Todos
nós, ali da roda mais próxima, sabíamos que o casamento daqueles
dois, outrora pombos arrulhadores, não ia bem; as pequenas
grosserias cotidianas já se faziam notar a muito fora da alcova.
Talvez dentro dela ocorressem carinhos na mesma intensidade, como vai
se saber afinal dos mistérios dos laços matrimoniais que insistem
alguns em manter, mesmo todos sabendo que dos laços só sobraram nós
e emaranhados de difíceis alinhavares.
Nunca
se chegou a ouvir como em um outro caso famoso um: “_Cala-te
estupor!”, dito em alto brado retumbante, durante as festas e
reuniões, mas o fato é que tempos depois chegavam à boca pequena
os comentários sobre as pequenas agressões já não apenas verbais
que trocavam. Isto, para a estupefação de uns, lágrimas de poucos
e alegria de outros, pois tem gente que só é feliz quando sabe que
o outro está pior que ele. Mas isso é assunto para outro texto a
versar sobre as desgraças humanas. Voltemos ao casal que a essas
alturas o marido já deixava nela marcas arroxeadas.
Reza a lenda, e quem sou eu para desmentir a lenda, já que todas elas contém fundos de verdade?, que àquela noite, ele que ocupava um posto de liderança no partido político, depois de se acalmar à custa de safonões bem dados naquela que jurou diante de um altar amar na doença e na saúde, na riqueza e na pobreza, veio a ela já arrumado e decretou que ela ficasse lá esperando porque ele ia na reunião do partido para decidir sobre as comemorações do Dia da Mulher.
O
tempo passou e com ele veio finalmente a separação que todos
achávamos que já tinha passado da hora.
O
ápice do comentário geral foi ela tê-lo levado a um programa
popular que levava o nome da apresentadora e que foi famoso pelas
baixarias familiares que ali eram exibidas em praça pública, via
satélite, ao vivo e a cores. O mote do dia, se o espírito não me
mente e a verdade não me falha como diz minha mãe, era: Ele me
agrediu!
Mas
o tempo, ah, o tempo passa, o tempo voa, e a poupança bamerindus
faliu! E assim chegamos a mais um ano eleitoral no qual ele concorria
sorridente ao cargo de vereador. Ao lado da nova esposa fazia poses
sorridentes, discursos de bom mocismo e nunca antes fôra tão
cortês, gentil e educado. Ela? A primeira esposa? Bem... Fazia feroz
campanha a favor da legislatura do ex-marido.
Afinal
concordamos todos: ela queria uma pensão maior!
Foto: Djair - mulheres
Foto: Djair - mulheres
Muito bom e divertido, como sempre.
ResponderExcluirObrigado querida!
ExcluirDjair, seu texto chama a atenção para um assunto muito relevante.
ResponderExcluirMulher não gosta de apanhar, mas às vezes suporta isso se for por necessidade ou interesse financeiro, por medo ou por achar que deve manter o casamento em benefício dos filhos.
Se alguém souber de violência contra mulher, idoso ou criança, deve denunciar à Polícia, para o DISQUE DENÚNCIA em todo o Brasil.
Disque 180 para violência contra mulher.
Disque 100 para violência contra criança, adolescente, idoso e portador de deficiência.
Luiz Otávio de Lima Pereira
Muito bem lembrado Otávio!
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