai, vai tudo o técnico, o lirico o cão raivoso!!! Super beijo
ResponderExcluirPois não é que foi Lê, fiz o texto do projecto e acabei de apresentar. Foi fixe.
ResponderExcluirCoragem!!! Poético, técnico...tudo bem da alma, da sua alma...
ResponderExcluirBjss
Achei ótimo, um sabor de crônica de José de Alencar (furioso).
ResponderExcluirZizi