Atualmente,
pelo menos dois amigos esperam por transplantes.
Foi
neles que acordei pensando nessa madrugada. Rins, fígado...
Pedaços
de outros corpos que podem proporcionar uma qualidade de vida melhor,
que podem salvar-lhes as suas.
Todos
os dias, esses mesmos pedaços, são enterrados e queimados aos
montes, por aí... Acompanham corpos que apodreceram sem servir a
ninguém, os que serão queimados sequer servirão de comida aos
vermes.
Esses
amigos sofrem, física e nem sei dimensionar (e quem poderia?) o
quanto, mentalmente, por não recebê-los, por sabê-los deteriorando
naturalmente, por sabê-los virarem cinzas, por saber que em
processos de embalsamamento, muitos vão simplesmente para latas de
lixo, e sequer serão utilizados para pesquisas médicas que
salvariam vidas. Vidas como aquelas que se acabaram de ir, deixando
inanimados os corpos dos quais faziam parte; vidas dos que agora se
julgam donos desses corpos já sem vida, que podendo doá-los e
salvarem a outros (e a si), optam por perdê-los, optam pela
podridão, condenando assim ao sofrimento e à morte os que poderiam
sobreviver com os nacos de carne perdidos.
A
culpa é da dor que sentem? A dor que sentem é maior do que a dos
que esperam? O dilema da escolha é psicologicamente mais brutal do
que a quem sabe que para viver precisa de um pedaço do outro, e que
para recebê -lo a forma mais comum é que “esse outro”, esse
“doador”, precise morrer?
E
se você, ao morrer, preferirá que esse seu pedaço apodreça junto com
o resto, que seja queimado, tornando-se apenas cheiro de carne
queimada e pó, ou que salve a vida de alguém?
Foto: internet - Uso de acesso livre. Disponível em:
Em geral as pessoas acham muito bonito quando alguém doa, quando aparecem reportagens mostrando o altruísmo daqueles que fizeram chegar a quem necessita o órgão tão esperado, mas infelizmente, elas mesmas não o fazem.
ResponderExcluirVerdade Jair. Esperar que o outro doe, é muito mais comodo, e assim segue a carruagem, sem perceber que ela é uma abóbora, deixamos sempre a cargo do outro o que incomoda. :)
ExcluirPois é... me senti mal quando soube que não poderia mais ter meus órgãos ou sangue doados. Acredito que a dor que os familiares do falecido sentem, poderia ser "diminuída" com a escolha da doação... E como você citou, tudo apodrece ou vira pó... Boa sorte aos que necessitam e coragem aos que podem ajudar! Um beijo
ResponderExcluirUma pena mesmo Carol, também imagino o reconforto que a doação pode dar àquele que sofreu a perda familiar, infelizmente também a perda de orgãos se dá por falta de abordagens eficazes a esses. Uma pena.
ExcluirOlá Djair, como vai amigo?
ResponderExcluirSeu texto é um forte chamado! Toca forte dentro da gente.
Realmente é verdade que tantos órgãos são condenados ao apodrecimento ou cremação todos os dias, quando poderiam estar salvando VIDAS!
São pequenos pedacinhos que poderiam mudar o destino de tantos, trazer alento, trazer sobretudo VIDA NOVA!
Mas a ignorância da população ainda é tanta, falta muito para uma conscientização geral!
Mas você está dando um passo importante!
Foi tão bom estar aqui de novo, como nos velhos tempos...
Tenha uma ótima semana amigo!
Beijos!
Pois é Adriana, um dia havemos de estar menos apegados apenas aos nossos afazeres, gostos e paixões, obrigado pela visita ao blog. beijão
Excluireu sou doadora de órgãos. e, se pudesse, doaria em vida o q é possível: um rim, um pedacinho do fígado.
ResponderExcluirserá?
foi a pergunta q me veio à cabeça assim que acabei de digitar "se pudesse, doaria em vida...".
será?
talvez o senão tenha surgido pq o exercício de me doar emocionalmente, tantas vezes, já me seja custoso. talvez pq eu já me decepcione o suficiente qdo há esse tipo de doação.
sim, sempre que há doação há uma certa hesitação gerada pela incerteza de que isso será suficiente, de que isso será bem-vindo pelo receptor, de que ele fará bom uso do que vc doa: tempo, atenção, carinho...
mas continuo me doando. pq embora me doa algumas vezes, muitas vezes é uma bênção.
e espero ter ainda a bênção de ser doadora de um pedacinho físico de mim.
Grande reflexão incompreendida; "Será o suficiente, será bem recebido?" são tantas as questões, só nos resta mesmo fazer nossa parte e torcer para termos feito o melhor. O mais é querer execer um certo controle, o que não nos é possível. Nem devemos, né? Sob o risco de por a perder a real intenção: Ajudar, ser útil, fazer o bem.
ExcluirÉ um texto lúcido, que trata de uma realidade atual, cuja prioridade é manter a vida. Gostei, mas propositalmente, acredito que tenha sido, você abordou de forma seca e até um pouco agressiva, o tema. Como um "puxão de orelha" a todos os possíveis doadores. Parabéns!
ResponderExcluirCarolina Tamm
É Carol, não considerei agressivo, mas cru, sem sofismas, como de fato acontece, o tom assim foi realmente intencional, com a vontade de dar realmente uma chacoalhada, principalmente em pensar nos amigos a que me referi, necessitados desses pedaços de carne que lhes pode proporcionar a continuação de suas vidas.
ExcluirJá autorizei a doação de tudo que servir pra transplante. O que não prestar podem doar até para a ciência!
ResponderExcluirIsabel Bueno Santos Menezes
Parabéns Isabel, e se me permite a brincadeira, diante de um assunto tão sério, tens uns bons pedaços de carne aí. rs
ResponderExcluirTornei-me doadora de órgãos há algum tempo,confesso que isso me traz uma tranquilidade de alma em só pensar que um pedaço de mim poderá transparecer a vida em outro ser.Nenhum homem é por si só.
ResponderExcluirBeijão,Dja!
Dani
Parabéns Dani, órgãos, sangue, vida... Que possamos doar o que pudermos, e que pensamentos preconceituosos não deixem que impeçam os que precisam, de receber!
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