O
que é um mestre senão um guia, um professor, um guru? O termo guru
significa "professor" em sânscrito. Muito embora
atualmente na maioria das línguas e dialetos falados na Índia atual
o termo signifique “pesado”. O termo pesado vem da ideia do
“peso” da tarefa que se assume ao aceitar-se um discípulo.
Afinal, uma vez aceito, o discípulo é como um filho a quem se deve
conduzir e ajudá-lo a moldar seu espírito e caráter de forma que
ele seja forte, porém flexível, que seja justo e bom.
Outra
interpretação etimológica do termo "guru" se baseia na
metafórica representação da escuridão e da luz, no qual o Guru é
visto como aquele que dissipa a escuridão. E como dissipa a
escuridão? Com a luz de sua sabedoria, afinal em todas as culturas
vemos a máxima da luz que espanta as trevas, e isso vem desde o mito
da caverna de Platão. É desnecessário dizer que no Hinduísmo, o
guru é uma pessoa respeitável, com qualidades de um iluminado, que
ilumina a mente do seu discípulo, é ele um guia de quem se recebe
um mantra em sinal de ter sido aceito como discípulo.
Existem
muitos guias, muitos professores, mas somente aquele que consegue
estar em sintonia permanente os com seus conduzidos são dignos de se
chamarem gurus. Afinal, quantos pretensos mestres, tais quais falsos
profetas em analogia com a crença cristã, recebem de bom grado seus
conduzidos e de repente, os abandona a própria sorte, seja por não
ter força para continuar a defendê-los, seja por não ter
conhecimento para iluminar suas trevas interiores, seja porque as
trevas interiores deles sejam maiores que as dos conduzidos. Outros
os abandonam por terem que cuidar das próprias carreiras, como disse
uma professora doutora a um amigo a quem em 9 meses não teria tido
tempo de ler sua monografia, ou como um psicólogo que, na catarse de
uma sessão, abandonou uma amiga que era paciente há tempos e a
quem disse que não lhe conseguia aguentar, deixando-a pior do que
quando a encontrou. E assim muitos pretensos mestres o fazem; é como
se pegassem uma criança pela mão e as conduzissem por caminhos
tortuosos, e quando a escuridão aperta, as deixassem sob os
ciprestes de agudos espinhos e dissesse: Vou buscar ajuda; e aí
abandonando-as na noite fria e densa saísse a buscar a própria
salvação, sabendo que não vai voltar, sabendo que pode conduzir-se
mal a si, e o amparo ao outro já se tornou tedioso e cansativo,
empanou-lhe brilhos e honrarias.
É
daí a concepção de “pesado”, pois sim; o fardo de conduzir
alguém não é fácil, por esse motivo não deve-se aceitar a
incumbência se não se tem certeza de sua força e determinação em
conduzir até o fim da trilha, se é que ela tem fim. O abandono do
conduzido só lhe gera em proporção inversa dor e ressentimento,
incertezas e dor. Alguns na verdade nunca superam, e começam
inclusive a trilhar rapidamente o caminho da desconfiança, sem
acreditar em nada ou ninguém, nem em si próprios.
Então,
antes de querer iluminar alguém é necessário que se veja se tem
querosene suficiente no seu próprio candeeiro. Afinal, nem sempre a
luz vem de onde se acredita, muitas vezes é um tênue facho que não
passa de um reflexo de espelhos...
Muito bom, fiquei a pensar naquele que me conduzia e simplesmente eu a conduzida vi que aquele que me conduzia não deu-me a luz que precisava. É a vida tem destas coisas. Parabéns adoro seu textos. Frávia.
ResponderExcluirmeu Deus, que texto é esse? Bem para começar de quem escreveu, a sua luz é tão sua que nos acalenta com suas palavras, horas para refletir e horas pra nos acalentar, assim sinto.pensando em Platão o mito da caverna,,,,,,,,se sairmos do escuro e ver a luz, ela pode ser forte e nos iluminar ou podemos voltar para escuridão. As vezes esta escuridão são os Gurus que descreveste sem capacidade de brilhar a própia luz sem querosene. tenha uma musica da Betãnia que fala da força que nunca seca.
ResponderExcluirE a força nunca seca
Pra vida que é tão pouca( Maria Betânia)
Obrigada mais uma vez. Carminha
Como sempre, parabéns Djair!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirmuitas vezes,alguns pretensos não passam de fogo fátuo...e outras vezes, cegos conduzindo outros cegos...
Alex.'.Araujo
Magnífico texto. Explêndida reflexão, como sempre!! Confesso que me coube analisar alguns abandonos recentes por alguns nos quais busquei socorro. Ora, eles não tinham nenhuma Luz, era apenas um brilhosinho falso de lustra móveis em suas caras de peroba. (rsrs) PARABÉNS!! Pela magnífica abordagem. Beijos *Yara Maria*
ResponderExcluirSim totalmente de acordo muitas vezes são mesmo reflexos de espelhos ahhh nossa van filosofia. Adorei seu prajalpa-filosófico. Le
ResponderExcluirPois é! Dizem que Deus não dá o fardo que não podemos carregar, mas aí vem a vaidade e faz um gatinho se sentir um leão, mas no meio da jornada ele se recorda que é só um gatinho, que no fundo parece um rato que quando o barco está afundando é o primeiro a fugir.
ResponderExcluirJá diz o ditado farinha pouca meu pirão primeiro é o egoísmo que se institucionaliza, o autruismo tão bem eloquente difundido numa oratória polida narrada com voz bem colocada fica relegada apenas a uns e outros, porque a luz as vezes fica fraca a escuridão se faz presente e se esquece o que se apregoa com tanta veemencia!
Djair Souza, nem preciso dizer a respeito da admiração que tenho por você e por seus escritos que constrói de modo viceral... obrigado! que todos os mestres, gurus, professores e lideres afins possam ler este texto que serve de alerta para a pratica da "Paedosgogus" (raiz da pedagogia que significa aquele que leva pelo caminho) e não deixe seus infantes, aprendizes, liderados, alunos a ver navios a beira do caminho...
Rafael Salles Montes
Vc já leu 2 Timóteo? Dizem ser a última carta de Paulo. Foi escrita para Timóteo. Nela, nota-se que Timóteo está em depressão (usando o termo atual) pois falsos ensinamentos estava se infiltrando nas igrejas, muitos irmãos passaram a acreditar mais no falso que no verdadeiro (por quê o que não presta é mais fácil de aprender que o que realmente é bom?) e estavam saindo do Caminho. Timóteo estava desacreditado... O mal vence? O que fazer? Ficou curioso? : )
ResponderExcluirMicael Shinjo
É o que mais se tem nesse mundo de meu Deus,pessoas que não conduzem a própria vida e querem conduzir a vida alheia,ser o bom samaritano,a luz no fim do túnel..E quando se menos espera,cadê?É um péssimo hábito humano,te oferecer cobertor sabendo que não vai cobrir seu corpo inteiro do frio.Vaidade!
ResponderExcluirBeijão,Djair!Ótimo texto!
Dani.
Estendo isso não só na relação mestre - discípulo, mas tem outra relação igualmente importante que é o de apadrinhar.
ResponderExcluirSer um Padrinho de alguém também é educar, é guiar. E quantos Padrinhos vejo por aí se comportando da mesma maneira do psicólogo ou da professora doutora do texto?
A tarefa de ajudar, guiar, educar e ensinar é nobre! É quase que divino, logo, deve ser respeito!
Ficou uma maravilha esse texto (de novo)! Um abraço!