Texto de apresentação da exposição os mutilados. Novembro de 2015
Os Mutilados
A
Biblioteca Central da UFES, Campus Goiabeiras, abre ao público em outubro de
2015 a mostra “Os Mutilados”, uma exposição de livros de seu acervo que foram
danificados, propositalmente ou não, durante o processo de consulta ou
empréstimo, apesar de constituírem um rico patrimônio público que compõe o
maior acervo bibliográfico no estado do Espirito Santo.
Embora seja
uma biblioteca acadêmica, de uso do corpo docente e discente da Universidade, a
Biblioteca Central atende também ao público externo, uma enorme quantidade de
pessoas não só da capital, que tem nela o depositário legal de obras de
literatura e conhecimento diverso, passando pelas obras raras e iconográficas,
além de encontrar um local de refúgio a fim de se dedicar ao estudo e leitura.
Para chegar à
estante, cada livro tem um longo caminho a percorrer. Depois de a ideia do
autor ter tomado forma impressa, ele passa pelo crivo de especialistas,
professores, bibliotecários, pesquisadores, alunos e leitores em geral, que os
recomendam à biblioteca, onde se efetua a seleção dessas indicações com base no
conjunto já existente. A compra é realizada por meio de pregão eletrônico
(licitação) e, após a entrega, o livro passa pela conferência de seu estado
físico, pelo processamento técnico (inserção na base de dados, carimbo,
etiquetagem) e armazenamento, a partir do qual fica disponibilizado para
consulta local ou empréstimo.
Infelizmente
todo esse trabalho pode ser perdido num único dia, e não raro no mesmo dia da
disponibilização, por um único usuário que o danifica, intencionalmente ou não,
por descuido ou omissão.
Em um país
onde a imprensa foi estabelecida há apenas dois séculos, e a primeira
universidade data de 1912 (enquanto que a Universidade de Coimbra, por exemplo,
foi criada em 1° de março de 1290), os livros representam uma riqueza extraordinária e a difusão do
conhecimento contido numa biblioteca transcende espaços e convenções.
A exposição
“Os Mutilados” busca apreender o olhar do observador de forma a sensibilizá-lo
e indigná-lo diante do dano/crime causado a um patrimônio que, mais que
público, é impessoal e transferível. Essa transferência se dá na medida em que
o conhecimento assimilado em cada obra permanece com seu leitor, que o
reelabora e o transmite a outro através dessa fineza que é a cultura adquirida
e transformada em expressões, gestos, vocabulário e saber.
Djair Rodrigues de Souza
Curador
Ficha Técnica da Exposição
Reitor: Reinaldo Centoducatte
Vice-Reitora: Ethel Maciel
Diretora da Biblioteca Central: Arlete Franco
Superintendente de Cultura e Comunicação: Edgard Rebouças
Secretário de Cultura: Rogério Borges de Oliveira
Curador: Djair Rodrigues de Souza
Equipe Técnica:
Márcia Mendonça
Vera Lúcia Trancoso
Whashington Loureiro Barbosa
Eric Arantes Ribeiro
Dja, que bacana! Uma iniciativa que, se não sensibilizar alguns, ao menos causará vergonha aos que tratam os livros sem o menor cuidado. Eu me envergonharia, se fosse o caso. Bjs
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