Lá fora cai uma chuvinha fina, outrora
a chamávamos “garoa”. São Paulo já foi inclusive a “terra da garoa”, isso bem
antes de ter pavimentado todo o solo, ruas todas de asfalto e quintais com
ladrilho; afinal, confunde-se cimento com progresso, e as pessoas hoje, as que
ainda têm algum quintal, têm preguiça de plantar, e ainda mais, de varrer ou
apanhar uma folha que caia; melhor cortar tudo e depois reclamar de calor, de
alagamento, de pestes...
Cebola, sem importar-se com a chuva. |
Na infância, a garoa
durava semanas, e minha mãe colocava nossas roupas escolares, que eram poucas,
- dois uniformes pra ser exato, um no corpo e um a lavar ou secando - para
secar atrás da geladeira ou da tampa do fogão. Eu sempre gostei da chuva,
espírito de papagaio... Adorava ir para o beiral da varanda e vê-la cair, a
chuva de molha tolos, como se diz em Portugal. Ver a serra do mar ao longe, o
prédio da Light encoberto, o asfalto molhado a refletir a luz fosca de um sol
encoberto, em frente à casa que ficava num pavimento mais alto, pois tinha
porão...
Agora, enquanto
escrevo, aprecio as flores do jardim; o gato Cebola lá fora não importa em
molhar-se, brinca e entreter-se com qualquer inseto, com qualquer folha. Já
estive no vão da porta com um copo de café quentinho na mão a vê-lo nesse
jocoso “dolce far niente” que só os gatos dão-se ao direito.
Enquanto a chuva cai,
traz-me reminiscência de outros tempos, quase outra vida; o último banho de
chuva, em Ubatuba, com Alessandro e Luciano; a enxurrada ao voltar pra casa
certa vez, onde o táxi deixou-me a meio caminho por conta da água alta, naquela
São Paulo descuidada; do correr várias vezes da chuva até dar razão a Jair,
“entre chegar molhado e cansado e chegar só molhado” passei a preferir também o
segundo.
E assim acompanho o
cair da chuva com esse texto, a água cai melhor e com mais facilidade que as
palavras, mas as lembranças transformadas em letras que tornam-se frases,
orações e parágrafos em seu ciclo próprio casam-se bem com a chuva.
Jair está certo... melhor aproveitar a chuva...pra mim, chuva é benção, é vida e pelo jeito o Cebola também pensa assim rsrs... aproveita a chuva Dja...e toma uns pinguinhos de chuva por mim... São Paulo está na seca...como sempre, o seu texto me fez ficar imaginando a chuva caindo lá fora...deu saudades...bjs
ResponderExcluirRsrs já passou a chuva Sil. Tenho escrito com pelo menos uma semana de antecedência, e este na verdade tinha mais de 15 dias de escrito. Os últimos dois foram escritos no mesmo dia. O da próxima semana ontem... :)
ExcluirObrigado pelo comentário tão Gentile
💕😘😘😘 dá um beijo no Jair...😘😘😘
ExcluirAqui na Amadora já choveu algumas vezes hoje. As flores dos canteiros estão desabrochando, deixando um lindo tapete florido. Bjs
ResponderExcluirAh, a profusão de flores daí. Um inverno de verdade faz toda diferença pras plantas, o repouso, e depois aquela explosão. Que saudades daí caçulinha. Aproveite bastante. Feliz co. Seu comentário e as lembranças que ele evocou.
ExcluirComo sempre fazendo-me lembrar das nossas conversar ou melhor das suas histórias na caminhada pós almoço rsrsr, eita saudade. bj
ResponderExcluirAh, como eram bons nossos almoços seguidos da caminhada cheia de risos, música e histórias. Eu sempre falando mais que o homem da cobra.
ExcluirObrigado por comentar e me levar de volta a nossas caminhadas.