Ritos servem para preservar tradições, unindo grupos, preservar e fortificar relações, propagar conceitos, e mesmo preconceitos. Mostrar tradições de antepassados, para que alguns se exibam, para que outros invejem aqueles detentores do status ali representado e queiram ocupar o lugar de destaque que é mostrado, e assim lhes rendam homenagens, rapapés, de forma a afagarem-se egos e perpetuarem sua cultura.
Muitos ritos estão em ruínas, em plena decadência, falta-lhes modernidade no ritmo e poder agregador, mas como modernizar algo que busca justamente preservar tradições?
Os bailes de debutantes, por exemplo, eram uma cerimônia onde a moça era apresentada à sociedade, pela primeira vez usava maquiagem, salto alto, entrava-se uma menina e saía uma moça. Hoje, muitas meninas pulam a etapa moça, tornam-se mulheres, tanto física e mentalmente como sexualmente. Oras, muitas hoje perdem a virgindade antes de sequer menstruarem, namoros são permitidos por pais permissivos cada vez mais cedo, e os rapazes dormem em suas casas...
Um dos grandes ritos católicos, a missa do galo, ritual celebrado por séculos à meia noite, hoje sob argumento da segurança é realizado insipidamente às 20:00hs, se muito, a mais das vezes para que os fiéis (e sacerdotes) possam estar em suas festas à hora da virada para o dia do natal, para que possam comer e rir, sem lembrar o que se celebra ali. Mas já que falamos destes, vamos aos valores outros representados no espetáculo dominical. O rito por belo que seja deveria realmente mostrar um congraçamento, e calhou de vir aqui a analogia com o rito apostólico romano, mas é apenas uma analogia que identifica mil outros ritos, religiosos ou não, basta um trocar uma nomenclatura de cargos ou expressão identificadora do ato teatral. Quem tiver olhos que veja, e quem tiver ouvidos que ouça, já diz o livro da lei da cristandade.
Bem, existe um momento no rito onde todos se “saúdam como irmãos” desejando as mais nobres e belas benesses; o cumprimento é dado com sorrisos e afagos: “A paz de Cristo” e... logo depois, na melhor hora da missa segundo um conhecido: “Vamos em paz e que o Senhor nos acompanhe!” Ainda na praça, ou mesmo no corredor do templo, já não se olha nos olhos daquele que se abraçou com fluídos salutares. Não se cumprimenta, ele já não faz parte do seu mundo. Mesmo autoridades leigas, Ministros de eucaristia, Sanyasis, Diáconos, Grãos-mestres, a mais das vezes buscam o quê? Uma projeção social dentro daquele ambiente, onde em gestos compungidos e serenos entregam “o corpo de Cristo” a seus irmãos, dão passes, passam em belas filas com ornamentos, paramentos, taças de vinho a serem distribuídas, pembas e pós, incensos e flores, e mil apetrechos dependendo de cada rito, crença ou que os valha... E depois dali? Postam-se ao mais das vezes no trono de orgulho, do Eu Sou, do estou acima de você. Não seria mais prudente e lógico quanto mais elevado espiritualmente, quanto mais próximo de Deus, que fosse mais humilde, que buscasse maior contato com seus irmãos ao invés de impostar-se como mestre e conhecedor de seus ritos e dogmas? Mas infelizmente, assim como títulos de doutorado não conferem bons modos a quem se dedica apenas à educação formal, gestos e palavras decoradas não os dão a quem não foi educado dantes.
Foto: Djair - Ilustração de painel da Biblioteca da Universidade de Coimbra - Coimbra - Portugal.
Tema polêmico, mas pertinente!
ResponderExcluirE, como disse, isso não se limita a uma ou outra religião. Estende-se também aos mais diversos grupos sociais, ONGs que "ajudam o próximo" mas estão um lutando contra o outro na administração do mesmo grupo por pura vaidade.
SUCESSO SEMPRE..........VC CONSEGUE MILAGRES QUERIDO AMIGO......COMO SEMPRE FICOU PERFEITO =] PARABENS
ResponderExcluirALAN COSTA
Vaidades, meu amigo, vaidades... Isso faz parte das coisas que devemos combater!!!
ResponderExcluirGostei muito do texto! Parabéns novamente!
É pura verdade, atualmente com as tendências modernas, os costumes tradicionais tendem a ser suprimidos da história, o brilho, a substância, a historicidade, o valor que se transmitem são desprezados, ficando cada vez mais raro perceber a mensagem que está explicita na forma ritual... o Religare do latim que diz da re-união a re-ligação dos homens entre si e com o Sagrado através deste!
ResponderExcluirO que fica disso é o Status, a posição de superioridade, o olhar para o outro enquanto igual perde um pouco a igualdade e em vezes a fraternidade, e assim ficamos com a sociedade desigual e competitiva, fazendo imperar as vaidades e a humildade cada vez mais ignorada. Quem dera se os homens dessem ouvidos a simplicidade e sabedoria dos matutos e caipiras... talvez as tradições se mantivessem e a glória de tempos passados se perpetuariam!
Mais uma vez traduz com brilhantismo impar as verdades que precisam ser ditas enquanto muitos buscam se omitir e se calar! Suas palavras são doces e como pérolas preciosas... Parabéns!
-Muito bom! Gostei, especialmente, das conclusões: 1) "Não seria mais prudente e lógico que quanto mais elevado espiritualmente, quanto mais próximo de Deus, que fosse mais humilde, que buscasse maior contato com seus irmãos ao invés de impostar-se como mestre e conhecedor de seus ritos e dogmas???" e 2) "Gestos e palavras decoradas não dão bons modos a quem não foi educado dantes!!!".
ResponderExcluir-Parabéns, Djair.
Abraço do Luiz Otávio de Lima Pereira
Por tudo isso que foi citado, hoje, minha religião é o meu pensamento e o meu templo é o meu coração! Bjks
ResponderExcluirGina Guimarães
Bem interessante né, como sempre cutucando.....Não faz muito tempo que na igreja que meu filho participa, depois de uma maratona da semana do Padroeiro, o Humano que se diz padre com toda humildade disse: Foi a pior festa do padroeiro que participei. Bem humilde a Figura, Na frente bela viola.......atráss pão bolorento. Cada dia questiono. Belo texto
ResponderExcluirCarminha
Em virtude do que foi exposto e por concordar plenamente só tenho uma coisa a dizer: REINA SILENCIO NAS BANDAS DE CÁ!
ResponderExcluirSergio Prado
Parabéns pelo texto !!!
ResponderExcluirO termo Rito tem vários sentidos. Rito é totalmente diferente que rituais. Muitas pessoas acham que essas duas palavras vêm do mesmo significado mas rito e rituais têm significados diferentes. No sentido mais geral, um rito é uma sucessão de palavras, gestos e atos que, repetida, compõe uma cerimônia (religiosa ou civil, na maior parte das vezes). Apesar de seguir um padrão, o rito não é mecanizado, pois pode atualizar um mito e, assim, segue ensinamentos ancestrais e sagrados.
É um conjunto de atividades organizadas, no qual as pessoas se expressam por meio de gestos, símbolos, linguagem e comportamento, transmitindo um sentido coerente ao ritual. O caráter comunicativo do rito é de extrema importância, pois não é qualquer atividades padronizada que constitui um rito. Rito é aquilo que você faz todo dia, como escovar os dentes. Isso é um rito. Você não para e se pergunta porque está escovando os dentes, mas você sabe que aquilo é uma coisa que você sempre faz. A palavra "rito" pode também designar tipo de velocidade no ritual de processo jurídico.
No último dia da criação, disse Deus: “ Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1:26). Então, Ele terminou Seu trabalho com um “toque pessoal”. Deus formou o homem do pó e deu a ele vida, compartilhando de Seu próprio fôlego (Gênesis 2:7). Desta forma, o homem é único dentre toda a criação de Deus, tendo tanto uma parte material (corpo) como uma imaterial (alma/espírito).
Em algum lugar perdemos a semelhança com Deus, perdemos a simplicidade, perdemos a humildade, perdemos a capacidade de ser sincero ..... e em todos os Ritos tentamos encontrar isso, existem muitos segredos a serem desvendados, e tem muita gente que acha que o que sabe os tornam mais o melhores do que os outros, com certeza essas pessoas estão cada vez mais distantes do caminho da verdade, um dia acho que conseguiremos entender um pouco de tudo isso, mais uma vez parabéns pelo temo, parabéns pela consciência !!!
Pobres mortais que somos,não aprendemos nada com a vida,nadinha.O ser humano desliza sobre o pedestal do orgulho patético e decadente.O pseudo poder cega a todos.Infelizmente,é um caminho sem volta.Não aprendemos nada,fazemos questão de sermos péssimos aprendizes da vida.Beijão,Djair!Dani.
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