Mas, vamos lá, já dizia Alini na mensagem: “Sabe quando as pessoas não querem ir com alguém mas não acha um jeito de falar ou fugir e fica tentando enrolar ou empurrar a pessoa pra ir com outras pessoas e no fim acaba chamando a pessoa por obrigação ou pra evitar maiores constrangimentos”. Bem...
Ah... A hora do almoço... Deveria ser sagrada... Deveria ser um momento agradável de comunhão, de refazimento, mas... Ao mais das vezes não é... Muitas vezes é momento até de irritação, tanto faz seja na copa da empresa ou em restaurante próximo. Às vezes, à hora de sair, você quer ficar só, comer sua refeição em paz, pensar na morte da bezerra ou em criação de galinhas, fugir para longe desse insensato mundo, ainda que apenas em pensamento, e levanta e pensa... Ah. Acho que vou no vegetariano, ou... Ah, hoje vou comer só um lanche... E... Eis que “de repente, não mais que de repente, do riso faz-se o pranto”, como diria Vinicíus, lá vem... A pessoa mais inoportuna, aquela que sempre vai te contar a última sobre o fulano, sobre o cicrano, sobre o que o chefe disse sobre alguém, sobre o que alguém fez, ou falar de trabalho o tempo todo, e sorrindo (incrível como são sorridentes) vai te perguntar: “Vai almoçar? Vai onde?” E você meio indeciso, vai responder: “Vou...” Pronto, lascou! Como diz minha mãe: "danou-se nêga do doce!” Ela vai junto, e se prepare, ela vai falar de trabalho o tempo todo. É por isso que já tenho respostas prontos do tipo; vou ao banco, se der depois eu como alguma coisa. Vale correio, vale fazer troca em shopping, desde que este não seja muito perto, senão... Lá tem praça de alimentação e ai... a estratégia já era...
Também já fui direto muitas vezes: Só vou se você não falar em trabalho, nem em ninguém do trabalho. Promessa feita é promessa quebrada. E de repente lá vem o assunto. Uma vez falei: “Eu não precisava saber disto, eu estava tão bem!” Constrangimento à mesa... Mas se alguém vem me contar coisas desagradáveis a mesa, porque não posso constrangê-la? O ponto máximo que cheguei foi: “Ok, se você falar de trabalho, você paga meu almoço, se falar duas vezes paga o almoço e a sobremesa, se falar de novo paga o café depois lá no café tal...” Nesse dia nada de ouvir sobre o trabalho! Yesss!!!!
E se o almoço é na copa? Tem gente capaz de vir te chamar para uma questão de trabalho... Ou vem tirar dúvida, ou fica conversando sobre como deveria ser tal ou qual procedimento, às vezes em graves e agudos bem acima dos decibéis normais. Uma vez reclamei do assunto e teve gente que lá estava, e nem era horário de almoço deste, que apenas discutia ocupando um lugar vago. E se levantou pisando forte...
E se você chega e tem justamente quem você não quer encontrar? Dr. Smith e Hardy a hiena me emprestem seus bordões: “Oh céus, oh, dia, oh dor...” Há algumas saídas, comer o mais depressa possível, deixar a marmita no microondas e sair para lavar as mãos e esquecer de voltar... Sempre te interrompem no caminho, não é mesmo? Tomar um café e sair, colocando a marmita na geladeira (nesse caso, só para quem não a colocou antes). Conheço gente que esquenta e diz: "Dá licença vou comer na minha sala." O problema é que é a mesma pessoa que sempre quer fazer festinhas e comemorações... tem algo errado aí, ou só eu que acho?
Tem gente que estranhamente quando vai almoçar com chefias, vai no restaurante mais caro, depois vai tomar um café expresso, torta, etc... E quando vai com você nunca tem dinheiro... estranho, muito estranho...
Tem aqueles que você dá de cara quando entra num restaurante e chama pra sentar com eles, ai, não adianta, não é isca, é tarrafa! Ou como eu você diz que hoje não será uma boa companhia, ou como eu muitas vezes também o faço, senta, come sem alegria e oferece o sacrifício em desagravo aos pecados cometidos pela humanidade. “Mea culpa, mea culpa, minha tão grande culpa, minha máxima culpa.”
Ah, mas nem tudo é o vale de lágrimas, tem gente legal com quem é bom almoçar, e que em geral compartilha o sentimento de não querer almoçar com as figuras carimbadas. Geralmente são aqueles com quem se faz happy hours, com quem se dá risada, e que você adiciona em suas redes sociais.
Bem, o texto poderia ir bem adiante, e talvez o assunto seja retomado, ou como acontece a mais das vezes, lembre coisas que deveria ter mencionado e na hora não me veio... Mas... Já é hora do almoço, lá vou eu... Que Deus tenha piedade! E pra você: Bom apetite!
Foto: Arundo Nunes Terceiro - Almoço em casa
Foto: Arundo Nunes Terceiro - Almoço em casa